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De Wall Street

Gigantes do Petróleo têm forte queda de lucro e reveem investimentos para 2015

Empresas de óleo e gás dos EUA e Europa cortam orçamento e adiam projetos por conta da redução do preço do petróleo; Royal Dutch Shell vai reduzir em US$ 15 bilhões os gastos até 2017

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Por ALTAMIRO JUNIOR
Atualização:

NOVA YORK - A forte queda dos preços do petróleo afetou os resultados das maiores empresas do setor no mundo, incluindo as norte-americanas Exxon Mobil e Chevron e as europeias BP e Shell. Prejuízos ou lucros em forte baixa, corte de investimentos e piora das receitas foram os destaques nos balanços do quarto trimestre de várias companhias do segmento. Para 2015, a expectativa dos analistas e dos próprios executivos das petroleiras é de que as cotações da commodity continuem baixas, o que deve manter as finanças das empresas pressionadas neste e nos próximos trimestres.

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Analistas consultados pela FactSet, empresa especializada em calcular consensos, já estão revendo para baixo as previsões de ganhos neste primeiro trimestre para as companhias dos EUA. Na reta final de 2014, o setor de energia (que inclui as empresas dos diversos segmento de óleo e gás) deve ficar com o pior desempenho entre as de capital aberto, com previsão de queda de 23% no lucro. A receita do setor também deve ter a maior retração, de 14,5% em média.

A britânica BP foi a primeira das gigantes do setor a reportar perdas por conta dos preços baixos do petróleo. A empresa divulgou um prejuízo líquido de US$ 4,4 bilhões no quarto trimestre de 2014, depois de ter apresentado um lucro de US$ 1,04 bilhão no mesmo período de 2013. Entre outras grandes petroleiras, a Exxon Mobil, a maior dos Estados Unidos, anunciou redução de 21% nos lucros e nas receitas e a Chevron, segunda maior do país, teve retração de 30% nos ganhos. Na Shell, o lucro líquido caiu 57%.

Com o petróleo mais barato e a expectativa de que os preços continuem baixos ao menos até meados do ano, as principais petroleiras fizeram ajustes em seus projetos de investimento, adiando obras ou reduzindo o orçamento. A Chevron cortou em 13% os investimentos previstos para 2015 na comparação com 2014. A BP espera gastar US$ 20 bilhões este ano, abaixo da estimativa que havia divulgado anteriormente, de US$ 24 bilhões a US$ 26 bilhões. A Royal Dutch Shell vai reduzir em US$ 15 bilhões seus gastos até 2017.

A Exxon Mobil não anunciou sua meta de investimento para 2015, mas sinalizou que pode ter cortes. "Ainda não temos números específicos, mas coisas devem vir nessa área", disse o vice-presidente de relações com investidores da empresa, Jeffrey Woodbury, em teleconferência com analistas comentando o cenário atual, de reduções do aluguel e uso de plataformas e outras despesas e serviços do setor de óleo e gás.

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"Entramos agora em uma nova e desafiadora fase de baixos preços do petróleo no curto e médio prazo", disse o presidente da BP, Robert Dudley, em comunicado apresentando os números da empresa. "Nosso foco agora deve ser em redefinir a BP." Os economistas do banco Morgan Stanley projetam o preço do barril ao redor de US$ 52 este ano.

Além da BP, outra petroleira a apresentar prejuízo foi a ConocoPhillips, terceira maior do setor nos EUA, que teve perda de US$ 39 milhões no quarto trimestre. No mesmo período de 2013, havia apresentado lucro de US$ 2,5 bilhões. A empresa foi uma das primeiras a anunciar, ainda no final do ano passado, uma redução dos investimento para 2015, quando cortou em 22% seus gastos previstos para este ano, o que equivale a uma redução de US$ 2 bilhões.

"Estamos respondendo de forma decisiva a um cenário de preços fracos em 2015. Neste ambiente, a prioridade é proteger os dividendos e a produção base", afirmou o presidente executivo da ConocoPhillips, Ryan Lance, ao apresentar o balanço da empresa na semana passada.

Previsão - Apesar da queda dos lucros, as petroleiras, incluindo a BP, Chevron e Exxon, conseguiram apresentar alguns números superiores aos estimados pelos analistas. Em parte, de acordo com o FactSet, isso se deve ao fato de as projeções terem sido revisadas para baixo recentemente. Ou seja, estavam mais fáceis de serem batidas. Outro fator destacado pelos analistas é que as petroleiras conseguiram ganhar em outros negócios, incluindo as refinarias, vendas de ativos e, no caso da Exxon, operações na área química.

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