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De Wall Street

Investidor estrangeiro retira US$ 15 bi de países emergentes em maio

Estudo do IIF mostra que saída de recursos destes mercados foi generalizada e provocada pela alta dos rendimentos dos bônus dos países desenvolvidos

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Por ALTAMIRO JUNIOR
Atualização:

NOVA YORK - A alta dos retornos ("yields") dos títulos do Tesouro nos países desenvolvidos, principalmente na Europa, provocou uma reversão dos fluxos de recursos para os países emergentes este mês, de acordo com o Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), formado pelos maiores bancos do mundo. A maioria dos emergentes teve fuga de capital, principalmente de dinheiro aplicado em títulos de dívida, mas também em ações, segundo um relatório do IIF.

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"O movimento foi generalizado", afirma o documento, destacando que emergentes de várias regiões do planeta perderam recursos, embora a Ásia tenha sido afetada com mais força. A fuga foi uma consequência da forte venda de títulos do Tesouro, sobretudo de países da Europa, que fez aumentar o rendimento dos papéis, movimento que o relatório do IIF chama de "bond tantrum", em alusão ao "taper tantrum" de 2013, quando a primeira sinalização do Federal Reserve de que mudaria a política monetária dos Estados Unidos provocou estresse e volatilidade no mercado financeiro mundial.

Depois de os emergentes receberem US$ 35 bilhões em abril, de acordo com dados ainda preliminares do IIF, houve saída de um montante entre US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões destes mercados desde 1 de maio até ontem, ressalta a instituição. A Índia foi um dos países mais afetados por este movimento de retirada de recursos, mas o IIF ressalta que o movimento foi visto em vários emergentes. Só os países que o IIF acompanha diariamente - Brasil, Indonésia, Coreia do Sul, Hungria, Índia, África do Sul e Tailândia - perderam US$ 3,2 bilhões neste mês. O último mês que os emergentes tiveram fuga de recursos foi em dezembro de 2014, quando perderam US$ 20 bilhões.

O movimento de alta dos yields dos bônus foi principalmente concentrado na Europa, com os títulos se recuperando dos baixos níveis anteriores, mas também foi visto, em menor intensidade nos EUA. O IIF ressalta que uma das explicações para este movimento foi uma mudança para cima nas expectativas de inflação, refletindo em parte uma alta dos preços do petróleo.

Além disso, o IIF cita que as perspectivas mais positivas sobre a recuperação da economia da zona do euro ajudaram a aumentar a percepção de que o Banco Central Europeu (BCE) pode reduzir os estímulos monetários mais cedo do que os investidores estão precificando. Ao mesmo tempo, indicadores apontam que os emergentes devem voltar a apresentar crescimento decepcionantes no segundo trimestre de 2015. Um monitor desenvolvido pelo IIF sinaliza que estes países podem ter o pior desempenho trimestral no período dos últimos seis anos. O movimento de venda de bônus nos países desenvolvidos perdeu força desde o final da semana passada.

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O economista do IIF, Robin Koepke, que assina o estudo, ressalta que embora a política monetária do BCE seja um fator importante para explicar os fluxos de capital para os mercados emergentes, a perspectiva para a normalização da política do Fed continua sendo a força dominante. Por isso, as mudanças de expectativa em relação à elevação de juros nos EUA, que não sobem desde 2006, podem afetar a alocação internacional de recursos dos investidores.

Em abril, Koepke ressalta que o fluxo maior de capital para os emergentes foi decorrente do aumento pelo apetite por risco dos investidores em meio à percepção de uma probabilidade menor de os juros serem elevados nos Estados Unidos no curto prazo, após uma série de indicadores da economia piores que o previsto. Com isso, as bolsas dos emergentes receberam US$ 21 bilhões no mês passado, o maior nível desde outubro de 2010. Na renda fixa, os fluxos somaram US$ 14 bilhões.

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