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De Wall Street

Países emergentes decepcionam e entre os grandes só Índia deve crescer mais que o previsto

Crescimento do Brasil, México, África do Sul, Rússia e outros mercados em 2014 fica abaixo das projeções dos economistas. Na Índia, reformas do novo governo ajudaram a melhorar a confiança dos empresários

Por ALTAMIRO JUNIOR
Atualização:

NOVA YORK - A aposta de que o México seria o destaque de crescimento este ano da América Latina se frustrou. A projeção de que o Brasil engataria uma recuperação mais forte não se confirmou. A Rússia está à beira de um colapso e de uma recessão, a economia da China desacelera e a África do Sul deve crescer pouco mais de 1% este ano.

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Em meio à decepção com o desempenho da economia dos principais mercados emergentes este ano, a Índia aparece como um dos únicos que conseguiram apresentar números maiores para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano que o inicialmente esperado, avaliam economistas em Wall Street que participaram de um evento da Trading Association for Emerging Markets (EMTA, na sigla usada em inglês).

Os economistas do Citibank apostam em expansão de 5,6% para a Índia este ano. Já o Brasil deve ficar praticamente estagnado, crescendo apenas 0,1%. A Rússia deve avançar 0,5% e o México, 2,4%, aquém do nível de 3% esperado inicialmente.

No caso do Brasil, o gestor da NWI Management, Hari Hariharan, avalia que a economia fragilizada é reflexo da administração ruim do primeiro mandato de Dilma Rousseff, que agora precisa passar por mudanças a partir de janeiro. "O Brasil não cresce, ao mesmo tempo em que tem pleno emprego e inflação persistente e elevada."

A Índia foi um dos poucos países importantes da economia mundial a ter as projeções melhoradas recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A aposta dos economistas da instituição é de que o PIB do país cresça 5,6% este ano, acima dos 5,4% previstos no relatório anterior. Para outros mercados, como Brasil e África do Sul, as projeções foram reduzidas.

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"O ano de 2014 foi um ano de transformação para a Índia", afirma o economista do Citi responsável pelo país asiático, Rohini Malkani em um relatório. A mudança mais significativa foi no ambiente político, com o novo primeiro-ministro, Narendra Mori, que tomou posse com um discurso pró-mercado e caiu nas graças dos investidores. O dirigente anunciou novas reformas, como no mercado de combustíveis e no sistema financeiro. Com isso, os níveis de confiança dos empresários aumentaram e o investimento cresceu.

A Índia é citada pelo FMI e pelos economistas no evento da EMTA como um país que conseguiu, de forma bem sucedida, reduzir suas vulnerabilidades, adotando políticas macroeconômicas mais rígidas, tanto para reduzir a inflação como para melhorar as contas externas. O economista do Citi espera que a consolidação das contas fiscais continue em 2015. Para o ano que vem, o banco projeta expansão de 6,5%, chegando a 7% no ano seguinte.

Há dois anos, a Índia estava no topo da lista para perder o grau de investimento, destaca a economista do JPMorgan, Joyce Chang. Agora, o país saiu da lista e os nomes mais prováveis são outros emergentes, incluindo Rússia, Brasil, Turquia e África do Sul. "A Índia é um exemplo de como as coisas podem mudar rapidamente", disse no evento da EMTA.

No caso do México, o economista do Deutsche Bank, Alexis Milo, destaca que 2014 é o segundo ano consecutivo que o PIB do país decepciona, mesmo com os Estados Unidos acelerando sua recuperação. Um dos fatores que vêm contribuindo para o crescimento mais fraco que o esperado é o desempenho das exportações. As reformas recentes conduzidas pelo governo mexicano mantêm a perspectiva positiva para o país no médio e longo prazos, destaca Milo. No curto prazo, porém, os números mostram uma desaceleração e tensões sociais vêm crescendo no país, por causa do conflito entre o governo e o crime organizado. O banco reduziu a projeção para o PIB do país este ano para 2,1%.

Para 2015, a projeção dos economistas feita no evento da EMTA é de que os emergentes, com exceção do Brasil, devem continuar liderando o crescimento mundial, mas os riscos de piora da atividade persistem, por conta da queda continuada dos preços do petróleo e outras commodities, desaceleração da China, Europa enfraquecida e dificuldade dos governos de aprovar reformas cruciais em mercados importantes, como o Brasil.

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