Vale ressaltar que o assunto não é tão novo assim. Desde a segunda guerra mundial as questões de gênero, racial, deficiência, LGBT e mais recentemente a geracional ganharam destaque, primeiramente no hemisfério norte, e logo começaram a ser discutidas com mais frequência entre as diversas camadas da sociedade. Nos anos 80 estudos científicos americanos identificaram uma correlação entre o desempenhos econômico das empresas e sua respectiva diversidade. Bingo! Motivos mais que suficiente para as empresas globais estabelecerem suas políticas e diretrizes baseadas na diversidade.
Com a globalização na década de 90, o assunto começa a ser discutido nas empresas brasileiras e novas políticas, ainda que enlatadas, começam a ser implantadas. Com o advento da internet e das redes sociais, os grupos mais ativos ampliam suas articulações, iniciam conversas mais estruturadas sobre seus direitos e também pressionam as empresas seja como funcionário, seja como consumidor.
Na última década o assunto explode. Um olhar novo, uma escuta atenta, o respeito e a valorização do diferente trazem visões mais ampliadas e inovadoras para as organizações e todos se fortalecem. Mais estudos científicos associam diversidade a inovação. Bingo!
Ainda existe muita discriminação, preconceito e indiferença. Entretanto cresce a consciência e o respeito. Quanto mais ouvimos e falamos sobre o assunto, mais argumentações e visões plurais vamos amadurecendo. As marcas se tornaram aliadas do movimento. Novos tempos. Avon, Skol, Ben&Jerry, Burger King, Dove, Always, Google, AirBnb entre outras não se acanham ao apoiar causas minoritárias, como é o caso do movimento LGBT que "fere" muitos princípios morais de uma sociedade engessada e religiosos.
Apresentar a diversidade sobre diferentes expressões e perspectivas é um importante papel da comunicação e da indústria criativa. Contudo, ainda há muita comunicação pífia por aí. Recentemente vi em São Paulo um caminhão da cervejaria Crystal estampando a frase HORROROSA: Cristal a primeira seladinha do Brasil. Será que ninguém viu nada de errado nisso?E não venham os publicitários querendo dizer que a patrulha do politicamente correto está deixando o mundo chato. Isto é não ter o mínimo de empatia com o gênero feminino.
E para não ser oportunista e não ter sua marca associada uma cause washing, vale seguir algumas regrinhas básicas antes de surfar a onda: o protagonista é quem lidera a causa. A marca é apenas coadjuvante. Faça uma conversa com pessoas diversas. Ouça bastante. Crie com pessoas diversas. Antes de falar para fora, garanta que existam iniciativas internas estruturadas na sua organização. E por último: ouça e fale mais sobre o tema. É por meio do diálogo que vamos construir uma sociedade que respeita e valoriza o diferente.