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As mil e uma possibilidades de transmissão de conteúdo através da internet geraram expectativas enormes sobre o ensino superior a distância e os Massive Open Online Courses (Moocs, cursos online gratuitos e massivos).

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Atualização:

Quem tem curiosidade e disposição para navegar por essas águas encontra desde cursos do Dalai Lama a incursões pelo mercado financeiro.

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Nos últimos dois anos, o brasileiro Veduca, considerado o maior portal de ensino superior online da América Latina, recebeu aportes de R$ 2,6 milhões de fundos de investimentos estrangeiros. No ar desde março de 2012, o portal reúne mais de 5 mil aulas cedidas por professores de instituições renomadas, como as universidades de Harvard, Stanford, Yale, Universidade de São Paulo (USP), Unicamp e UnB. O acesso gratuito já atraiu mais de 2,4 milhões visitantes.

Em maio de 2012, a USP lançou o Portal e-Aulas com 900 videoaulas. Tanto no Veduca, como no portal da USP, qualquer interessado encontra aulas isoladas ou disciplinas inteiras, embora sem direito a certificado (veja o Entenda).

 Foto: Estadão

Nos Estados Unidos, o deslumbre com o ensino massivo online está em dissipação. No dia 2 de fevereiro, o reitor da Universidade de Stanford, John Henessy, declarou ao Financial Times que os Moocs são abrangentes demais para manter seus estudantes motivados. Até Sebastian Thrun, fundador da americana Udacity, primeira plataforma a oferecer cursos gratuitos de grandes universidades, disse em novembro de 2013 que os Moocs eram um "produto falso", por causa do baixo número de concluintes.

Gil da Costa Marques, superintendente de Tecnologia da Informação da USP e responsável pelo e-Aulas, reforça esse tipo de crítica: "O sucesso dos Moocs é relativo, são disciplinas soltas, com alto índice de evasão. O conteúdo não é oferecido por universidades; é apenas reunido por empresas de tecnologia". Outro problema apontado por Marques consiste em evitar a cola eletrônica. É a dificuldade de garantir que o aluno não seja ajudado por outra pessoa nas avaliações.

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Apesar das vulnerabilidades, os cursos online tendem a gerar mudanças na relação entre professores e alunos. Quando o conteúdo pode ser visto previamente pela internet, as aulas presenciais tendem a ser mais bem aproveitadas para discussões, argumenta Carlos Souza, sócio-fundador do Veduca. "O estudante ganha condições de conduzir mais eficazmente seu desenvolvimento e de avaliar melhor as aulas, os professores e as instituições que frequenta", afirma. Com enorme adesão, Souza considera natural que o índice de desistências seja alto: "Educação não é mágica".

Para Carlos Longo, diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), ainda que os Moocs sejam mais procurados, é nas instituições tradicionais que os alunos obtêm certificados com credibilidade. "A escolha entre um curso presencial caro e o acesso ao conteúdo gratuito pela internet cria concorrência, cujo resultado poderá ser maior qualidade e preços mais baixos".

Se esse raciocínio estiver correto, o processo exigirá que as instituições tradicionais de ensino se reinventem. A conferir. / COLABOROU DANIELLE VILLELA

ENTENDA:

Cadastro. Os cursos massivos online (Moocs)não precisam necessariamente solicitar cadastro prévio dos estudantes, ao contrário do ensino a distância (EAD), para os quais as instituições promovem processo seletivo nos mesmos moldes do vestibular e matrícula.

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Acompanhamento. Alguns Moocs oferecem ferramentas de interatividade entre alunos e professores, como chats e fóruns de discussão, além de sistemas de acompanhamento do aprendizado, como questionários. Nos cursos EAD, embora as aulas sejam online, as provas e avaliações, em geral, são presenciais.

Como uma luva. Para Carlos Longo, diretor da Abed, o ensino online, seja no modelo dos Moocs ou do EAD, é o mais apropriado para 25 milhões de brasileiros que já estão inseridos no mercado de trabalho, mas ainda não têm ensino superior e enfrentam problemas de mobilidade para frequentar um curso presencial.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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