Como se diz no dialeto do mercado, esse indicador "veio" um pouco abaixo das expectativas, mas ainda assim pode ser visto como um bom sinal. Obviamente, melhor uma alta modesta do que uma queda, como ocorreu em metade dos últimos 12 meses. Embora o IBC-BR não seja exatamente uma antecipação do PIB, como se acreditava inicialmente, dá boas pistas do andar da economia nos períodos analisados. Os números específicos sobre o comportamento do varejo e dos setores de serviços, também referentes a abril, já apontavam nessa direção.
No dia anterior, contudo, notícias sobre a arrecadação de maio haviam jogado água fria nas previsões otimistas. Sob impacto da queda das receitas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, dois tributos que incidem sobre os ganhos das empresas, a arrecadação mostrou uma redução 3% sobre o mesmo mês do ano passado, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, com base nos dados do Siafi. Sinal não só de que a atividade econômica ainda tropeça como de que continuam ameaçadas as metas fiscais para o ano. E tudo isso antes de eventuais efeitos das turbulências que sacodem o País em razão da delação dos irmãos Batista.
Os dois indicadores são excludentes? Não. Também não são contraditórios. Mostram apenas que a economia ensaia uma retomada, mas que essa retomada continua frágil e pode ser interrompida caso, por exemplo, o piloto perca o controle do voo no meio da turbulência. Por enquanto, as apostas em torno do crescimento do PIB do ano estão em torno de 0,5% -- na última pesquisa Focus, o mercado já considerava 0,41%.