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Além da economia

A âncora do emprego

 

Por Cida Damasco
Atualização:

Especialistas das mais variadas linhas de pensamento reconhecem que, enquanto a solução para o descalabro nas contas públicas não for pelo menos encaminhada, não há futuro para a economia brasileira. Para a população em geral, contudo, o desemprego é o sinal de alerta - um alívio nas dispensas, alguma melhora nas contratações e, por tabela, na remuneração da mão-de-obra dará a senha de que a economia brasileira estará de fato no rumo da retomada do crescimento.

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Nesse sentido, as estatísticas divulgadas nesta semana funcionam como um balde de água fria para quem está ansioso pelo aparecimento desses sinais. Segundo o IBGE, no trimestre encerrado em novembro o País atingia um recorde que não merece nenhuma comemoração: 12,132 milhões de pessoas em busca de uma vaga, com um impressionante aumento de 3 milhões na comparação com um ano antes. No mesmo período, foram fechados 1,9 milhão de postos de trabalho. Quando se analisa a evolução dos empregos com carteira assinada, o quadro é o mesmo: uma redução de 850 mil vagas de janeiro a novembro e de 1,4 milhão em 12 meses.

Claro que a recuperação dos empregos virá bem mais à frente, depois que a reanimação da demanda já tiver garantido a ocupação da ociosidade das fábricas e da própria mão-de-obra. Só a confiança na continuidade dessa tendência vai estimular a redução dos níveis de desemprego. E a própria procura de novas ocupações, pelos desempregados - movimento que, no levantamento do IBGE, acaba inflando os números do desemprego. É exatamente por isso que alguns economistas já estimam que, antes de melhorar, o quadro do emprego ainda irá piorar, com um aumento de cerca de 1 milhão de empregados no primeiro semestre de 2017. São os trabalhadores que abandonam a fase do chamado "desalento" e saem de casa para tentar se recolocar no mercado.

Há, portanto, uma longa estrada a ser percorrida antes que a recuperação se consolide e principalmente antes que ela chegue à vida real das pessoas. Aí estará fechado o chamado ciclo virtuoso: menos desemprego, salários melhores, menos dívidas, consumo mais encorpado.

 

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