Se não configura uma aceleração dos negócios e uma vigorosa recuperação dos empregos, como todos gostariam que ocorresse, um crescimento de 1% pelo menos mostra que a retomada está em curso. O que não é pouca coisa, tendo em vista o longo período de recessão atravessado pela economia brasileira, com números negativos espalhados por quase todos os setores -- e principalmente os solavancos que atingiram e continuam atingindo a política brasileira, despertando um forte temor em relação ao impacto na área econômica.
Para 2018, também há uma convergência de previsões. A equipe econômica fala em 3%, o mercado aposta em 2,8%, segundo a pesquisa Focus, e o Relatório Fiscal da Instituição Fiscal Independente, órgão ligado ao Senado, acaba de cravar 2,7% no seu relatório de fevereiro. Em resumo, o que se apresenta para 2018, por enquanto, é um PIB na faixa de 2,5% a 3%. Não se descarta, inclusive, a hipótese de que o crescimento vá além dos 3%, caso a conjuntura favoreça.
Um exame mais detalhado desses números, contudo, mostra que o mais sensato é evitar avaliações extremadas. Antes de mais nada, o desempenho acumulado de 2017 e 2018 -- a se confirmarem as projeções atuais para este ano -- não consegue repor a economia no patamar pré-recessão. Além disso, tudo indica que o circuito da retomada só há pouco chegou ao investimento, e ainda timidamente -- e a recuperação do investimento é crucial para levar o crescimento a uma trajetória sustentável. O consumo foi, é e ainda será, por algum tempo, o motor dessa retomada. Uma reativação mais firme dos investimentos depende não só da redução da capacidade ociosa das empresas como também da eliminação das nuvens no cenário político. E é exatamente aí que as coisas se complicam.
Por enquanto, há muitas perguntas sem respostas em relação ao cenário político. Ironicamente, a campanha eleitoral está a pleno vapor, mas ainda não se sabe quem serão de fato os candidatos. Como, então, fazer projeções claras sobre política econômica e programas de governo? Claro que, nas empresas, a vida continua -- e há negócios altamente atraentes para investidores, independentemente da sucessão presidencial. Mas, em outros casos, dúvidas sobre regulação e mesmo sobre prioridades de governo podem levar investidores a rever seus planos. O que, em última instância, significa puxar o freio de mão na retomada.