O sistema financeiro tem normas próprias e de difícil compreensão pelo cidadão comum. Afinal, os estudantes brasileiros não se destacam pela proficiência em matemática. Mas não há como enxergar um horizonte de crescimento econômico e de consequente redução do desemprego se o crédito continuar caro, ou pior, caríssimo.
A desaceleração da inflação já permitiu às autoridades monetárias diminuir a taxa Selic, que seria a base dos juros . Não impactou positivamente, porém, o chamado spread bancário, ou seja, a diferença entre o valor de captação e de empréstimo do dinheiro.
Por que os bancos continuam sangrando os correntistas nas operações financeiras?
Segundo o Banco Central, a inadimplência da pessoa física, uma das alegações dos banqueiros para aumentar o spread, caiu de 4,2% em dezembro de 2015, para 3,9% no final do ano passado. Ou seja, 0,3 ponto porcentual. No período, contudo, a taxa de juros média subiu de 39,2% para 41,5%.
Tem mais: o custo de captação caiu, em um ano, de 11,4% para 9,6%.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) tem manifestado apoio às medidas propostas pelo Banco Central na chamada "Agenda BC+", que teria como um dos alvos o barateamento do crédito.
Para isso, há que reduzir as taxas de juros, porém, em setembro de 2016, quatro bancos - Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal e Bradesco - detinham 72,4% dos ativos totais das instituições financeiras comerciais, de acordo com o próprio BC.
Como o desemprego continua absurdamente alto e a economia não reage, é urgente que o BC e as demais autoridades econômicas atuem com muito mais rigor na questão dos juros bancários.