Com capacidade para 20 mil carros anualmente, a unidade iniciará operações daqui um ano com metade desse volume. O objetivo da empresa é operar em capacidade plena a partir de 2017, quando é esperada uma recuperação mais consistente do mercado automotivo brasileiro.
"Estamos no Brasil há mais de 60 anos (com a fábrica de caminhões e ônibus) e sabemos que o Brasil tem altos e baixos", diz o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer. "Já convivemos com inflação de 40% ao mês e ainda estamos aqui e continuamos investindo, numa demonstração de confiança no País".
Segundo Schiemer, a "experiência no Brasil nos faz enxergar a potencialidade que existe no mercado brasileiro". O membro da direção mundial da empresa, representante da matriz alemã no evento, Markus Schäfer, foi na mesma direção. "Apesar das dificuldades dos últimos dois anos, o futuro do mercado de carros no Brasil é promissor".
Mercado
Schäfer acredita num crescimento de 35% no mercado de veículos ao longo da próxima década. Já o segmento de modelos premium, onde a Mercedes atua, deverá dobrar de tamanho nesse período, para mais de 100 mil unidades ao ano. Em 2014, esse segmento vendeu cerca de 35 mil veículos, contabilizando-se apenas os números da Mercedes, Audi e BMW, as três marcas alemãs de maior participação nesse segmento.
A nova fábrica entrará em operação e fevereiro de 2016 com a produção do sedã Classe C e, em junho, entrará em linha de produção o utilitário-esportivo GLA. São os dois modelos de maior venda da marca no mundo, informa o diretor de vendas da Mercedes brasileira, Dimitris Psillakis. A versão importada do novo Classe C, lançada em setembro, tem fila de espera de três a seis meses.
"Hoje temos produtos 100% adequados ao mercado brasileira", diz Schiemer, ao reconhecer que, em 1999, quando abriu a fábrica de Juiz de Fora (MG) - que encerrou a produção do Classe A seis anos depois -, o grupo errou. A fábrica tinha capacidade para 70 mil veículos, mas ficou longe de atingir a metade disso. "Hoje nosso projeto é totalmente factível".
Empregos
Inicialmente serão contratados 600 trabalhadores, número que chegará a mil quando a produção atingir a capacidade plena. Os preços dos modelos nacionais não serão diferentes daqueles cobrados atualmente pelos importados.
O Classe C custa a partir de R$ 138,9 mil e o GLA, R$ 132,9 mil. Schiemer afirma que, além da necessidade de amortizar o investimento na fábrica, esses preços já levam em conta o desconto de 30 pontos extras de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)que são cobrados de veículos importados.
O grupo está investindo R$ 500 milhões na nova fábrica, que fará inicialmente as etapas de pintura, solda e montagem. As peças de estamparia serão importadas da Alemanha, assim como os componentes para o motor.
Toda a produção da fábrica de Iracemápolis será destinada ao mercado interno. "No momento não é viável exportar do Brasil", afirma Schiemer. "É mais barato, por exemplo, exportar da Alemanha para o Chile do que via Brasil, pois a Alemanha não embute impostos nas suas exportações".
No Brasil, ressalta ele, além dos problemas com câmbio e infraestrutura - especialmente nos portos -, cada veículo vendido ao exterior carrega 8% de impostos. "Nenhum país do mundo que quer ter uma política exportadora tem esse imposto."