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Bastidores do mundo dos negócios

Gigante asiática Shopee adota ofensiva agressiva para tentar ganhar corpo no Brasil

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Por Talita Nascimento
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Tema das fake news ganha importância nas corporações    Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Fundada em 2015 em Cingapura como parte da Sea Limited, a Shopee, plataforma líder de e-commerce no Sudeste Asiático e Taiwan, não tem poupado esforços para acelerar o ritmo de crescimento no Brasil. A operação local foi iniciada em 2019 com políticas de frete grátis e descontos agressivos, além de poucas exigências para quem quer ser seu lojista virtual. A lógica é ganhar escala. Quanto mais consumidores são atraídos pelos descontos, mais lojistas querem estar ali. Quanto mais opções de produtos, mais tráfego a plataforma atrai.

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A estratégia já virou um ponto de atenção para analistas e investidores locais. Na visão do Goldman Sachs, a chegada da rede deve ajudar a fazer o bolo do comércio eletrônico local a crescer. "Embora reconheçamos que os investimentos da Sea em subsídios para frete grátis e funcionalidades inovadoras podem intensificar ainda mais a competição no mercado de comércio eletrônico ferozmente disputado do Brasil, também acreditamos que ele está acelerando o ritmo de migração do consumo para o online, fazendo o todo crescer", diz o banco em relatório. No geral, os analistas acreditam que as investidas da Shopee, assim como as do AliExpress, deixam a competição mais animada, sem inviabilizar o jogo.

Uma nova ofensiva da Shopee está em curso. A empresa vai disponibilizar R$ 3,5 milhões em descontos, além de outras ofertas em produtos nacionais e internacionais de mais de 20 categorias entre os dias 1 e 8 de agosto. A maior parte das ofertas virá no Dia dos Pais. A partir das 0h do dia 8, serão R$ 2,5 milhões em vouchers de desconto, cupons de frete grátis sem mínimo de compra e outras ofertas. A estratégia está em linha com a mensagem passada em propagandas que chegaram a exibir em horário nobre na TV aberta.

A Shopee permite o registro de vendedores tanto com CNPJ quanto com CPF. Sem taxas para a publicação de produtos na plataforma, a empresa ganha uma porcentagem sobre o que é vendido. Trata-se de um caminho mais fácil para pequenos lojistas informais venderem seus produtos digitalmente, numa direção praticamente inversa à do Mercado Livre. O grande marketplace começou com vendedores mais informais e, hoje, busca lojistas maiores para atrair público, bem como incentiva a formalização dos comerciantes menores que ainda vendem pela plataforma. Mesmo com esse enfoque, a empresa argentina ainda é criticada por ter um nível de informalidade maior que as concorrentes brasileiras. O Shopee, por sua vez, ainda não tem direções claras sobre como evitar esse problema.

Crossborder

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Apesar dos esforços da gigante asiática para ganhar lojistas locais, o principal negócio dela e da AliExpress (da chinesa Alibaba) ainda é o 'crossborder', quando o consumidor compra produtos importados pela internet. Nenhuma das duas publica dados de faturamento no Brasil. Mas segundo informações de maio da consultoria Conversion, ambas competem de igual para igual quando o assunto é a importação de produtos. O AliExpress tinha 32,6% do mercado, enquanto a Shopee somava 30,6%.

O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, diz que o consumidor brasileiro pode ficar inseguro e perdido em aplicativos de e-commerce como esses. A maneira de expor os produtos de forma quase poluída de promoções tem bastante apelo para o público asiático, mas ainda pode não ser a melhor experiência de compra na cultura de consumo do brasileiro. Apesar disso, o frete grátis - que é apontado por especialistas como uma das coisas mais importantes para os clientes digitais brasileiros - faz sucesso.

Terra chama a atenção, ainda, para um fenômeno próximo do que seriam "sacoleiros digitais". A percepção é de que um número grande de consumidores do comércio "crossborder" seja de comerciantes que compram nessas plataformas por preços mais baixos e prazos de entrega maiores e revendam em outras plataformas.

Ele explica que muitas vezes vendedores rastreiam produtos com altos níveis de busca e potencial de vendas, trabalham o marketing desses itens de forma local, e realizam as encomendas nos sites estrangeiros conforme surgem os pedidos locais. Nesse caso, a vantagem para o consumidor final é, simplesmente, comprar de alguém em quem ele confie mais. Esse tipo de fenômeno, explica Terra, é possível pois as empresas de importação têm diminuído seu tempo de entrega para o Brasil. Além disso, há quem faça as compras nas asiáticas para ter estoque de pronta entrega e vender pelos marketplaces mais tradicionais. Nessa modalidade, o preço fica mais alto.

O responsável pela operação brasileira do AliExpress, Yan Di, disse anteriormente ao Broadcast que o consumidor brasileiro médio da plataforma é adulto, tem 35 anos e chega a consumir até R$ 1.900 por mês no e-commerce. Pelo volume de compras dos clientes, calcula-se que boa parte deles compre para revender os produtos em outros marketplaces.

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Dia dos Pais aquecido

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Uma pesquisa realizada pela Shopee, na primeira semana de julho, com mais de 3.800 brasileiros de todas as regiões do País revelou que os brasileiros pretendem gastar em média R$ 245 com o presente dos pais, um valor de intenção de consumo superior ao apontado no estudo feito para o Dia dos Namorados que foi de R$ 240 e para o Dia das Mães de R$210.

De acordo com o levantamento, a maior parte do grupo entrevistado (60%) faz compras online há mais de um ano, é mulher (67%) e com faixa etária entre 31 e 45 anos. Os resultados revelaram ainda que o ticket médio de gasto para quem compra na internet há mais de um ano será ainda maior, R$ 263; já para os compradores de seis meses será de R$226 e para quem está há menos de seis meses comprando no universo digital, o valor médio será de R$204.

 

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 30/07/2021, às 19h59.

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