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Os rumos do mercado

Como Marina Silva convenceu o mercado financeiro

Em reuniões fechadas realizadas por bancos, candidata e equipe transmitem visão de que eventual governo seguirá preceitos ortodoxos na economia

Por danielamilanese
Atualização:

Profissionais do mercado financeiro se mostram cada vez mais convencidos de que Marina Silva fará um governo conservador na economia. Essa visão está sendo captada não apenas nos pronunciamentos da candidata do PSB e sua equipe, como também em reuniões fechadas realizadas por bancos.

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Conforme apurou este blog, todo o discurso transmitido nesses encontros reforça a percepção de que um eventual governo do PSB seguirá preceitos ortodoxos e adotará uma postura de menor intervenção na economia, pontos considerados relevantes na visão dos investidores - não necessariamente dos eleitores.

Recentemente, a própria candidata esteve em uma reunião no banco Brasil Plural e causou boa impressão, segundo fontes. "As pessoas saíram 'compradas' do encontro", afirmou uma fonte, referindo-se à disposição de adquirir ativos financeiros conforme o desempenho de Marina nas pesquisas.

Para se transformar na nova "queridinha" do mercado financeiro, desbancando o tucano Aécio Neves, Marina contou não apenas com o fato de ter chance efetiva de vitória, como mostram os levantamentos mais recentes. Ela encarnou um discurso que segue à risca aquilo que o mercado quer ouvir.

No encontro realizado pelo Bank of America Merrill Lynch nesta semana, em um hotel próximo ao shopping Vila Olímpia, em São Paulo, membros da campanha pessebista referendaram a defesa do tripé macroeconômico e apontaram a necessidade de regras claras e estáveis para a retomada da confiança. "Questões foram desmistificadas e o próprio (candidato a vice) Beto Albuquerque se mostrou também comprometido com as ideias que o mercado e os empresários querem escutar", disse um profissional presente.

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Conforme relatos, Albuquerque defendeu o cumprimento de contratos ao criticar as mudanças feitas pelo governo de Dilma Rousseff no setor elétrico, com o objetivo de reduzir as tarifas de energia - que, na prática, não representaram alterações de contratos existentes. Além da autonomia do Banco Central e do fim da contabilidade criativa, propôs o encaminhamento das reformas tributária e política. Também negou que a candidata seja contra o pré-sal e disse que existe compromisso com a legislação já aprovada para essa área, mas que o uso de combustíveis fósseis não pode ser o único caminho.

As perguntas relacionadas à economia foram respondidas por André Lara Resende, apresentado pela primeira vez num evento desse porte, solidificando entre os presentes a impressão de que possa ter papel em um futuro governo.

Após a apresentação da equipe de Marina, o primeiro questionamento vindo dos participantes foi sobre o compromisso de seguir as metas de inflação, mas ao mesmo tempo praticar um juro baixo, como tem sido dito na campanha. Resende afirmou que as duas coisas não são incompatíveis e podem ser obtidas por meio de uma política fiscal mais rígida.

Outra dúvida dos investidores é a questão da governabilidade, tendo em vista o tamanho restrito do PSB. Ouviu-se que é possível ter um debate programático, desde que o Congresso seja respeitado com diálogo permanente.

Também foi levantado questionamento sobre a ocorrência de atrasos em licenças ambientais para obras durante a gestão de Marina no ministério do Meio Ambiente durante o governo Lula. A resposta, conforme fontes, foi que aquilo se tratava de um "mito", pois na verdade existia preocupação com a qualidade dos licenciamentos para evitar problemas futuros.

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Desde que Marina assumiu a candidatura à presidência pelo PSB, após a morte trágica de Eduardo Campos, a predileção dos investidores ficou explícita no comportamento dos ativos, especialmente das ações da Petrobras e dos juros futuros, que oscilam conforme as expectativas das pesquisas de intenção de votos.

A vitória de Marina também está sendo vista com maior probabilidade por algumas casas. Até mesmo Luis Stuhlberger, conhecido gestor do Fundo Verde, do Credit Suisse Hedging-Griffo, passou a enxergar possibilidade de 70% de vitória da candidata do PSB. Até então, ele apostava em Dilma. Lá fora, investidores estrangeiros também embarcaram na "onda Marina".

A menos de um mês do primeiro turno, o cenário eleitoral está indefinido. Isso deve fazer com que todos os outros temas permaneçam praticamente de lado e a política siga comandando o rumo dos mercados.

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