É sagrado na casa da Dona Maria e do Seu José: quarta-feira é dia de feijoada. E, para manter a tradição nesta quarta, 22, nosso casal de velhinhos terá de pagar bem mais do que pagava há 30 dias.
Dados mais recentes sobre a inflação divulgados pelo IBGE mostram o forte encarecimento da comida no Brasil. E o preço de quase todos os principais ingredientes da feijoada, entre 15 de setembro e 15 de outubro, dançaram nesse ritmo. A exceção fica para a couve, a carne de porco salgada e defumada e a linguiça - a variação de preço desses produtos ficou abaixo da inflação geral média ao mês, de 0,48%, mas só a verdura sofreu deflação.
Quem, feito Dona Maria e Seu José, preferir cozinhar a própria feijuca pode eliminar alguns "ingredientes-acessórios", líderes na inflação da feijoada. Entre os dias 15 de setembro e de outubro, a laranja ficou 9,21% mais cara. E a carne de porco crua (a bisteca e o lombo, por exemplo) subiu 4,27% (o seu bolso e o porquinho acima agradecem por ele ser salvo da degola).
Para fugir da alta de preços, não vai mal evitar a caipirinha: o limão ficou 1,86% mais caro; outras bebidas alcoólicas, como a cachaça e a vodca, na média, avançaram 1,55%. O preço da cerveja subiu 1,02%.
Mas, na feijoada que é bom, ninguém foge da inflação: o feijão preto ficou 0,92% mais caro de um mês ao outro; a carne seca, 0,91%; e o arroz, 0,68%.
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E quem vende feijoada já rebola para escapar do prejuízo. O Restaurante do Bolinha, uma das mais tradicionais casas de feijoada de São Paulo, por exemplo, reduziu seu lucro pela metade nos últimos 12 meses. "Foi a tática encontrada para não pesar no bolso do consumidor", diz Paulo Dionízio Paulillo, dono do local.
No período, seus gastos com carnes aumentaram 30% - o preço médio por quilo está na casa dos R$ 13. No caso do feijão preto, ele diz que a elevação foi de 100% - o restaurante gasta hoje R$ 4,40 por quilo.
Atualmente, nos dias de semana, a feijoada do Bolinha custa R$ 98 por estômago - salgada, para a maioria dos bolsos. Sábado e domingo, R$ 116. Em novembro, haverá reajuste da ordem de 10%. "Isso não cobre todos os aumentos de preços, mas, se subirmos mais que isso, afastamos nossos clientes", diz Paulillo.
A alta média dos preços da alimentação fora de casa neste ano no Brasil, até a metade de outubro, está em 7,47%. O índice está bem acima da inflação geral média acumulada, de 4,61%. E evoluiu ainda mais que os gastos para comer dentro de casa, que cresceram 4,56% no mesmo intervalo.
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