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O sobe e desce da inflação e outros 500

Por que tudo custa tão caro no Brasil?

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Por Gustavo Santos Ferreira
Atualização:

Dona Maria e Seu José bateram boca dia desses por causa de dinheiro. Na tevê, a presidente garantia: a inflação está sob controle. No sofá, a senhora resmungava ao marido: uma ova, essa aí não vai no mercado!

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Seu José deu razão à presidente. Ruim era antes, minha querida. A gente ficava sabendo da promoção e, quando chegava lá, tudo custava mais caro. Lembra? 20 anos trás? Pegávamos mais dinheiro no banco e, quando a gente voltava pra comprar nossas coisinhas, tudo já tinha subido ainda mais.

A esposa concordou - mas nem tanto. Eu sei, Zé, tá certo, a vida melhorou. Mas por que tudo custa tão caro?

Silêncio na sala de estar. Eles esperaram acabar a novela e foram dormir, sem respostas.

Estivesse com eles, o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva, diria que, "mesmo com inflação relativamente baixa, segundo comparações com experiências passadas, as pessoas podem ter uma percepção de que os preços estão muito caros".

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À essa percepção, diz o professor, damos o nome de carestia. E os dois fatores, inflação e carestia, caminham juntos. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa, como de costume, é outra.

A primeira, a inflação, é uma medida mais objetiva, está nos índices divulgados na imprensa para mensurar o ritmo médio de alta ou baixa do preços de um produto ou mais produtos durante algum tempo passado. Assim é possível tentar prever o que está por vir. A segunda coisa, a tal da carestia, é a sensação positiva ou negativa do consumidor, no presente, em relação aos preços. É quando tiramos uma nota de R$ 5 do bolso, por exemplo, mas já precisamos de duas delas para comprar seja lá o que for.

Valeu, obrigado. Mas e aí? Por que tudo custa tão caro no Brasil mesmo?

Bom, as explicação são variadas. Há quem diga que a culpa é do endividamento, que tem corroído parte dos salários e o poder de compra do brasileiro. Ou que é o governo que gasta demais. Ou que a culpa é do olho grande do empresário, que joga os preços lá para o alto. Tem ainda o custo Brasil, a carga tributária, a mão de obra onerosa, o descompasso da oferta com a demanda, etc, etc, etc e tal. Mas, resposta vai, resposta vem, seguimos nos perguntando:

Por que tudo custa caro no Brasil? (Só até aqui, contando a Dona Maria, já nos perguntamos três vezes a mesma coisa.)

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A pretensão do De olho nos preços não é a de matar essa charada. Mas é ficar, como o nome diz, de olho nos preços. É contar histórias e trazer alguns dados, perguntas e respostas para que consigamos pensar um pouco na razão de cada coisa ter o seu preço. E, claro, se possível, ajudar o leitor no que interessa: economizar.

Doeu no bolso? Conte aqui a sua história: gustavo.ferreira@estadao.com

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