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Práticas empresariais sustentáveis

Construções verdes usam tecnologia para minimizar impacto ambiental e garantir eficiência e ganhos econômicos

A onda verde do momento já embala diversos setores do mercado, entre eles a engenharia. A construção de edifícios sustentáveis é uma tendência da área que tem crescido nos últimos anos. Ela alia tecnologia e eficiência para garantir ganhos econômicos e ao mesmo tempo minimizar impactos ambientais.

Por Amcham Brasil
Atualização:

Atualmente, o Brasil é o quarto país no ranking das nações que mais erguem edifícios de acordo com padrões ambientais. A informação é da Green Building Council Brasil (GBC), uma das entidades que certificam a sustentabilidade desses empreendimento com o selo LEED. Para obter a certificação, o edifício é analisado a partir de oito quesitos: localização e transporte, espaço sustentável, eficiência no uso de água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, inovação e processos e créditos de prioridade regional.

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Entre algumas das características comuns a esse tipo de construção está a redução de desperdício de água, a maior eficiência energética, os espaços para separação e reciclagem de lixo e as áreas com melhor circulação de ar e iluminação natural. O modelo de construção também utiliza materiais que minimizam externalidades para o meio ambiente, uma vez que a construção civil é considerada uma grande produtora de resíduos. Neste sentido, a sustentabilidade está atrelada a todos os processos, desde o projeto do edifício, até a construção e o seu uso pelos ocupantes.

Até o momento, a GBC já registrou mais de 1230 pedidos de certificação no país, dos quais 430 já conquistaram o selo. O número total diz respeito, em grande parte, a projetos que ainda estão em andamento. Ou seja, em processo de construção, pois o selo só é concedido depois que a obra for concluída.

Além disso, a instituição também certifica os empreendimentos já existentes, mas com um selo diferenciado nestes casos. Atuar no incentivo a adaptação dos prédios já existentes, inclusive, foi uma meta firmada pela instituição certificadora na COP 21, em 2015. De acordo com Felipe Faria, diretor da GBC, a adaptação traz ganhos econômicos e ambientais positivos para a organização. "Neste ano, nós tivemos alguns prédios icônicos certificados, como, por exemplo, sede do BNDES no Rio de Janeiro. Um projeto muito interessante do ponto de vista de uso racional de água, com uma economia de 53%", comenta.

A respeito de ganhos, Felipe aponta que a maximização da eficiência dos prédios sustentáveis trazem muitos benefícios, tanto de longo quanto de curto prazo. "Já temos a comprovação, via estudos, de que há aumento de velocidade de ocupação, valorização de metragem quadrada, redução de custos operacionais da edificação". Além disso, ele também destaca que os 430 prédios LEED apresentam uma redução média de 20% nos custos com energia e 40% no consumo de água. "A gente está mostrando que isso é a melhor opção de mercado imobiliário independente do seu setor e segmento de atuação", afirma.

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AMCHAM

Um exemplo positivo de transformação de um prédio em edificação sustentável é a sede da Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo. Durante dois anos a entidade colocou em prática um plano de adaptação para aumentar a eficiência dos seus processos diários. Além disso, assumiu uma política de sustentabilidade que permeia toda a instituição. Em 2014 obteve a certificação LEED e, desde então, os ganhos têm sido significativos, tanto para a organização, quanto para seus funcionários.

Na área de eficiência energética, foram instalados sensores de desligamento automático das luzes e medidores de consumo em tempo real. Além disso, todo o sistema de ventilação foi renovado, com o ajuste das grelhas do ar-condicionado e controle eletrônico da temperatura.

Na parte de redução do uso de água, foram instaladas torneiras e descargas inteligentes, que evitam desperdícios. Um reservatório para captação da água da chuva foi construído e o recurso arrecadado é utilizado para processos cotidianos, como limpeza das dependências do edifício e irrigação dos jardins. Houve também a eliminação dos fertilizantes químicos, o que reduzir os riscos de contaminação do solo e do lençol freático. No processo de limpeza, os tradicionais saneantes foram substituídos por sistemas de limpeza mais eficientes e não poluentes.

Outra ação interessante foi o bancos de coleta e reciclagem de lâmpadas, pilhas, baterias e lixo eletrônico, materiais altamente contaminantes e de difícil reciclabilidade.

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Os resultados obtidos com as adaptações foram positivos em diversos sentidos, tanto na preservação do meio ambiente, nos ganhos econômicos na redução de consumos desnecessários e na promoção do bem-estar do quadro de funcionários. A entidade contabiliza uma economia de 30% no consumo de energia e 35% no uso de água. Isso significa, em média, uma redução de 1,6 milhões de litros do recurso anualmente. Além disso, também foi registrada a eliminação do uso de 10.500 embalagens de limpador multiuso por ano. Impactos positivos também foram sentidos pelos funcionários e o público que transita diariamente pelo prédio, que agora conta com um ambiente mais confortável e ambientalmente responsável.

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SERASA EXPERIAN

A Serasa Experian é outro exemplo de pioneirismo nesse segmento. Sua sede em São Paulo, erguida em 2002, é considerada o primeiro prédio sustentável do país. Ela foi totalmente planejada baseada em ecoeficiência. Toda a água consumida é tratada e reutilizada, o edifício é todo envidraçado para aproveitar a luz natural e reduzir a necessidade de usar luz artificial e há uma grande área verde, com a fauna que representa as espécies naturais da região sudeste.

Há todo um trabalho com reciclagem de resíduos: parcerias com cooperativas de reciclagem geram renda aos catadores e também garantem a destinação correta desse material. A preocupação com o meio-ambiente influencia até a compra de aparelhos de ar-condicionado que tenham selo de economia de energia. A gerente de Sustentabilidade Corporativa da Serasa Experian, Andréa Regina, explica que a organização trabalha com cinco "R"s: recusar, reutilizar, refletir, reciclar e reaproveitar. "Começa na reeducação dos colaboradores e vai até os processos na compra com fornecedores. A gente se preocupa com toda a cadeia. Esse é o impacto da sustentabilidade: a articulação com stakeholders e com vários públicos de interesse que impactam nesse sistema", conta.

Mesmo as pequenas ações representam um ganho ambiental grande. A retirada das lixeiras que ficavam embaixo das mesas dos colaboradores, junto a um trabalho de conscientização, reduziu significativamente o descarte de papel e plástico, de acordo com Regina. Atualmente, há um projeto para trabalhar também com resíduos orgânicos. A sede tem uma grande horta orgânica no teto, com hortaliças e temperos. Esses alimentos serão aproveitados pelo restaurante da empresa e os resíduos orgânicos do restaurante vão virar adubo para a horta, fechando um ciclo de reaproveitamento. "Nós não somos uma grande indústria, não geramos grandes impactos ambientais. Mas temos uma preocupação de como a gente opera nossos processos, como entregamos nossos serviços, da forma para a operação ser a mais ecoeficiente possível", explica Regina. Todas essas ações trouxeram uma economia para a empresa nas contas de eletricidade (30%), água e reduziram de forma significativa o descarte de materiais. A Serasa já concorreu ao Prêmio Eco com outros projetos de sustentabilidade.

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A organização inaugurou, em março, um centro de excelência em São Carlos, interior de São Paulo. De novo, a preocupação com a sustentabilidade norteou todo o processo: desde a contratação da empresa que iria construir o edifício até a compra de insumos. "Os materiais foram comprados dentro de um raio, a no máximo uma determinada distância, para evitar a geração de gás carbônico com o transporte e também para fomentar a economia da região", exemplifica Regina. A construção de cisternas ajudarão ainda mais na economia de água, ao possibilitar a captação de chuva.

No entanto, a sustentabilidade vai além da economia de recursos naturais. Ter uma construção acessível e inclusiva para pessoas com deficiência envolve estrutura adequada e, principalmente, o suporte necessário para cada colaborador. "Tem que ter processos para conseguir captar esses profissionais qualificados no mercado, e, uma vez dentro da organização, dar condições para que eles possam desempenhar suas funções. Isso passa por acessibilidade física e tecnologias acessíveis. Por exemplo, uma pessoa cega precisa de um leitor de tela para que desempenhe funções no computador. A pessoa com alguma deficiência auditiva, para participar de uma reunião, precisa de um intérprete de libras", destaca Regina. Essa preocupação fez com que a sede em São Paulo fosse a primeira no Brasil a conseguir a certificação de acessibilidade da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

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