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Práticas empresariais sustentáveis

Os três pilares da sustentabilidade: a capacitação como ferramenta de desenvolvimento social dos colaboradores

Tentar reverter ou atenuar os impactos das desigualdades no acesso à direitos básicos é um dos princípios da sustentabilidade social. Ela atua principalmente na melhoria da qualidade de vida da população e na ampliação de serviços como educação e saúde. Estes três aspectos (bem-estar, saúde e educação), inclusive, fazem parte das 17 metas da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável do planeta até 2030.

Por Amcham Brasil
Atualização:

No Brasil, os problemas relacionados à educação afetam jovens e adultos de todos os estados. Entre alguns dos motivos considerados frequentes para essa realidade está a baixa qualidade do ensino e a necessidade de ingressar cada vez mais cedo no mercado de trabalho para complementar a renda doméstica, o que acaba colocando a formação em segundo plano. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2013, apenas 61% dos estudantes entre 25 e 34 anos concluíram o ensino médio. Entre indivíduos de 55 e 64 esse índice chega a apenas 28%.

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Ainda que o ingresso ao ensino superior tenha aumento nos últimos anos, se comparado com outras nações latino-americanas, o panorama de diplomados no Brasil ainda é considerado muito baixo. Em 2013, a taxa de conclusão do ensino superior entre adultos de 25 e 64 anos foi de apenas 14%, bem abaixo de outras nações como Chile (21%), Colômbia (22%), Costa Rica (18%) e México (19%), ainda segundo informações da OCDE.

Essa realidade se agrava no momento de disputa por uma vaga no mercado de trabalho. Para muitas empresas, encontrar profissionais altamente capacitados para exercerem determinadas funções é um grande desafio, pois falta mão de obra qualificada. Uma pesquisa de escassez de talentos realizada pela consultoria americana ManpowerGroup aponta que nas Américas a falta de profissionais é uma preocupação para cada dois entre cinco empregadores. O Peru e o Brasil são as nações que encontram mais dificuldades para contratar. Já nos Estados Unidos e Canadá o problema é menos frequente. De acordo com a pesquisa, que foi realizada em 2015, os cargos técnicos estão entre os mais difíceis de preencher. E, mesmo em um cenário de retração econômica, sobram vagas.

Diante deste cenário preocupante, as empresas estão investindo cada vez mais em projetos de qualificação, educação e capacitação. O treinamento e o desenvolvimento de pessoas melhora a qualidade de vida do colaborador, o que acaba por refletir positivamente em sua produtividade.

Essa foi a conclusão que a empresa Tupy, especializada no desenvolvimento e produção de componentes em ferro fundido, chegou após sete anos do Programa Tupy de Formação Escolar Básica. Em parceria com o SESI, a organização disponibiliza a infraestrutura em seu prédio, enquanto o Sesi disponibiliza material e equipes pedagógicas. O programa proporciona condições para que jovens e adultos consigam concluir o ensino Fundamental e o Médio. A iniciativa é aberta à pessoas da comunidade em Joinville, sede da organização, funcionários de outras indústrias e dependentes e funcionários da Tupy - que, caso estejam interessados no programa, ganham vale-transporte da organização.

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Para Frederico Alberti, coordenador de Comunicação Corporativa e Responsabilidade Social da Tupy, a percepção de que a educação é a base de tudo incentiva esse tipo de atitude dentro do setor privado. Além de programas de treinamento oferecidos aos colaboradores, a organização também oferece cursos de Educação Continuada, abrangendo temas como saúde e segurança no trabalho, sustentabilidade, idiomas e informática. Outra ação para incentivo é a concessão de bolsas de estudo para formação acadêmica, pós-graduação e outros idiomas - em 2015, 119 funcionários foram beneficiados. Para atender melhor a essa demanda, a empresa está buscando parcerias com instituições de educação que estejam interessadas em oferecer descontos e bolsas para os interessados.

A Tupy tem mais de 12 mil funcionários. Além da sede em Joinville, há outra planta fabril localizada em Mauá (SP), duas no México e escritórios comerciais nos Estados Unidos e na Europa. Em todas essas unidades, há centros de treinamento - espaços dedicados à capacitação, com salas de aula e auditórios. Há também uma biblioteca, também fruto da parceria com o Sesi, com um acervo de mais de 20 mil itens, espaços para leitura e computador com acesso à internet. Em 2016, aproximadamente 15 mil pessoas, principalmente, crianças e adolescentes foram diretamente beneficiados pelos projetos próprios ou apoiados pela empresa. Esse dado representa crescimento de 31,4% em relação ao ano anterior.

O objetivo dessas estratégias, segundo Alberti, é melhorar o nível médio de instrução da população, principalmente das comunidades ao redor das instalações das empresas. E os modelos de aprendizagem tem que ser constantemente revistos e atualizados, a fim de acompanhar as mudanças geracionais e absorver as novas tecnologias. "Essa é a importância da empresa estar conectada com as outras indústrias e centros de educação, porque a mudança é rápida. Senão, corremos o risco de ensinarmos a nova geração com métodos dos anos 50", avisa. Atualmente, a organização tem parcerias com 15 instituições de ensino e pesquisa, nacionais e estrangeiras.

A Whirlpool, multinacional fabricante de eletrodoméstico, responsável pelas marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil, também apoia o desenvolvimento de seus colaboradores em diversas frentes. A capacitação, para eles, é um dos principais caminhos para seguir inovando e aprimorando seus produtos com eficiência. Para tal, promove o treinamento dos colaboradores em todos os níveis operacionais.

A Escola Online de Manufatura, lançada em 2016, é a iniciativa mais recente. Por meio de uma plataforma online, que pode ser acessada por dispositivos móveis, a companhia oferece programas de atualização e qualificação para o setor operacional. Isso permite mais velocidade nos treinamentos, que podem ser realizados de acordo com a disponibilidade de tempo de cada colaborador.

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A Universidade Whirlpool é outra ação recente, implementada em 2013, que tem aumentado o engajamento dos colaboradores. Ela atua em quatro frentes diferentes, (Academia Whirlpool, Academia de Negócios, Academia de Liderança, Academia funcional), e tem como objetivo desenvolver competências de liderança, aprimoramento de processos e promoção novas estratégias de negócios, tudo alinhado com os princípios da empresa. Colaboradores de todos os setores podem participar das ações para maximizar seus resultados e crescer. Em relação a isso, a empresa também dá suporte para direcionar a carreira do colaborador, auxiliando nos caminhos que devem ser percorridos para que ele consiga atingir seus objetivos dentro da Whirlpool. A ideia é que ele tenha o anseio de crescer dentro da companhia. Ações como essa já fizeram com que a Whirlpool concorresse ao Prêmio Eco da Amcham.

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A oportunidade de aprimoramento por meio da educação formal também é outra política importante para o desenvolvimento de talentos. O programa de bolsas de estudos incentiva a continuidade da formação tanto em graduação, pós-graduação, especialização, mestrado ou MBA, o que contribui e muito para o aprimoramento dos conhecimentos e para a formação de profissionais mais qualificados, principalmente na área de tecnologia da informação.

Investir em programas de capacitação é uma forma eficiente de reter e engajar os talentos, o que é bom para organização e para os funcionários. Essa relação é positiva e muito contribui para o aumento do comprometimento, da produtividade e de um melhor ambiente de trabalho. Empresas que não investem nos desenvolvimento dos funcionários perdem financeiramente, pois os custos de contratar e treinar acabam sendo maiores quando há alta rotatividade.

Como diz o filósofo Mario Sergio Cortella: "uma pessoa motivada faz algo decisivo: ela procura excelência. A expressão latina excellens significa "aquilo que ultrapassa", "aquilo que vai além" (...). Quem está motivado (...) tem a obrigação como ponto de partida e não de chegada".