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Economia e políticas públicas

Opinião|O centro em apuros

Pesquisa da CNT/MDA não aponta luz no fim do túnel para Alckmin e os candidatos da centro-direita.

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Atualização:

A pesquisa da CNT/MDA divulgada hoje (14/5, segunda-feira) manteve o padrão recente de não mostrar nenhuma luz no final do túnel para as candidaturas de centro-direita, e a de Geraldo Alckmin em particular. Os números indicam uma cristalização, ainda que temporária, do cenário eleitoral. Lula seria o favorito de longe, se não fosse o fato de que se encontra preso e tudo indica que não poderá concorrer.

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Pensando-se na tradicional polarização da política brasileira entre petistas e tucanos, o quadro à primeira vista é desolador para os últimos. Lula, que seria o candidato do PT se outras fossem suas circunstâncias legais, têm 32,4% das intenções de votos na pesquisa estimulada (em que se apresentam os nomes dos candidatos), comparado a 4% de Alckmin, o candidato tucano - o petista tem oito vezes mais votos.

Quando se toma a chamada pesquisa espontânea, sem os nomes dos candidatos, Lula tem 18,6% e Alckmin 1,2% - o ex-presidente tem 15 vezes mais intenções de voto.

O quadro muda radicalmente, claro, quando se tira o nome de Lula. Neste caso, na pesquisa estimulada, Alckmin sobe para 8,1%, bem à frente de um dos potenciais substitutos de Lula como candidato petista, Fernando Haddad, com apenas 3,8%.

O fato, porém, é que a intenção de votos de ambos, representantes da dicotomia política que dominou a política presidencial desde o plano Real, é bem inferior à de outros candidatos à esquerda, centro e extrema-direita: Ciro fica com 11,1%, Marina com 15,1% e Bolsonaro com 19,7%. Na pesquisa de segundo turno, supondo que Bolsonaro esteja lá, há um empate com Marina, e Alckmin perde por uma margem maior do que Ciro.

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A pesquisa é um jato de água fria para a centro-direita, e se contrapõe a algumas notícias positivas para Alckmin em termos de articulações partidárias nas últimas semanas, com as candidaturas próprias do PMDB e do DEM parecendo murchar. A visão seria de que os diversos riachos da centro-direita acabariam fluindo inevitavelmente para a foz da candidatura tucana, no mínimo por falta de opção melhor.

Certamente contribuiria para isso o fato de que uma grande coalizão em torno de Alckmin daria à sua candidatura uma enorme vantagem em termos de recursos de campanha e tempo de TV.

Outro fator positivo para o PSDB é a saída da campanha de potenciais outsiders como Luciano Huck e Joaquim Barbosa, que atrairiam votos que podem ir para Alckmin.

Todo esse empuxo favorável ao candidato preferido do centro político e dos mercados, entretanto, fica em xeque enquanto as intenções de voto de Alckmin permanecerem tão deprimidas. A lógica que anima a sua candidatura é a de que a vantagem em termos de recursos de campanha e tempo de TV fará toda a diferença. Mas a situação pode ficar crítica se a reação só vier quando a campanha começar oficialmente em meados de agosto, com a propaganda em rádio e TV só tendo início em 31/8.

O grande desafio de Alckmin é evitar a fragmentação da centro-direita e se construir como o nome unificador deste campo político. Em termos de negociações partidárias, a tarefa caminha razoavelmente bem. Mas se as intenções de voto do candidato tucano permanecerem tão baixas, há o risco de que as forças centrífugas do "salve-se quem puder" acabem por prevalecer. (fernando.dantas@estadao.com)

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Fernando Dantas é colunista do Broadcast

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 14/5/18, segunda-feira.

Opinião por Fernando Dantas
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