LONDRES - O Zimbábue jogou a toalha. Após anos de luta perdida para a hiperinflação e com muitos zeros adicionados ao dinheiro, o país do sul da África anunciou que o dólar zimbabuano vai finalmente sair de cena e o dólar dos Estados Unidos será adotado formalmente. Até setembro, bancos farão a troca da moeda. Se entregar uma nota de 100 trilhões de dólares zimbabuanos ou z$ 100.000.000.000.000, o caixa do banco devolverá US$ 0,40.
De hoje até 30 de setembro, bancos do país trocarão as cédulas emitidas em moeda local por dinheiro dos EUA. A taxa de troca ficou estabelecida em 250 trilhões (250 mais 12 zeros) para cada US$ 1. Essa é a última etapa de um processo que começou em 2009. Naquele ano, o país decidiu interromper a impressão de cédulas em moeda local que já alcançavam os cem trilhões de dólares zimbabuanos. Tantos zeros foram adicionados ao dinheiro pelo processo incontrolável de hiperinflação.
Segundo o Banco Central do Zimbábue, o último índice de preços em moeda local é de julho de 2008, quando a inflação mensal chegou a 2.600,24%. Em 12 meses, a alta dos preços atingiu a incrível marca de 231.150.888,87%.
A hiperinflação fez com que a economia passasse a funcionar informalmente com o dólar dos EUA e o rand da vizinha África do Sul. Até a inflação usada pelo BC passou a ser calculada em moeda estrangeira. Por isso, os índices caíram drasticamente. Em 12 meses até abril, o país teve deflação de 2,65%. O dólar zimbabuano, porém, nunca deixou de circular e continuava oficialmente como moeda do país.
Economistas dizem que a causa da hiperinflação no país é uma velha conhecida: o problema começou quando o governo de Robert Mugabe começou a imprimir dinheiro para pagar os gastos do governo. Depois, o governante que está há mais de três décadas no poder passou a controlar preços. Então, empresários que descumpriam o tabelamento passaram a ser presos e a situação saiu do controle.
Trecho de reportagem publicada no Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado