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Sempre há um caminho pelo meio

Levy quer evitar contágio da crise política na economia

Como o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fiador econômico do governo Dilma Rousseff, vê a crise política e seu impacto na economia:

Por João Villaverde
Atualização:

Joaquim Levy, ministro da Fazenda Foto: Estadão

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está preocupado com um possível contágio da turbulência política no quadro econômico brasileiro. Na sexta-feira (07/08)  ele cumpriu longa agenda interna no ministério e afirmou a interlocutores diretos que "turbulências políticas são passageiras, mas uma contaminação na economia pode gerar efeitos prolongados", segundo apurou o Blog.

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"Precisamos trabalhar com serenidade, mas também com firmeza, para que a turbulência política não contamine o quadro econômico", disse Levy a interlocutores. A agenda do ministro na quinta-feira terminou na madrugada de sexta e o ministro voltou para seu gabinete logo hoje pela manhã.

Levy conversou ao longo do dia com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Os dois estão empenhados na formulação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2016, que precisa chegar ao Congresso até o dia 31. Levy teria uma agenda hoje pela manhã com governadores e secretários de Fazenda do Centro Oeste, mas o encontro foi cancelado para o ministro se concentrar na agenda econômica.

A todos os secretários, Levy tem pregado "serenidade" para as agendas do ajuste fiscal, ainda em negociação com o Congresso, e do crescimento, embutida na formulação do Orçamento de 2016, fiquem blindadas da grave crise política.

A julgar pelos pedidos feitos a sua equipe, Levy tem levado muito a sério a agenda fechada com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) na terça-feira. Na ocasião, ambos discutiram ações para a política econômica em diversas áreas, como infraestrutura, política social e crescimento, além do ajuste fiscal em si. Após o encontro, Renan afirmou: "Tenho feito críticas ao ajuste fiscal, é preciso ir além do ajuste fiscal, que nós tenhamos uma agenda que mobilize o interesse nacional".

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Levy quer intensificar o diálogo com o Congresso, que já foi intenso no primeiro semestre. Ele e Barbosa querem fechar os principais fundamentos do Orçamento do ano que vem com antecedência, para iniciar o debate com o Congresso e sinalizar os rumos da política econômica para o ano que vem.

Interlocutores tanto de Levy quanto de Barbosa afirmam que neste momento, início de agosto de 2015, o relacionamento entre os dois nunca esteve tão bom. Já foi estremecido, com indiretas de lado a lado, mas agora há sintonia entre os dois.

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A crise política é grave e a missão de Levy não é simples: como fazer a política econômica transitar mares turbulentos, com chuva forte e ainda longe da terra firme.

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Depois de uma semana tão caótica em Brasília, o blog cita frase recente (de julho) do cineasta Cacá Diegues:

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"Eu vejo o Brasil de hoje como uma fogueira em que os brasileiros atiçam cada vez mais fogo, uma autoflagelação permanente, que pode virar algo muito perigoso. Não que esteja tudo uma maravilha, não está; mas é impressionante como somos bipolares, como vamos de euforia para a depressão sem motivo algum para ficar nem eufóricos, como na época em que estava na moda dizer que o Brasil deslanchava, nem deprimidos, como agora, que estamos numa fase difícil, mas não tão ruim assim."

Cacá Diegues está com 75 anos e foi um dos craques do Cinema Novo, que surgiu no Rio de Janeiro no início dos anos 1960. O movimento era liderado por Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirzman, Cacá Diegues e Ruy Guerra. Depois, os mais jovens, como Walter Lima Jr. e Arnaldo Jabor, também entraram no movimento, que foi superado no início dos anos 1970, com a repressão da ditadura militar e também com a adesão de alguns ao modelo criado pelos militares de financiamento do cinema, por meio da Embrafilme.

Experiente e atento ao jogo político brasileiro há mais de 50 anos, Cacá Diegues deve sempre ser ouvido.

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