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Desemprego em alta limita o ritmo da recuperação da economia

Por José Paulo Kupfer
Atualização:

Depois de divulgar, ainda no fim de julho, a taxa de desemprego média no País, no segundo trimestre do ano, o IBGE trouxe a público, nesta quarta-vez, os números desagregados pelas grandes regiões geográficas, no mesmo período. É um recorde, que dramatiza o generalizado encolhimento da taxa de ocupação, em combinação com o previsível aumento da população economicamente ativa.

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A taxa geral de desemprego, no segundo trimestre, como já é sabido, alcançou 11,3% da força de trabalho, acima dos 10,9% observados nos primeiros três meses do ano e bem acima dos 8,3% registrados no mesmo período no ano passado. As estatísticas regionais agora publicadas mostram ritmos diferentes no fechamento de vagas, mas reafirmam a tendência negativa em todas elas. No período, as taxas de desocupação, em todas as regiões e em 20 dos 27 estados, atingiram os pontos mais altos desde o início da apuração da PNAD Contínua, em 2012.

Por qualquer ângulo que se analise a evolução do mercado de trabalho, o quadro é de deterioração da situação do emprego. Está ocorrendo um forte movimento de fechamento de vagas no mercado informal, mas o aumento na informalidade não está se mostrando suficiente para absorver todos os que perdem empregos com carteira assinada e os que tentam uma ocupação ainda que informal. O resultado é a elevação do contingente de trabalhadores no grupo dos inativos.

Toda essa situação se reflete na queda do rendimento médio do trabalhador. O valor, que já vinha em recuo desde o terceiro trimestre do ano passado, despencou no segundo trimestre de 2016 e ficou, em termos reais, mais de 4% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado -- maior perda desde o início da série. Com a queda na renda média e a contração na taxa de ocupação, a massa salarial também experimentou, no segundo trimestre, forte queda. O recuo foi de quase 5%, igualmente o mais maior desde 2012.

A taxa de desemprego deve contibuar avançando, segundo especialistas, até fins de 2017. Trata-se de uma indicação de que a recuperação da atividade econômica não poderá ser muito rápida. O consumo das famílias -- atingidas pelo desemprego, a contenção de renda e ainda às voltas com dívidas --, que responde por 60% do PIB, deve demorar a se recuperar.

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