Índice do BC expõe retração profunda no segundo trimestre

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Por José Paulo Kupfer
Atualização:

 O IBC-Br e PIB são ambos indicadores de nível de atividade econômica, mas há diferenças na estrutura, periodicidade e forma de apuração dos elementos levados em consideração nos seus cálculos. Não é possível estabelecer, por isso mesmo, uma relação perfeita entre a variação e a trajetória de um e de outro. Mas, pelo menos como referência de tendência, o IBC-Br, calculado mensalmente pelo Banco Central, mostra aderência ao PIB, trimestralmente apurado pelo IBGE. 

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Com base no IBC-Br de junho, agora divulgado, em combinação com as projeções para a variação do PIB, é possível concluir que o segundo trimestre de 2015 deverá marcar a retração trimestral mais acentuada da atividade econômica neste ano e também no próximo. No caso do IBC-Br, a queda, de abril a junho, foi de 1,9% sobre o trimestre anterior, e de 2,5% no primeiro semestre. As projeções para o PIB, cuja variação no segundo trimestre está prevista para ser conhecida no dia 28, coincidem com os números do indicador do Banco Central e ficam em torno de um queda de 2% sobre primeiro trimestre, em que a variação do PIB foi 0,2% negativa.

A tendência do comportamento econômico para os trimestres seguintes é ainda de recuo, mas em ritmo menos acentuado. O fundo do poço, contudo, não será alcançado tão cedo. Se as previsões dos analistas se confirmarem, depois de recuar 0,5%, no terceiro trimestre, e estacionar, no último quarto do ano, a economia registraria, ao longo de 2016, pequenas contrações trimestrais, entre 0,1% e 0,2%, definindo uma nova retração anual em torno de 0,5%, adicional à queda de 2,5% prevista para 2015.

Tomando as variações do IBC-Br como referência, a economia brasileira consolidou, no segundo trimestre de 2015, o estado de recessão em que se encontra. Essa situação de retração na atividade econômica, que vem desde antes do recuo trimestral do período outubro-dezembro de 2014, deve permanecer até pelo menos o terceiro trimestre do próximo ano, com o registro de uma sucessão incomum de encolhimentos trimestrais.

Vale ter em mente que o quadro político doméstico, sujeito às chuvas e trovoadas de uma crise de governabilidade, e o cenário econômico externo, ainda mais incerto depois das instabilidades na China, colocam um viés de baixa e pedem cautela nas previsões para a trajetória da economia brasileira nos próximos anos.

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