Indústria fraca retrai investimento

Recuo na produção de caminhões e em equipamentos para construção civil afeta diretamente a formação bruta de capital fixo, da qual deriva a taxa de investimento

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Por Redação
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A indústria continua em marcha batida para trás. Mas não é só mais um recuo que os resultados de junho apontam, embora menor do que o esperado pelos analistas. Eles reforçam a percepção de que o segundo trimestre do ano deverá registrar recuo geral da economia e de que os investimentos estão desanimados.
Não há perspectiva de reversão em julho, que deverá, de acordo com as projeções mais atualizadas, configurar o quinto mês consecutivo de recuo da produção industrial, na comparação interanual. No primeiro semestre de 2014, a produção da indústria recuou 2,3%.
A queda de junho, em meio a uma atividade industrial em processo generalizado de esfriamento, foi mais profunda em razão dos feriados e paradas da Copa do Mundo. Essas paradas podem até ter ajudado no escoamento de estoques, que se acumulam e explicam parte das quedas na produção, mas, obviamente, contribuíram para reduzir o volume produzido.
Os efeitos da Copa, contudo, explicam apenas uma parte do encolhimento da produção industrial. Dos 24 setores pesquisados, 18 registraram queda na produção, entre eles alguns puxadores da formação bruta de capital fixo, da qual deriva a taxa de investimento da economia, caso do setor de bens de capital e o de insumos para construção civil.
No mês passado, o setor automotivo puxou a indústria para baixo. A produção de automóveis, em junho, caiu 12% sobre maio, contribuindo para reduzir o volume produzido de bens duráveis em 25% e de quase 10%, no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. Na mesma direção, variou a produção de bens de capital que, puxada pela queda no segmento de caminhões, encolheu quase 10%, tanto de maio para junho quanto no conjunto do segundo trimestre sobre o anterior.
A fraqueza da produção de automóveis e caminhões, assim como a de materiais de construção, ajuda a entender por que a formação bruta de capital fixo, da qual deriva a taxa de investimento da economia, vem mostrando sinais de retração - projeções indicam um novo recuo de 5%, em junho, na comparação com maio. Depois dos dados negativos da produção industrial no mês passado, já ficaram comuns as projeções de recuo em torno de 0,5% na produção industrial no ano.

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