A publicação, nesta terça-feira, da "Nota do Copom" relativa à decisão da semana passada, em que os diretores do Banco Central cortaram a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, reforçou com detalhes a surpresa inserida no comunicado distribuído no encerramento da reunião de julho. Na ocasião, as expectativas, alimentadas pela comunicação do BC desde a reunião do Copom em maio, sinalizavam redução de 0,75 ponto na taxa básica, mas não só o corte foi mais forte como a indicação para setembro é de que esse ritmo mais acelerado será mantido.
Depois da publicação do documento, ocorrerá surpresa se o BC voltar atrás e frear o passo na redução dos juros. Assim, os analistas já trabalham com a quase certeza de que, depois da próxima reunião do Copom, na primeira semana de setembro, a taxa básica nominal estará em 8,25% ao ano. Discutem agora a duração do ciclo e em que nível de taxa será encerrado. As novas expectativas convergem para juros abaixo de 8%, considerado o ponto suficiente para assegurar que as projeções atualizadas do cenário econômico básico com o qual o BC trabalha -- inflação em 3,6% no final de 2017 (4% anteriormente) e 4,3% (antes 4,6%), na virada de 2018 para 2019 -- se concretizem. As apostas estão variando entre 7,25% ou 7%, no primeiro trimestre do próximo ano, e entre 7,5% e 7,25%, já no fechamento de 2017.
É fácil perceber que, depois de trazer a taxa a 8,25% em setembro, em qualquer das hipóteses consideradas, restará frear o ritmo de corte, nas reuniões restantes de outubro e dezembro, entre 0,75 ponyo e 1 ponto, acumuladamente. Se confirmadas essas projeções, haverá alívio não desprezível para as despeaas com juros da dívida pública, mas ainda persistirá uma taxa real relativamente elevada, nas comparações internacionais, acima de 3%.
Nas Notas de julho, o Copom relativizou as incertezas políticas e econômicas que rondam a conjuntura doméstica, assim como as hipóteses de normalização mais rápida da política monetária, nas economias avançadas, principalmente nos Estados Unidos, que poderia afetar, negativamente, a atração dos ativos em mercados emergentes. Já os analistas que se mantêm mais cautelosos lembram os riscos de aumento de volatilidade em 2018, ano de eleições gerais.