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Opinião|A arte da decisão

Atualização:

Nunca houve tantas opções de decisão como hoje. Um pouco na contramão do que se imagina, o excesso de possibilidades nos dificulta a vida. Apesar disto, o que fazer para tomar a decisão certa? Precisamos entender como o ser humano funciona tomando uma decisão.

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Vamos chamar um leitor do nosso blog João. Ele tomou uma decisão. Largou uma carreira estabelecida de sucesso pra ir viajar a fim de fazer o soul-searching. Agora, após 5 meses, considerando a situação econômica difícil no Brasil  e questionando o objetivo do seu trabalho realizado até então, não sabe o que fazer profissionalmente ao voltar. Ele nos pergunta como encontrar um novo foco profissional.

Como funciona o ser humano em relação a decisões seguindo as pesquisas cientificas.

Em 1982 um paciente do neurocientista Antonio Damásio, chamado Elliot, mostrou um comportamento muito estranho após passar por cirurgia para a retirada de um pequeno tumor perto da testa. As consequências foram trágicas. Elliot, antes um homem inteligente e trabalhador, se transformou num procrastinador crônico. Se tivesse que escolher entre a caneta preta ou vermelha, não conseguia escrever mais uma palavra. Ficou incapaz de fazer suas tarefas de rotina. Ainda conseguia pensar muito bem, pois o IQ dele não mudou, porém incapaz de tomar decisões. Pesquisando bem o caso, Damásio constatou que Elliot perdeu a conexão com o sentir. Elliot não tinha mais tristeza, impaciência ou frustração. Não podia tomar uma decisão porque sentia sempre o mesmo. Damásio pesquisou mais casos parecidos e percebeu que as pessoas que perdiam a capacidade de sentir não conseguiam mais tomar decisões.

Damásio fez uma descoberta inesperada. Por séculos acreditamos que o ser humano é um ser racional. Sentimentos atrapalham. Com as pesquisas de Damásio se mostrou uma outra realidade: sem sentir, a mente é impotente. As nossas decisões são tomadas com base nas emoções e só depois racionalizamos, ou explicamos a nossa decisão conscientemente.

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Agora, devemos então apagar a mente e só seguir o sentimento? Tampouco é a solução. Rapidamente nos deixamos influenciar por preconceitos, medos e associações, como nos comunica Daniel Kahnemann (Premio Nobel em Economia 2002). Kahnemann diz: "Casos sobre bombeiros e médicos com intuições maravilhosas não nos surpreendem(...) se tornaram experts trabalhando muitos anos. É interessante porém que muitas pessoas seguem as próprias intuições mesmo que estejam erradas."

Há boas razões pelas quais o ser humano pensa e sente. O segredo de uma boa decisão é deixar as duas instâncias conversarem uma com a outra.

Vamos voltar para as decisões que o João precisa tomar? Uma possibilidade é, em dias diferentes, escrever cada vez 10 minutos, respondendo:

1. O que quero para mim como pessoa?

2. Quais as minhas habilidades profissionais?

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3. O que posso fazer com as minhas habilidades profissionais?

Feito isto o João pode observar os pensamentos e sentimentos que circulam inconscientemente. Lendo as anotações das três folhas pode fazer com que eles conversem entre si.  O que disputa, não é congruente, vai junto...? Pode avaliar os custos e benefícios de itens importantes e dessa maneira a base de suas decisões fica mais consciente e sólida.

Opinião por Cornelia Benesch Bonenkamp
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