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Barbosa terá de convencer os "não-convertidos"

Novo ministro da Fazenda terá pouco tempo para convencer parlamentares, mercado e empresariado de que é capaz de reverter expectativas negativas em relação a ele e, ainda, ajudar a afastar o impeachment de Dilma Rousseff

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

Nelson Barbosa (Dida Sampaio/Estadão) Foto: Estadão

A decisão da presidente Dilma Rousseff de deslocar o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para o Ministério da Fazenda é um guinada para a militância petista e para as bases sociais.

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Dilma decidiu mudar a condução da política econômica dois dias após entidades alinhadas com o governo, como CUT e UNE, terem saído às ruas contra o impeachment da presidente, mas também pedindo a cabeça de Joaquim Levy. Lula, que queria novo rumo para o governo, é outro grande vitorioso com a mudança.

A saída do ministro da Fazenda - prevista para ocorrer apenas em janeiro - foi precipitada após as duras reclamações de Levy em entrevista ao Estado: "O governo só fala do fiscal. Por quê? Eu não sei. Nunca entendi. Parece que tem medo de reforma, não quer reforma nenhuma", criticou, como se já não fosse do governo. E, como corpo estranho, ele atuou nos últimos dias sem aval de Dilma para aprovar no Congresso uma meta fiscal sem deduções, conforme defendia Barbosa.

Até mesmo parlamentares da base aliada admitem que a ida dele para a Fazenda é uma espécie de "pólvora" para o mercado diante do perfil desenvolvimentista. Mas reconhecem que, diante da forte recessão econômica, não há muita margem para o uso de recursos públicos para induzir a retomada da atividade econômica e que novas soluções terão de ser encontradas.

Presidente da Comissão de Reforma do Pacto Federativo, o senador petista Walter Pinheiro (BA), por exemplo, defende acelerar a reforma do ICMS para ajudar estados a sair da crise - proposta que tem Barbosa como um dos principais mentores quando ainda era número 2 de Guido Mantega na Fazenda.

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O novo titular da Fazenda advoga a tese do crescer para melhorar as finanças públicas, o oposto da calibragem de Levy. O aceno à esquerda agrada a militância defensora do governo em meio ao desenlace do processo de impeachment, previsto para março. Barbosa terá pouco tempo para convencer a todo o resto - parte da base, oposição, mercado e empresariado - que é capaz de reverter as expectativas negativas e, quiçá, ajudar a afastar o fantasma do impedimento dele.

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