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Jucá confronta Renan de olho no pós-Dilma

Novo presidente do PMDB articula ações na política e na economia para preparar o terreno para um governo Temer

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

(Romero Jucá/André Dusek-Estadão) Foto: Estadão

Ungido presidente do PMDB para blindar o vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (RR) decidiu confrontar publicamente o colega de bancada e também aliado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), numa nova estratégia em que buscará não deixar sem resposta quaisquer questionamentos de ordem política e econômica em relação ao partido.

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Uma reunião na segunda-feira no Palácio do Jaburu selou o acordo pelo qual Jucá passará a ser um anteparo no partido das críticas que Temer vier a sofrer e ao mesmo tempo atuará como ponta de lança das medidas que eventualmente um governo do vice adotar.

A ordem é: todo assunto tem que ser discutido e, se for o caso, rebatido, de forma transparente e rápida - Jucá terá de fazer valer seu apelido de "Ligeirinho", dada a rapidez com que caminha e conduz votações no Senado, do qual é o segundo vice-presidente.

O novo presidente do PMDB está convencido, em conversas reservadas, que a presidente Dilma Rousseff vai ser retirada do cargo ao fim do processo de impeachment que tem nesta tarde um importante ato, a leitura do parecer do relator da comissão especial, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à abertura do pedido, admitido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Processo que em suas contas pode se arrastar até outubro.

Até lá, Jucá e outros peemedebistas da cúpula trabalham para trazer Renan e resistentes para seu lado. Também querem conquistar apoios para Temer no Congresso e no meio empresarial para fazer um ajuste nas contas públicas ao mesmo tempo em que pretendem fechar uma agenda de medidas para impulsionar a economia. No radar não se descarta aumento de impostos, flexibilização da lei trabalhista e também reforma da Previdência - Jucá, que foi ministro da área no governo Lula - é um entusiasta forte de mudança das regras para dar sustentabilidade para o rombo previdenciário.

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Economista de formação e conselheiro dos dois últimos ministros da Fazenda, além de ex-líder das gestões FHC, Lula e Dilma, Jucá também pretende unificar as ações do PMDB do novo governo. Ele tem dito que qualquer palpite para a área por agora é despropositado e soa como discurso arrogante de que já ganhou.

Na política, o senador acredita que o vice, no Palácio do Planalto, vai contar com o apoio da oposição e da base aliada que hoje se divide entre Dilma e Temer. Avalia que o PT e partidos satélites dele vão ficar na oposição renhida à gestão do peemedebista.

Um dos calcanhares de aquiles da ação do PMDB no pós-Dilma, se ocorrer, é a Operação Lava Jato, em especial Eduardo Cunha, réu na operação. Jucá já afirmou em público que o presidente da Câmara é do PMDB, mas o PMDB não é só ele. Mas até aliados de Temer reconhecem que Cunha poderá ser uma vítima indireta de uma eventual queda da presidente. Ela cai, ele cai, argumentam.

Não se sabe com clareza como a Lava Jato será tratada em um governo Temer e se teria mesmo - com tantos peemedebistas investigados, como Jucá e Renan - condições para continuar suas apurações sem poupar ninguém, até mesmo um novo presidente.

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