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Por impeachment, Renan pode avalizar escolha para Fazenda

Importante peça para sobrevivência de Dilma, presidente do Senado vê com simpatia nome de Armando Monteiro para o lugar de Joaquim Levy

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

Armando Monteiro (André Dusek/Estadão) Foto: Estadão

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pode ser recompensado por sua destemida atuação como o mais importante aliado peemedebista da presidente Dilma Rousseff no Congresso para evitar o impeachment e a ascensão do desafeto, o presidente do partido e vice-presidente, Michel Temer: avalizar a escolha para o Ministério da Fazenda, com a saída dada como praticamente certa de Joaquim Levy.

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Ao mesmo tempo em que habilmente conseguiu evitar entrar no foco da Operação Lava Jato - mesmo sendo alvo de seis inquéritos -, Renan forjou ao longo do ano o papel de fiador da governabilidade no Legislativo. Foi e é interlocutor frequente do demissionário Levy, atuou para aprovar com rapidez os ajustes fiscais no Senado (enquanto a Câmara de Eduardo Cunha resistia às reformas), aprovou arrojadas propostas (como a liberação do uso dos depósitos judiciais) e até lançou um pacote anticrise - a Agenda Brasil, que não decolou.

O presidente do Senado vê com simpatia para a Fazenda o nome de Armando Monteiro, atualmente ministro do Desenvolvimento. Monteiro é senador licenciado pelo PTB - já foi filiado ao PMDB de Renan - e tem trânsito com a oposição, característica fundamental para, em caso de não impedimento de Dilma, fechar uma agenda mínima de retomada do crescimento. Monteiro também goza de prestígio com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem fez uma série de dobradinhas quando presidiu a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O prestígio de Monteiro com Renan é tamanho que ele, no momento em que Levy balançava no cargo, foi tratado como convidado especial para o jantar de fim de ano que o peemedebista promoveu na quarta-feira (16) para senadores - mesmo licenciado do Legislativo, ele não constava da lista inicial de participantes da confraternização. Há quem ressalve que o titular do Desenvolvimento tenha atuado mais em defesa do setor de origem, a despeito do próprio ajuste patrocinado por Levy.

Por outro lado, Renan avalia reservadamente que a o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, não seria o nome que poderia restaurar a credibilidade da economia brasileira, ainda mais após o País ter perdido o grau de investimento por duas agências de classificação de risco. O nome de um aliado dele, o do senador, economista e ex-líder dos governos FHC, Lula e Dilma, Romero Jucá (PMDB-RR), também chegou a ser discutido pelo seu núcleo mais próximo, mas não se acredita que a petista tope.

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As decisões do Supremo de ontem - em especial, a competência do Senado arquivar uma eventual abertura do impeachment de Dilma pela Câmara - aumentaram o cacife do peemedebista na sobrevivência e no futuro do governo. O Palácio do Planalto está atento à importância de Renan. Não se sabe ainda se a escolha da Fazenda passará pela chancela dele - mas que ele queria opinar, ele queria.

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