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Mercado de consumo

Esmalte, pãozinho e TV ficam mais caros por causa do dólar

A pressão do câmbio é observada em diversos produtos que utilizam insumos importados no processo de fabricação, apesar da retração do consumo

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Trigo importado pressiona preço do pão ( Foto: Estadão)

O impacto da alta do dólar, tão alardeado nas viagens internacionais, começa a aparecer nas despesas diárias do brasileiro. O pãozinho francês, por exemplo, que tem boa parte do custo atrelado ao trigo importado, subiu 1,13% este mês. No ano acumula aumento de 2,08% e, em 12 meses, de 5,95%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Mercado (IPC-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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A pressão do câmbio também já é observada nos aparelhos eletrônicos, que ficaram 0,52% mais caros este mês, apesar do enfraquecimento das vendas no varejo. Só na TV, cerca de 80% do componentes são importados. Influenciados pela cotação da soja em dólar no mercado internacional, óleos e gorduras encareceram 1,79% este mês nos supermercados.  Esmaltes para unhas, com elevação de 1,63%, perfumes (2,73%) e artigos de maquiagem (0,55%) também integram a lista de itens onde o efeito câmbio mostra a sua cara.

Para André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e um dos responsáveis pelo IGP-M, o repasse do câmbio para os preços ao consumidor deve se intensificar nos próximos meses. Ele argumenta que, apesar de o ritmo de atividade continuar fraco , o que poderia ser um freio para os reajustes,  hoje o desemprego permanece baixo e existem consumidores com renda para sancionar aumentos. "Num segundo momento, poderá ocorrer uma redução na demanda que resulte numa parada nos aumentos de preços ou até numa queda. Mas isso não deve ocorrer em 2015, caso contrário não estaríamos esperando um aumento na inflação para este ano", argumenta o economista.

Hoje a projeção de inflação  para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação, foi mais uma vez reajustada para cima e deve ficar em 8,13%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.  O número reflete as expectativas do mercado financeiro. Para o economista do Ibre, essa projeção do mercado, que supera de longe o teto da meta de 6,5%, leva em conta os efeitos do câmbio na inflação, os aumentos dos preços administrados e também alguma aposta na continuidade da demanda.

 Foto: Estadão
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