PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Mercado de consumo

Preços dos brinquedos para o Dia da Criança têm variação de mais de 100%

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:
 Foto:

 

No Dia da Criança deste ano, marcado pela crise e pela concorrência acirrada no varejo, o consumidor deve ter atenção redobrada nos preços. Pesquisa da Fundação Procon da São Paulo revela que a diferença entre o maior e o menor preço de um mesmo brinquedo nas lojas da capital paulista pode passar de 120%. Em 2014, a pesquisa apontou variação máxima de 103%. Negociações mais agressivas neste ano entre varejistas especializados e indústrias de brinquedos contribuem para uma variação maior de preço de um mesmo item entre lojas.

PUBLICIDADE

"Neste ano o diferencial está no preço", afirma Marcelo Mouawad, diretor comercial da Semaan Brinquedos. Dos cerca de 5 mil itens vendidos pela empresa no atacado e no varejo na cidade de São Paulo, ele conta que negociou com as indústrias cerca de 200 itens com descontos de 50%. Foi exatamente essa a saída usada pelo lojista para tentar neste ano de crise repetir o faturamento do Dia da Criança de 2014. "Se conseguirmos igualar o desempenho deste ano com o do ano passado, será um bom resultado."

Preço da boneca Peppa com som varia de R$ 64,90 a R$ 119,99, segundo o Procon-SP ( Foto: Divulgação)

Hector Nunez, presidente do maior grupo varejista de brinquedos do País, que reúne as lojas Ri Happy e PB Kids, espera no Dia da Criança deste ano crescimento de 8% no faturamento nominal da companhia em relação ao da mesma data de 2014. Com a inflação em 12 meses beirando 10%, isso significa uma retração de vendas, em termos reais. Ele conta que o grupo trabalha com mais de 500 itens exclusivos nas lojas e fez uma negociação com a indústria, focando brinquedos de primeiro preço, isto é, aqueles itens mais em conta.

A Armarinhos Fernando, com 16 lojas em São Paulo, é outra rede varejista que está apostando no preço baixo. Segundo o gerente geral da empresa, Ondamar Ferreira, cerca de 200 itens tiveram uma negociação especial com a indústria, o que permitiu um corte de preços entre 12% e 14% em relação à média do mercado. A rede, que também vende outros produtos, comercializa cerca de 22 mil brinquedos.

"Limpamos os estoques das fábricas", diz Ferreira, que espera neste ano uma queda no valor médio da compra. No ano passado, o tíquete médio da varejista oscilou entre R$ 135 e R$ 140. Neste ano, a expectativa é entre R$ 95 e R$ 110.

Publicidade

Diferenças.Pesquisa do Procon-SP realizada nos dias 15 e 16 de setembro para 88 brinquedos em nove lojas na cidade de São Paulo mostra diferenças de preços significativas. A maior variação foi registrada na boneca Monster High Monster Fusion Opereta, da Mattel. Na loja Semaan, do centro, saia por R$ 39,99; enquanto o preço era R$ R$89,90, na loja do Extra, da zona Norte. Nada data pesquisada, o preço médio do produto nas lojas era R$ 63,70.

Procurado, o Extra informou, por meio de nota, que "realiza pesquisas da concorrência e ofertas diárias, incluindo itens sazonais de Dia da Criança". Segundo a rede, a boneca Monster High Fusion Opereta está sendo vendida por R$39,99 até dia 12 de outubro em todas as lojas da rede na capital paulista.

 

Na avaliação de Cristina Martinussi, supervisora de pesquisa do Procon-SP, o consumidor deve usar como referência na hora da pesquisa o preço médio do brinquedo que deseja comprar. De toda forma, ela ressalta que um resultado importante da pesquisa é que as redes especializadas em brinquedos foram as que reuniram o maior número de itens com preços menores ou iguais aos preços médios coletados. "Pelo fato de comprarem maiores volumes, as redes especializadas têm mais condições de barganhar preço com as indústrias nas negociações."

Nacionais. O consumidor vai encontrar neste ano uma parcela maior de brinquedos nacionais nas lojas, quadro diferente do que ocorria nos últimos anos. Com alta do dólar em relação ao real, que subiu quase 45% este ano, varejistas trocaram itens importados por nacionais. Animada com o quadro, a indústria brasileira lançou neste ano cerca 900 brinquedos, um número 8% maior do que em 2014, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa.

"Hoje a participação dos brinquedos nacionais supera a dos importados", afirma Costa. Em janeiro deste ano, a oferta de brinquedos brasileiros e importados era equivalente, mas agora, nas suas contas, os fabricados localmente respondem por 55% e os importados por 45%.

Publicidade

"A alta do dólar abriu espaço para a indústria nacional recuperar mercado", observa Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela. Com duas fábricas no Brasil e parcerias de produção na China, quando câmbio é desfavorável, a empresa se concentra na produção local.

Para este ano, a empresa preparou 100 novos produtos e mais de 60% deles com preço de até R$ 50. "O tíquete médio do brinquedo neste ano vai ser menor, mas o brasileiro não vai deixar de dar brinquedo", afirma Fernandes. Em função do recessão que o País atravessa, ele projeta um desembolso de médio de R$ 49, ante R$ 69 em 2014.

Convergência. Além da maior parcela de itens nacionais, outra tendência é a incorporação de tecnologias em jogos de tabuleiros. O Detetive, por exemplo, um dos jogos clássicos da Estrela, chega ao mercado em uma versão com um aplicativo que permite aos jogadores receberem ligações, mensagens de vídeo de testemunhas no celular ou tablet, com pistas e dicas sobre o assassinato. Outra novidade é que na versão deste ano, o tabuleiro do jogo Cara a Cara, da mesma fabricante, pode ser personalizado com fotos baixadas de redes sociais.

A incorporação de tecnologias a jogos de tabuleiros de fabricantes tradicionais de brinquedos pode ser explicada pelas novas tendências de consumo.

Pesquisa da Boa Vista SCPC mostra que, pelo 3º ano seguido, caiu a fatia de brasileiros que pretendem comprar brinquedos no Dia da Criança. Mas em igual período, cresceu a parcela dos que querem adquirir eletrônicos para a data.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.