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Demorou, mas chegou a WMcCann

Por Marili Ribeiro
Atualização:
 Foto: Estadão

Não é uma fusão. Não é uma aquisição. O termo que os advogados encontraram para definir a associação entre o publicitário brasileiro Washington Olivetto e a rede de agências de propaganda americana McCann-Erickson, que integra a holding Interpublic, é união. Após a comunicação oficial aos funcionários, que será feita amanhã pela manhã, a agência vai divulgar o acordo fechado após cinco meses de negociação.

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A agência passa a se chamar WMcCann, sem o W/, que era a assinatura da agência. É uma deferência especial a Olivetto, um dos nomes mais conhecidos no meio publicitário mundial, mas é também uma forma de marcar que o contrato foi assinado com o profissional e não com sua agência. Todo esse cuidado tem origem em experiências de aquisições mal feitas pela holding Interpublic no passado e que, ao resultar em passivos que elevaram o endividamento do conglomerado, resultaram em perda de participação de mercado e receita para o acionistas.

Em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo, há pouco mais de três semanas, quando o negócio ainda não havia sido fechado, o responsável pela negociação desde o começo, Luca Lindner, diretor regional do McCann Worldgroup para América Latina e Caribe, explicou que a política assumida pela Interpublic, há cinco anos, tem sido a busca de total transparência nos dados. Foi por isso que ele foi convidado a assumir a direção do grupo na América Latina, onde práticas negociais, por vezes heterodoxas, estavam incomodando os acionistas. A exigência de transparência, como explicou, retardou o fechamento do acordo por conta de inúmeras exigências em cada etapa das negociações, que foram deflagradas em 3 de novembro do ano passado, quando foi assinado um contrato de intenções e a abertura dos números da W/.

Ao acompanhar mais de perto a situação do mercado brasileiro, onde a McCann Erickson vinha enfrentando crise e perda de clientes e receitas, Lindner optou pela compra, fusão, ou parceria com o que chama de um grife bem brasileira. "Pesquisei e constatei que os 30 maiores anunciantes entre as maiores empresas brasileiras optam por ser atentidos por agências que têm uma 'cara' brasileira, porque avaliam que assim a cultura local é melhor compreendida e transmitida nas mensagens publicitárias", disse ele. "A McCann não tem cara. Foi assim que sugeri à cúpula do grupo a compra de uma agência brasileira. No início, chegamos a cogitar até da Talent".

A ambição da nova WMcCann no Brasil é voltar à liderança que ocupou por anos. Quer fechar já 2010 em 5ª posição. Hoje está na 11ª segundo o ranking por negociação de compra de mídia para os clientes levantado pelo Ibope Monitor. Lindner reconhece que, embora a América Latina responda por cerca de 7% do faturamento global da rede de agências McCann-Erickson, tem enorme potencial de crescimento. "A região cresce a 15% ao ano e o negócio da propaganda tem boa rentabilidade", diz ele. O Brasil responde por 3% do negócio McCann no mundo, mas, como festeja Lindner, é um dos emergentes com maior potencial de expansão. "Queremos crescer junto".

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OLIVETTO SERÁ CHEFE CRIATIVO NA AL

Mais do que chairman da WMcCann como será anunciado amanhã, Washington Olivetto será também nomeado chefe criativo do McCann Worldgroup da América Latina e Caribe. Desde o começo das conversas com Olivetto estava claro para os dirigentes da rede de agências McCann, que está presente em 125 países, que o publicitário brasileiro era um grife importante para o negócio como um todo e não apenas no Brasil. O grupo McCann quer potencializar o fato de Olivetto ser constantemente convidado para palestras para profissionais do meio publicitário em vários lugares do mundo.

A presidência da operação da WMcCann seguirá com o executivo Fernando Mazzarolo, que chegou na agência há menos de dois anos. O sócio de Olivetto na W/, Paulo Gregoraci, vai assumir o cargo de vice-presidente de Mídia. O certo é que o antigo endereço da W/ desaparece com a transferência de funcionários da antiga agência para a sede da McCann na Vila Mariana, em São Paulo.

Com a junção dos atuais faturamentos das duas agências, a WMcCann assume a 8ª posição no ranking das maiores agências do Brasil segundo o Ibope Monitor. A meta já é fechar o ano em 5ª lugar. A WMcCann também passa a ser a maior agência de publicidade do Rio de Janeiro, cidade que será foco de muitos negócios no setor, já que abrigará dois relevantes eventos esportivos: parte da Copa do Mundo de 2014 e mais os Jogos Olímpicos de 2016.

A rede McCann Erickson de agências de propaganda integra o grupo McCann Worldgroup que é formado por outras empresas prestadoras de serviços na área de marketing como: MRM Worldwide (gerenciamento de consumidor), Momentum (eventos e promoções), Weber Shandwick (relações públicas) e FutureBrand (consultoria de comunicação e design). O McCann Worldgroup, por sua vez, integra o conglomerado Interpublic que detém participação majoritária nas redes de agências globais DraftFCB e Lowe. Ambas têm agências no Brasil.

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