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No 1º semestre, preços subiram menos do que em um único mês de 2016

Inflação acumulada nos últimos seis meses foi de 1,18%, inferior ao índice de apenas janeiro do ano passado (1,27%)

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Por Bianca Lima
Atualização:

Com a queda do IPCA em junho, a 1ª em 11 anos, o Brasil fechou o semestre com uma inflação acumulada de 1,18%, inferior à taxa de um único mês de 2016. Apenas em janeiro do ano passado, a alta foi de 1,27%, como mostra o gráfico abaixo.

 Foto: Estadão

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Esse movimento deve-se, principalmente, à queda no preço dos alimentos, que respondem por um quarto das despesas das famílias brasileiras. Segundo o IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas recuou 0,50% em junho, o menor indicador em quase 7 anos, e passou a acumular deflação de 0,03% em 2017.

Só em janeiro de 2016, para se ter ideia da diferença, esses itens haviam subido 2,28%, tendo o tomate como principal vilão. "No ano passado, (o fenômeno climático) El Niño estava muito forte. É até esperado que o preço dos alimentos acelere no início de qualquer ano, mas não nesse nível acima de 2%", explica o economista Fábio Romão, da LCA Consultores.

O tomate, aliás, é velho conhecido do bolso dos brasileiros. Em 2013, chegou a ser vendido por R$ 10 o quilo (o dobro do preço do frango à época) e foi tema de artigo do Financial Times. A publicação britânica alertava que a reeleição de Dilma Rousseff estava ameaçada exatamente pelo... Tomate.

Agora, a realidade é bem diferente: o preço do fruto recuou 19,2% em junho de 2017, liderando o ranking de deflações no grupo Alimentação e Bebidas. "Transitamos de um El Niño muito forte em 2015 e 2016 para um clima neutro, o que derrubou os preços e contribuiu para as supersafras", destaca Romão.

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 Foto: Estadão

Em 2006, ano em que o IPCA havia registrado a última deflação mensal, o preço dos alimentos também ficou bastante comportado, como mostra o gráfico acima. No acumulado daquele ano, o grupo teve alta de 1,22%, o menor patamar desde a criação do Plano Real e que também se repetiu em 1997.

Sazonalidade. Mas o economista da LCA alerta que o movimento é sazonal e que a deflação registrada em junho não deverá se repetir ao longo de 2017. "Há uma sazonalidade que favorece o preço dos alimentos e, por isso, há uma propensão a se ter deflação neste mês", diz.

Além dos itens alimentícios, que devem ficar mais caros no último trimestre do ano, o consumidor já passou a pagar mais pela conta de luz em julho, com a migração da bandeira verde para a amarela. Romão projeta que o IPCA encerrará 2017 em 3,6%, abaixo do centro da meta estabelecida pelo governo, que atualmente é de 4,5%.

Mas o economista pondera que essa estimativa não inclui uma eventual alta da Cide Combustíveis. O tributo que incide sobre a venda da gasolina e do diesel é uma das cartas na manga do governo para melhorar a arrecadação.

 Foto: Estadão
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