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Tendências e movimentos da economia brasileira

Pioram as expectativas econômicas para 2016

Ciclo de aperto monetário mais longo e intenso deve dificultar a recuperação econômica do ano que vem

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Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

As previsões para o crescimento da economia brasileira em 2016 já começam a dar sinais de piora. Os economistas consultados pelo último relatório Focus, do Banco Central, revisaram a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,90% para 0,70%. Uma recessão também não está descartada.

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O mau humor contínuo com a economia pode ser explicado pela expectativa de que o atual ciclo de aperto monetário deverá ser mais longo e intenso que o esperado, impactando a atividade econômica de 2016. A previsão do mercado para a taxa básica de juros (Selic) ao fim deste ano subiu de 14% para 14,25% - há quatro semanas estava em 13,75%. Nesse quadro de desaceleração, haverá ainda o impacto dos desdobramentos políticos e econômicos da Operação Lava Jato.

O aperto monetário tem como pano de fundo dois grandes motivos: a piora do quadro inflacionário - a projeção para IPCA deste ano chegou a 8,97%, o que obrigada o BC a adotar uma política mais dura num momento de desaceleração econômica - e a tentativa do banco de recuperar a credibilidade perdida, na avaliação do mercado, no primeiro mandato do governo Dilma Rousseff. "Os preços que foram artificialmente contidos estão sendo realinhados. O banco também exagerou para um lado (quando os juros chegaram a 7,25% ao ano) e agora é obrigado a exagerar para o outro", diz José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV.

 

No cenário da Tendências Consultoria Integrada, a Selic deve chegar a 14,50% e a queda dos juros só deverá ocorrer a partir de junho do ano que vem, quando a inflação acumulada em 12 meses estiver abaixo do teto da meta.

"O BC está caminho correto. Mas esse ciclo de aumento de juros bate na atividade econômica. Não tem milagre", afirma Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada. Ela projeta um crescimento de 1% para o PIB de 2016, mas esse número está em com "viés de baixa".

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O Banco Fator tem uma trajetória semelhante para a taxa de juros. A instituição projeta a Selic em 14,50%, mas a queda vai começar um pouco antes, em abril. "A economia está muito ruim e o ciclo de alta de juros atrapalha e cria dificuldades que podem estragar balanços de empresas e famílias, dificultando uma recuperação", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco. A previsão de crescimento do Fator para 2016 é de 0,2%.

Na quinta-feira passada, o Itaú Unibanco também sinalizou a piora de cenário para 2016. O banco rebaixou a projeção expansão para o PIB de 2016 de 0,7% para 0,3%.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o ciclo de alta dos juros começou atrasado. "Havia duas opções: quando a inflação deu sinais de que pioraria muito no começo do ano, o BC poderia ter acelerado a elevação dos juros naquele momento para, no segundo semestre, começar a pensar em reverter a elevação. A outra opção seria suavizar o processo, aceitando uma inflação ainda acima da meta ano que vem, mas abaixo do teto."

Desde maio, a MB passou a prever um recessão de 0,1% para 2016. Embora o número seja bastante pessimista, a consultoria deverá rever para baixo essa projeção.

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