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José Vicente Caixeta Filho

Sem ciência, como seria?

Há muito que se atribuir à agricultura no cotidiano de um cidadão contemporâneo, incluindo sua alimentação, vestuário, locomoção, moradia, lazer, cultura e oportunidades de trabalho. A economia de nosso país depende da agricultura. Os investimentos históricos realizados pelas Universidades, Institutos de Pesquisa e por agências de fomento do governo e da iniciativa privada resultaram em ganhos que permitiram alcançar melhores padrões de nutrição da população, que podem ser considerados partes relevantes de nossa soberania nacional.

Por Jose Vicente Caixeta Filho
Atualização:

 

Método científico aplicado à agricultura amplia progresso no campo ( Foto: Divulgação)

 

Há muito que se atribuir à agricultura no cotidiano de um cidadão contemporâneo, incluindo sua alimentação, vestuário, locomoção, moradia, lazer, cultura e oportunidades de trabalho.

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Por exemplo, ainda nos anos 60, a oferta de hortaliças era sazonal em decorrência da dependência de importação de genótipo europeu e americano. Os trabalhos iniciais de introdução de genótipo adaptado permitiram a obtenção de grande variedade de verduras e hortaliças que hoje chegam à mesa do consumidor, praticamente sem restrições regionais. Isso também é verdadeiro para frutas, tanto de clima tropical como temperado, que hoje abastecem nossas mesas diariamente (nos anos 50, maçãs e peras somente seriam obtidas por importação dos países vizinhos do cone Sul).

A introdução do método científico aplicado à agricultura revelou perspectivas de progresso agrícola e pecuário impressionantes. Como exemplos, destaques para as culturas de cana-de-açúcar, milho, sorgo, algodão, soja, citros entre outras, nos permitindo alcançar produtividades quatro vezes maior que aquelas observadas até os anos 50. A introdução e adaptação de raças de animais para leite, carne e ovos é um dos fatos que nos conduziu à condição de maior exportador de carne do mundo, com pleno abastecimento de produtos de origem animal à mesa do brasileiro. Até os anos 60, carne de frango era apreciada como rara entre nós.

Os ganhos de produtividade agrícola e pecuária também foram decorrentes de iniciativas de grupos de pesquisa em manejo dos solos, nutrição de plantas e de animais, que mudaram o status das explorações deixando o ambiente extrativista para a alcançar padrões internacionais de produtividade sustentável.

Há que se reconhecer que a área florestal foi revolucionada com pesquisas voltadas à introdução de espécies adaptadas que fomentam a indústria de papel, energia, madeira certificada, moveleira e de recomposição florestal, tendo como principal objetivo a redução do desmatamento e proteção do solo e dos recursos hídricos. A degradação dos recursos florestais somente foi desacelerada nos anos 90, com esforço de pesquisas emblemáticas que contribuíram para elaboração do atual Código Florestal Brasileiro, medida regulatória importante para a disciplina dessa exploração.

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A indústria de açúcar e álcool também garantiu sua fundamentação a partir de referências científicas e tecnológicas que auxiliaram na melhor exploração da cultura de cana e na observação de ganhos importantes em eficiência do processo de fermentação industrial. Mais tarde, essa tecnologia possibilitou a implementação da indústria de oleaginosas e biodiesel, sendo que subprodutos desses processos produtivos foram viabilizados como substratos para geração de energia renovável, produção animal e outros fins.

A economia de nosso país depende da agricultura. Os investimentos históricos realizados pelas Universidades, Institutos de Pesquisa e por agências de fomento do governo e da iniciativa privada resultaram em ganhos que permitiram alcançar melhores padrões de nutrição da população, que podem ser considerados partes relevantes de nossa soberania nacional.

 

Registre-se o agradecimento às diversas informações compartilhadas por colegas da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP).

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