Graduado em engenharia mecânica pela Universidade de Savoie e em engenharia com ênfase em gerenciamento de energia na Escola Nacional de Minas de Douai, ambas na França, há três anos Hervé Péneau, de 47 anos, é diretor geral da Dalkia Brasil, que desenvolve soluções sob medida em eficiência energética para empresas públicas e privadas.
Péneau também foi diretor geral da Dalkia na Inglaterra e atuou nas unidades da República Tcheca e na França. Antes disso, trabalhou para uma ONG em Níger, na África, e para uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a International Labour Organization, no apoio a iniciativas privadas e pequenas empresas. Entre as ações desenvolvidas na Dalkia durante a gestão de Péneau, está uma parceria feita em 2009 com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a oferta de cursos de extensão destinados à capacitação dos profissionais da companhia. Como é o desafio de liderar uma empresa fora do país de origem? Eu gosto de ter várias experiências e de me mudar. Já estou acostumado, porque estou há 12 anos fora da França. De maneira geral, aprendi que gosto muito de pessoas, que o conhecimento sobre outras culturas e a flexibilidade que adquirimos trabalhando com profissionais diferentes é muito importante. Aqui no Brasil, trabalho com pessoas de diversas origens e é essencial estar aberto a outras culturas e raciocínios para descobrir soluções e resolver os problemas.
Desde 2009, a Dalkia investe na capacitação de profissionais por meio de um curso de extensão. Qual o objetivo da iniciativa? Há dois objetivos. O primeiro, precisamos de um tipo de profissional que está sendo muito procurado no mercado por causa do sucesso econômico do Brasil. Então, para nós, é importante encontrar pessoas qualificadas e, se não conseguir, treinar outras pessoas. Outro ponto é que na nossa empresa, abertura e flexibilidade são importantes. Precisamos desenvolver nas pessoas a atitude que corresponda à cultura da empresa.
E quais os resultados que esse investimento trouxe até agora? É difícil avaliar. Para reter pessoas, foi bom. Fizemos uma pesquisa com os alunos após o término do curso e mais de 80% consideraram o treinamento positivo. A avaliação corporativa da empresa também foi boa. Identificamos vários pontos de melhoria e fizemos algumas modificações no próprio curso. Agora, estamos fazendo avaliação pessoal mais precisa.
Qual a melhor maneira de reter talentos em setores com mão de obra escassa, como o de infraestrutura? O primeiro ponto é que a pessoa precisa se sentir bem na empresa, perceber que tem futuro e livre acesso ao seu chefe. O segundo passo é o treinamento. Os brasileiros são muito positivos e têm a cabeça aberta para coisas novas. Por outro lado, precisam estar sempre expostos a coisas novas para se sentir bem.
Qual a importância que a filial brasileira da Dalkia tem hoje? O Brasil é o segundo país do grupo em número de funcionários, então, temos um apoio muito grande da matriz nas nossas ações de RH. Do ponto de vista econômico, temos menos de 10% de participação no faturamento total da empresa, porém, somos a unidade que mais cresce. Por isso, temos de prestar atenção ao nosso desenvolvimento.
Qual conselho você daria para quem está começando? Acredito que o Brasil está em um momento muito importante, com várias oportunidades e grande crescimento. Isso pode ser perigoso, porque muitas oportunidades podem dar a falsa impressão de facilidade. Meu conselho é ouvir para aprender e construir a experiência profissional passo a passo. Identifique seus pontos fortes, os fracos e trabalhe sobre os dois juntos, sempre com a cabeça aberta para intensificar as oportunidades. Os jovens de hoje ou são tímidos demais ou agressivos demais. O que esperamos é alguém que tenha uma atitude entre os dois extremos.
(Entrevista publicada no caderno Empregos em 27/02/2011)