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Opinião|Gerente de projeto ganha destaque e respeito no mercado

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Futuro. Nishisaki buscou formação para atuar na função (Foto: Wherter Santana/AE)

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Leandro Costa

Formado em engenharia civil há cerca de um ano, Henrique Nishisaki, de 24 anos, já ingressou em um curso de pós-graduação em gestão de projetos. Seu objetivo, assim como de outros graduados em engenharia e administração que cada vez mais procuram esses cursos, oferecidos em diversas universidades no País, é ocupar a posição de gerente de projetos. Cargo em alta dentro de organizações de diversos setores da economia, como construção civil, infraestrutura, óleo e gás e tecnologia da informação.

Hoje atuando como engenheiro de melhoria de processos no departamento de planejamento, orçamento e controle de empreendimentos da construtora Tecnisa, Nishisaki já tem contato com as rotinas que envolvem a gestão de um projeto. E, conta, procurou se especializar para, num futuro próximo, liderar a gestão desses empreendimentos. "Só não sei se in loco, na obra, ou internamente, daqui do escritório, cuja função é estudar os processos para dar suporte à gestão dos empreendimento.

"A experiência com a função,porém, começou na empresa júnior da universidade, onde atuou em projetos técnicos e de consultoria. "Tenho identifica ção com essas rotinas de controle de orçamentos, gestão de prazos. E trata-se de uma área aquecida e com chances de crescimento", projeta.

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Desde 2005, a figura do gerente de projetos ganhou maior destaque dentro dos organogramas. "A procura começou uns sete anos atrás, quando o mundo começou a crescer muito, e o Brasil também", confirma o gerente de planejamento estratégico e portfólio de investimentos da Braskem, Carlos Eduardo Pereira.

Apto a gerir cronogramas, orçamentos, contratos, pessoas e sobretudo riscos, esse profissional é considerado fundamental no planejamento de negócios das empresas. É por meio dele que as companhias colocam em prática seus planos. Sejam eles o de lançamento de um novo produto, a atualização do seu pacote tecnológico, a estruturação de uma nova frente de atuação no mercado, implantação de uma nova fábrica etc.

Tal relevância, aliada à falta de pessoas com esse perfil, confere a esses colaboradores remunerações equivalentes à de executivos a de altos executivos, dependendo do tamanho e complexidade do projeto. O salário mensal de um gerente em projetos grandes, como obras de infraestrutura, varia entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, segundo dados da Michael Page. "Há projetos que movimentam orçamentos maiores que os de uma empresa grande, projetos de bilhões", ressalta o diretor de operações da consultoria, João Nunes.

"A função é antiga e surgiu na indústria. Porém, durante muito tempo, as áreas de projetos das empresas ficaram desestimuladas, sem investimentos. O que se refletiu na falta de interessedos profissionais em se dedicarem à função", afirma a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento.

Nos últimos anos, porém, os profissionais voltaram a ser cobiçados e as companhias voltaram a investir na área. "Os novos modelos de gestão das organizações, com estruturas mais enxutas e baseados em frentes de trabalho voltadas para resultados rápidos, fez esse profissional ser procurado novamente", diz.

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O setor de construção civil desponta como o que mais demanda esses profissionais, segundoos analistas, por conta de fatores como crescimento dos investimentos na área habitacional, em obras de infraestrutura e também pelos grandes eventos que o Brasil receberá nos próximos anos (Copa do mundo e Olimpíadas). Com esse crescimento, o setor é o que mais sofre com falta de mão de obra.

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"Durante 20 anos com investimentos reduzidos, os engenheiros migraram para outras áreas. Os poucos que ficaram no setor, vivendo a duras penas dos raros projetos que surgiram, agora são valorizados. E os que se formaram há pouco tempo, ainda não têm experiência", observa o gerente da área de construção da Michael Page, Felipe Calbucci.Ele conta que a empresa tem quase 20 vagas em aberto para o cargo em São Paulo. Troca de área. Antes de ocupar o cargo de gerente geral de projetos da Incercement, empresa do grupo Camargo Corrêa, que atua na área de cimento, o engenheiro Leandro Patah gerenciou, por 12 anos, projetos na área de telecomunicações.

"Foi um grande desafio, uma grande mudança (da área de telecomunicação para construção), que me faz crer que esse deva ser um paradigma a ser quebrado na gerencia de projetos. Pois a experiência em um setor pode sim servir para outro", afirma. Antes, ele achava que apesar de a metodologia de gestão de projetos ser uma só, quem atua nessa função acaba adquirindo conhecimento muito especializado.

Além de contratar quem vem de fora, as empresas buscam soluções internamente para preencher seus quadros. Na petroquímica Braskem, por exemplo, para tocar os projetos previstos para os próximos anos, a empresa terá de preencher cerca de 100 vagas na área de gerenciamento de projetos, conta Pereira.

"Nosso crescimento se dá por via da implantação de projetos. Temos hoje 250 profissionais,engenheiros na sua maioria, atuando em cerca de 1.000 projetos que temos. Porém, vamos ampliar a equipe para 350 profissionais", diz o gerente da empresa. Como tem encontrado dificuldade de encontrar esses profissionais no mercado, a Braskem prefere investir na formação dos gerentes de projeto dentro de casa.

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"Temos atuado de forma agressiva nesse sentido, investindo na criação de programas de treinamento interno e também apoiando os funcionários que vão buscar essa formação nas universidades", revela Pereira.

Função exige habilidades em diversas áreas

A multidisciplinaridade é algo inerente ao dia a dia dos gerentes de projetos, diz a coordenadora dos cursos de pós-graduação da Fundação Vanzolini na área de gerenciamento de projetos, Marly Monteiro Carvalho.

Além de rotinas como elaboração de cronograma das etapas do programa, controle dos prazos de cada fase, acompanhamento de orçamentos, custos e gastos, o gerente ainda tem de ter conhecimentos na área jurídica, por exemplo. "É ele quem trata da gestão dos contratos. Ainda que tenha suporte de uma área especializada na organização, ele precisa de algum conhecimento no assunto", diz Marly.

Habilidades de gestão de pessoas também é fundamental, frisa o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA), Antonio Cesar Maximiniano. Ele coordena os programas de pós-graduação da área na Fundação Instituto de Administração (FIA). "A habilidade de relacionamento é primordial, pois raramente se toca um projeto sozinho. É preciso coordenar uma equipe", afirma Maximinano.

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Ter capacidade de enxergar o todo (a visão sistêmica) e entender como cada etapa do trabalho vai interferir no resultado final é outra das habilidades que precisa ter o gerente de projetos, segundo os especialistas.

"Esse profissional precisa entender os impactos do projeto no entorno onde ele será inserido, pois será o interlocutor entre a empresa e órgãos governamentais. Entra aí também a capacidade de negociação", diz Marly.

Ser metódico e ter autocontrole para tomar decisões em momentos críticos é outra das habilidades que compõem o perfil do gerente de projeto. "Gerenciar projetos é gerenciar incertezas. Porque ainda que esse profissional já tenha experiência em determinado tipo de projeto, cada trabalho é algo único. Nunca é tudo igual. Pois a equipe muda, o cenário muda, as variáveis mudam", afirma Marly.

Segundo ela, o gerente de projetos está sempre lidando com estimativas, o que significa que está lidando com riscos. "Ele tem de ter habilidade para avaliar essas incertezas, mitigar os riscos e agir rapidamente numa situação imprevista. Tem de ter controle da situação."

Querer aplicar todas as ferramentas de gestão existentes no mesmo projeto é o principal erroque um profissional pode cometer nesta função. "Saber que ferramentas usar faz parte da habilidade de um bom gerente e é essencial para não 'travar' um projeto menos complexo.

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