O fluido seminal de salmão é um excelente agente para extrair das terras raras preciosos elementos indispensáveis para a fabricação de telefones celulares, computadores e outros artigos eletrônicos.
A descoberta é de uma equipe de cientistas japoneses em pesquisa experimental publicada no site PlosOne, informou o jornal italiano Corriere Della Sera.
As chamadas terras raras são compostas por 17 elementos químicos: lantanídeos, ítrio, escândio e outros. São metais cada vez mais usados na indústria eletrônica, mas muito difíceis de reciclar, uma vez que se tornam resíduos.
Esses minerais servem para a fabricação de componentes essenciais em muitos dispositivos tecnológicos, e também em ímãs de alto desempenho, painéis fotovoltaicos, catalisadores e até mesmo como cerâmica colorida.
A China é o maior produtora de terras raras do mundo. No Brasil, a empresa OFM Mineral Star, do empresário Olacyr de Moraes, o ex-rei da soja, explora terras raras desde 2012.
A extração e reciclagem desse tipo de mineral é cara, complicada e causa danos ao meio ambiente, porque geralmente implica no uso de produtos químicos, tóxicos e até radioativos.
São usados principalmente processos hidrometalúrgicos ou pirometalúrgicos. Par causa dessas dificuldades, cientistas buscam alternativas na biomineração, tecnologia de exploração mineral que utiliza bactérias para extrair e isolar os elementos úteis diretamente dos depósitos nas rochas.
Surpreendentemente, o esperma de peixe pode ser uma alternativa viável, segundo os cientistas japoneses.
O esperma do salmão é bem conhecido no Japão, onde os órgãos sexuais dos peixes machos, com o líquido seminal, são usadas como alimento.
O grupo de cientistas da Universidade de Tóquio e Hiroshima - que em 2010 tinha estudado tecnologias biomineração para a reciclagem de terras raras - vem desenvolvendo experiências com esta nova solução mais sustentável.
O fluido seminal do peixe contém fosfato, a mesma substância que atraiu as bactérias em experiências anteriores.
Os cientistas usam o esperma do salmão seco e pulverizado em um recipiente de vidro contendo amostras de túlio e de lutécio (duas substâncias mais valiosas presentes nas terras raras). O esperma atrai e absorve a duas substâncias, que podem então ser separadas com o uso de ácido e uma centrífuga.
A extração não poluente ainda precisa ser aperfeiçoada, usando elementos químicos para fortalecê-la e torná-la eficaz com outra substâncias. A viabilidade econômica também ainda precisa ser comprovada, uma vez que o esperma de salmão é geralmente um subproduto da indústria da pesca e acaba no lixo. No Japão, milhares de toneladas são jogadas fora por ano.
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