PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícia e análise, sem fronteiras

Corrida às compras mostra consumidor mais confiante nos EUA

Gasolina mais barata e sinais de melhora da economia animam americanos a aproveitar as ofertas do varejo

Por Economia & Negócios
Atualização:

Hiroko Tabuchi

The New York Times

Consumidoras usam o celular para pesquisar ofertas em um shopping de South Portland, nos EUA ( Foto: AP)

PUBLICIDADE

As equipes de faxina ainda estavam recolhendo o confete do Desfile de Dia de Ação de Graças da Macy's quando as filas começaram a se formar diante das lojas em Herald Square.

Alguns compradores estavam lá por causa das liquidações, que tiveram início mais cedo do que nunca nos Estados Unidos este ano. Outros vieram apenas para participar do espetáculo que muitos varejistas começam a chamar de "quinta feira cinzenta".

E, este ano, esse apelido - cada vez mais usado conforme a "sexta feira negra" (Black Friday) perde seu domínio como dia das maiores promoções que marca o início da temporada de compras de fim de ano - ganhou novo significado. Os varejistas observaram receosos a previsão de chuva e neve que frustrou muitos viajantes e consumidores, provocando quedas de energia em alguns lugares.

Publicidade

Ainda assim, o clima não deteve os consumidores mais ansiosos. Em Nashua, New Hampshire, 25cm de neve, temperaturas abaixo de zero e falta de eletricidade em alguns lares não impediram uma multidão determinada, com alguns adolescentes enrolados em cobertores e outros consumidores em fila usando máscaras de esqui e pesados casacos de inverno.

Em outros locais, os estacionamentos ficaram congestionados conforme o maior número já visto de lojistas abriu suas portas com atraentes promoções, principalmente no segmento de eletrônicos.

Em Hackensack, Nova Jersey, já às 16:30 havia pessoas formando filas na porta de uma loja da Target, cerca de uma hora e meia antes do horário de abertura. Muitos traziam nas mãos encartes anunciando as promoções da loja para a Black Friday.

Uma dessas ofertas, uma TV de 40 polegadas por US$ 119, tinha tirado Craig Whilby, 37 anos, do seu jantar de Ação de Graças, levando o técnico de rotativas a enfrentar a noite. "Minha mãe queria a TV", ele disse, com as mãos metidas nos bolsos e a cabeça coberta.Também morador de Hackensack, Whilby estava concentrado na TV, que ele disse ser "apenas um presente de Ação de Graças", negando estar procurando por presentes de final de ano para si.

Consumidora com um boneco do personagem Olaf , de Frozen, em loja da Times Square, em Nova York ( Foto: Reuters)

Os economistas acompanham atentamente se os varejistas conseguem atrair os consumidores e fazê-los gastar durante aquele que é para muitos lojistas o final de semana mais movimentado do ano, especialmente depois de 12 meses de vendas lentas até o momento.

Publicidade

Um panorama econômico melhor, e o preço cada vez mais baixo da gasolina, estão começando a melhorar a confiança do consumidor. Mas há igualmente sinais de permanência da preocupação entre os consumidores, depois daquela que tem sido uma recuperação econômica desequilibrada marcada por um crescimento anêmico nos salários, especialmente para os lares de baixa renda.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Em Chicago, os consumidores numa loja da Old Navy foram recebidos por funcionários com megafones anunciando, "A loja inteira pela metade do preço!", recebidos com alguns aplausos.

Jordan Anderson, 22, uma estudante da região, citou os grandes descontos quando indagada quanto ao motivo de estar fazendo compras no Dia de Ação de Graças. Ela planejava fazer mais compras na quinta feira do que no restante da temporada, acrescentando que tinham sido os preços baixos os responsáveis por tirá-la de casa naquela noite. Ela disse que é estudante e "a situação econômica é difícil".

Em Manchester, Iowa, Russell Marriott contratou uma babá e chamou a mãe cuidar dos dois filhos enquanto ele e a mulher - ambos desempregados - viajavam até o Wal-Mart às 3 da madrugada. Ele passou a maior parte do dia perto dos fundos da loja esperando pelo Xbox One Halo: The Master Chef Collection Bundle (US$ 329); ela esperou numa fila separada para comprar um controle para Xbox. Ele disse que, para o casal, poupar é importante, e a mulher queria o título. "Faz diferença", disse Russell Marriott.

 

Publicidade

Consumidores aproveitam ofertas em Virgínia, nos Estados Unidos ( Foto: Reuters)

As lojas estão se esforçando para fazer o consumidor gastar, atraindo os compradores com ofertas chamativas que podem aumentar o movimento, mas encolhem uma margem de lucro já reduzida.

A promoção pensada para atrair os consumidores à loja da Staples é um laptop Asus de 11,6 polegadas por apenas US$ 100. Na Target, a TV Element de 40 polegadas é vendida por apenas US$ 119. E, na Toys'R'Us, o tablet Polaroid de 7 polegadas custa apenas US$ 20.

E, na internet, que responde por uma parcela das vendas que cresce a cada ano, os varejistas têm oferecido promoções da Black Friday há dias, ampliando um frenesi de compras de um dia para uma semana ou mais de ofertas.

Os varejistas online também impulsionaram os descontos cada vez mais acentuados. A Amazon bateu muitos dos maiores varejistas dos EUA no preço dos principais produtos comprados no final do ano, oferecendo uma TV Samsung 4K de 55 polegadas por US$ 899.

A IBM Digital Analytics, que rastreia as compras online nos EUA, disse que as vendas tiveram alta de 12% entre a meia-noite e as 18h (Nova York) no Dia de Ação de Graças.

Publicidade

A Federação Nacional dos Varejistas, grupo que representa a indústria, prevê que as vendas em novembro e dezembro tenham alta de 4,1% (excluídas as vendas de automóveis, gasolina e restaurantes) ante o mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 616,9 bilhões. Trata-se de um ritmo um pouco mais rápido do que o observado no final de ano de 2013, quando as vendas tiveram alta de 3,1% e corresponderam a cerca de um quito das vendas anuais do setor do varejo, num total de US$ 3,2 trilhões./ Tradução de Augusto Calil

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.