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O blog do Caderno de Imóveis

Centro tem mais oferta de unidades compactas

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Por Edilaine Felix
Atualização:
Camila mora em um Loft de 30 metros quadrados Foto: Estadão

Imóveis pequenos, compactos e até supercompactos têm boa procura por moradores e investidores do mercado imobiliário. Direcionados para um público com perfil definido, unidades com até 30 metros quadrados caem no gosto de jovens e solteiros e são apostas de construtoras e incorporadoras.

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Levantamento feito pelo portal de venda e aluguel de imóveis Properati mostra que a região central de São Paulo concentra o maior número dessas unidades (65,57%), nos modelos estúdios, lofts e as clássicas quitinetes. O barro Santa Efigênia reúne 17,5%, dos imóveis, seguido por Vila Buarque (10,77%), Liberdade (9,02%), República (7,91%), Centro (5,39%), Brás (3,61%), Bela Vista (3,19%), Campos Elísios (2,94%), Consolação (2,71%) e Sé (2,53%). "Os microapartamentos são uma tendência para os grandes centros, que apesar de terem terrenos muito caros, têm benefícios como facilidade de acesso", diz o country manager do Properati no Brasil, Renato Orfaly.

Preço. De acordo com a empresa, o preço médio das unidades com até 30 m² em São Paulo é de R$ 11,5 mil o metro quadrado, enquanto o de um apartamento padrão com dois o u mais dormitórios custa R$ 8,8 mil. No Rio de Janeiro, o preço médio do m² do compacto é de R$ 16,8 mil, ao passo que o de um imóvel convencional maior sai por R$ 10 mil. Em Belo Horizonte, o m² do microapartamento custa, em média, R$ 14,9 mil, enquanto o do apartamento sai pelo preço de R$ 5,5 mil.

A pesquisa foi feita tendo como base os anúncios do portal, que envolvem 908 mil imóveis. Além da concentração na região central, bairros como Vila Olímpia, Vila Nova Conceição, Itaim Bibi, Vila Uberabinha, na zona sul; Tatuapé, na zona leste; Pinheiros, Perdizes e Pompeia, na zona oeste, também reúnem empreendimentos compactos.

A consultora de imagem Camila Silveira Matias Viana vive sozinha desde janeiro em um loft de 30 m² na Vila Olímpia. "Eu morava de aluguel em um imóvel maior. Comprei esta unidade que já estava pronta, com boa distribuição de armários e utilização do espaço", conta.

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Camila está satisfeita com o espaço útil e com a gama de lazer e serviços do prédio, que tem piscina, sala de ginástica, um pequeno salão de festas, e um gazebo para leituras e relaxamento. "Uso muito a área de lazer, que é completa, a lavanderia coletiva e um quartinho na garagem (um para cada morador), no qual guardo malas, skate e patins", completa.

A região foi outro atrativo muito importante na hora da escolha. Segundo Camila, o bairro, no qual já havia morado na infância, "é maravilhoso" e tem completa infraestrutura. "Tem tudo perto, vias de acesso, transporte público, ciclovias e comércios e serviços."

Para o CEO da construtora e incorporadora Vitacon, Alexandre Frankel Lafer, que tem mais de 40 empreendimentos compactos lançados - sendo que um deles, no Bom Retiro, tem unidades de 14m² -, esse modelo requer um combo geral de serviços.

"Como há pouco espaço privativo, precisa do apoio das áreas comuns para receber pessoas, guardar objetos, para suprir a compactação de espaço da unidade. O público que opta por compactos quer eficiência do espaço e praticidade", diz. Segundo ele, hoje é essencial ter serviços de limpeza (camareira), manutenção, concierge digital (uma secretária para os moradores) para as demandas do dia a dia. Todos os serviços são opcionais.

"Otimização do espaço é fundamental para esse cliente. No mundo, 84% da população é urbana e as grandes cidades vão receber cada vez mais unidades compactas. As famílias estão menores, é o que cabe no bolso, esses imóveis têm menor custo de manutenção e impostos, e cabe em todas as regiões da cidade", diz. Lafer destaca, ainda, que esse público tem pontos de interesse - atrelados à mobilidade -, quando busca um imóvel compacto: transporte público, escolas, hospitais, shoppings.

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Centro. Para Antonio Setin, presidente da construtora Setin, os microapartamentos devem estar localizados em grandes centros e em local de muitos serviços. "Fizemos um estudo e identificamos que os usuários são pessoas mais jovens, que utilizam o transporte público e que estão em transição - ainda não constituíram família e usam São Paulo como apoio para alguns dias da semana."

Setin, que tem projetos na República, Consolação, Sé, e Luz, enfatiza que o morador de um compacto quer, além da região central - com opções de supermercados, restaurantes -, serviços como lavanderia, zeladoria, espaços para coworking, wi-fi.

"Hoje, há mais compradores investidores. Os empreendimentos estão, em média, com 50% das unidades vendidas", afirma Setin.

Com o propósito de fazer um investimento, o executivo de vendas Marcelo de Barros Pacheco Chaves, de 38 anos, adquiriu uma unidade de 28 metros quadrados na República, região central, com vaga de garagem e valor de R$ 440 mil.

"Comprei para investir. Analisei a região, que tem a praticidade de linhas de metrô e estrutura de bares, restaurantes, hospitais, é procurada por pessoas que vêm de fora e querem um local perto de tudo para morar. Esse investimento atrai jovens e acredito que trará revitalização para o centro."

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Chaves conta que antes de investir visitou outros empreendimentos e escolheu a República por estar a alguns passos da estação do metrô.

Cores e móveis claros deixam ambientes mais amplos

Para a designer de interiores Jóia Bergamo, um apartamento supercompacto precisa ter um projeto para aproveitamento total dos espaços. "O uso correto do mobiliário é fundamental em uma unidade pequena. Por isso, devem ser feitos sob medida. Tudo deve ser projetado após conhecer as necessidades e prioridades do cliente", diz.

Para deixar o ambiente mais leve e aconchegante, Jóia recomenda a utilização de móveis e papéis de parede em tons claros, sem muita textura ou muita informação. "Precisamos usar artimanhas para abrir o ambiente. Cores como branco, bege, fendi, por exemplo, são atemporais e deixam o espaço mais agradável e amplo."

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Apartamento compacto ? projeto da arquiteta Jóia Bergamo Foto: Estadão

A designer de interiores também orienta os moradores a usar mobiliário com elementos translúcidos, para transmitir a sensação de leveza. O vidro, segundo Jóia, pode ser usado em mesas e portas de armários.

Móveis. "Opte por móveis de multiuso, baú como mesa de centro, mesas retráteis, que podem ser fechadas quando não estão em uso. Aproveite os artifícios da marcenaria para compor e deixar o ambiente acolhedor", diz.

Outra dica dada pela designer é a abertura dos espaços. "Se possível abra os cômodos, faça um loft, integre a varanda, isso tudo vai dar amplitude. Esses apartamentos são dificílimos de trabalhar, pois precisamos colocar sonhos, necessidades e histórias em metragens pequenas", complementa. Para Jóia, é desafiador dar funcionalidade aos microapartamentos.

Oportunidade. De acordo com o diretor comercial da incorporadora You, Inc. Felipe Coelho, é fundamental dar praticidade ao público de unidades compactas. Por isso, a região, deve ter ampla gama de produtos, serviços, transportes, vias de acesso para as diferentes regiões da cidade, restaurantes.

"O projeto deve ser completo em uma região com toda infraestrutura. Para esse perfil é preciso oferecer serviços como lavanderia coletiva, além de academia completa, lazer, piscina."

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A região escolhida pela You para a unidade de 27 metros quadrados é o Jardins, com algumas unidades com vista para o Parque do Ibirapuera. Segundo o diretor da You, Inc., é um bairro que atrai esse público que busca apartamentos novos com arquitetura moderna. "Devemos investir no segmento. Estamos interessados em fazer unidades supercompactas também na Bela Vista", diz.

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