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Cuide das finanças pessoais

Quando a média dos juros está longe da realidade do consumidor

O Banco Central divulgou ontem a média dos juros cobrados nas diferentes linhas de crédito no mês de janeiro. Quanto mais transparência e informações para o consumidor, melhor.

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Por Regina Pitoscia
Atualização:

Mas há que se questionar sobre a real utilidade de conhecer taxas praticadas há mais de um mês e pelo seu nível médio. São dados defasados e muitas vezes longe da realidade que o candidato enfrentou (ou vai enfrentar) na hora de levantar um empréstimo.

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Segundo o BC, o juro cobrado no rotativo do cartão de crédito ficou em 327,9% ao ano, o que equivale a algo perto de 12,9% ao mês. Mas além de traduzir a média de mercado, essas taxas são também média das diferentes modalidades do rotativo. Média da média.

Para chegar a esse número, o BC considerou o juro médio do rotativo regular - aquele em que o cliente paga pelo menos o mínimo exigido de 15% do saldo devedor - de 241% ao ano; o rotativo não regular - aquele em que o cliente não quita nada do saldo devedor e é direcionado para a renegociação da dívida - de 387% ao ano; e no rotativo parcelado, de 172% ao ano. E no cálculo são consideradas as instituições financeiras que realizaram operações de crédito no período e enviaram suas taxas ao Banco Central - algo entre 50 bancos.

No entanto, ao levar em conta os cinco maiores bancos do País, que detêm perto de 80% das operações de crédito do mercado, estaremos espelhando com mais fidelidade os juros cobrados do consumidor. Abaixo, os dados refletem as taxas de janeiro (média do mês de cada banco) e também as praticadas no período de 5 a 9 de fevereiro, deste ano.

Juros no rotativo do cartão ao ano (*)

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Banco Regular Não regular         Parcelado

Jan        Fev            Jan         Fev        Jan     Fev

Banco do Brasil          174%        181%  241%     250%  145%    155%

Santander                   200%      200%  667%     657% 139%    151%

Itaú                              212%      215%  218%     218%  148%  161%

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Caixa                            239%      244%  252%      251%  151%    157%

Bradesco                     242%        225% 790%      751%  83%    90%

(*) Cálculos baseados em dados do site do BC

Como se pode notar, o juro médio divulgado pela autoridade monetária, de 327,9% ao ano, pode ter passado longe da realidade de quem ficou pendurado no rotativo do cartão.

E não foi pouca gente, um total de R$ 17,6 bilhões foi liberado por essa linha de crédito, em janeiro. Um dinheiro sobre o qual se avança com muita facilidade, sem qualquer peneira burocrática, análise de crédito, nada disso. Ao contrário, a apresentação do dinheiro de plástico parece ser muito mais um convite ao descontrole financeiro, que tem um custo muito elevado. Perceba que para quem não consegue pagar nada da fatura, o juro zanza próximo de 20% ao mês no Bradesco.

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 Cheque especial

O BC também divulgou a taxa média cheque especial em janeiro: 324,7% ao ano, ou 12,8% ao mês. Uma modalidade de crédito que é igualmente de fácil acesso e salgada ao correntista.

Vale lembrar que mesmo depois da queda do custo de captação de recursos pelos bancos, trazida pelo corte do juro básico da economia, a Selic, ao longo do ano passado, as taxas do cheque especial estão empacadas no mesmo nível há mais de um ano. Em janeiro de 2017, a média do juro do cheque especial estava em 328,3% ao ano ou 12,9% ao mês.

O próprio Banco Central vem estudando propostas para baixar os juros do cheque especial, a exemplo do que foi conseguido com o financiamento com o cartão de crédito.

Juros em 2018 (*)

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Banco                      Janeiro                                   Fevereiro

mensal         anual                  mensal      anual

Bradesco          12,16%           296%                 12,21%       298%

Caixa                 12,45%           309%                 12,32%  303%

BB                      12,52%         311%                 12,52%       311%

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Itaú                  12,73%         321%                   12,65%         317%

Santander       14,72%        420% 14,76%         422%

(*) Dados de janeiro referem-se à média; os de fevereiro ao período de 5 a 9 do mês.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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