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É na crise que o ouro brilha mais forte

Por Denise Juliani
Atualização:

O ouro voltou a liderar o ranking de investimentos em agosto, com valorização de 4,67% na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F Bovespa). E isso vem acontecendo com frequência desde o início da crise financeira internacional, ocorrido em setembro de 2008.

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Em agosto do ano passado o metal bateu seu recorde histórico, com o grama cotado a R$ 97 na BM&F. O ouro foi o investimento mais rentável de 2011, com alta de 15,85% e caminha a passos largos para fechar 2012 com excelente desempenho, pois já acumula 16,79% de janeiro a agosto. Ao longo dos últimos meses, apenas em março o metal ficou no vermelho, fechando em queda de 0,31%. Nos demais, apontou para cima, às vezes com ganhos pequenos, como em maio, quando subiu 0,20%, depois de atingir o pico do ano, em abril, ao subir 5,33%.

O fato é que, passados quase quatro anos daquele fatídico 15 de setembro de 2008, quando o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers quebrou, dando início à crise financeira mundial, o horizonte ainda parece incerto. É essa a principal razão para o permanente interesse dos investidores no metal.

É que o ouro é uma reserva de valor desde que o início dos tempos. É um ativo financeiro e também uma mercadoria que pode ser trocada em qualquer lugar do mundo. Bancos quebram, empresas quebram, países quebram. Mas o ouro não perde seu brilho. Em tempos de calmaria, ele se retrai. Seu valor de troca se estabiliza, pode até cair um pouco se o interesse de quem quer comprar for menor do que a oferta de quem quer vender. Vale lembrar que, além de seu uso financeiro e da óbvia aplicação no mercado de joalheria, o metal tem utilidade também na indústria: é matéria-prima de componentes eletrônicos, por exemplo.

Então, quando o mundo está em paz, seu preço pouco muda. O ouro gosta de crises, de instabilidade política, de guerras.

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Vale a pena comprar? Depende. Segundo os especialistas financeiros, quem tem dinheiro suficiente para diversificar seus investimentos, pode colocar de 10% a 20% no metal, como reserva de segurança. Um dinheiro sem previsão de uso, algo para ficar guardado, valorizando e sempre pronto para um momento de grave crise.

E, pelo menos pelos próximos dois anos, o cenário é de preocupação, pois o tsunami financeiro de 2008 ainda afeta a economia dos países europeus e dos Estados Unidos e, claro, seus reflexos também batem por aqui. Basta dar uma olhada no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do segundo trimestre, divulgado na semana passada, que registrou crescimento pífio de 0,4%. Diante disso, os analistas projetam expansão inferior a 2% para a atividade econômica em 2012.

Voltando ao ranking das aplicações financeiras de agosto, a melhor opção depois do ouro foi a Bovespa, que subiu 1,72%. Estes dois ativos foram os únicos a superar a inflação medida pelo IGP-M, que foi de 1,43% no mês passado. As demais alternativas ficaram devendo no quesito ganho real. Os fundos de renda fixa, por exemplo, deram ganho nominal (sem contar a inflação) de 0,95%, em média. A média dos fundos DI foi de 0,54%. E a caderneta de poupança rendeu 0,51%

Denise Juliani

(publicado o Jornal da Tarde em 03/09/12)

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