A poupança parece estar ganhando o rótulo de pior aplicação do Brasil. De tanto que se tem falado mal, tem gente que tem até vergonha de dizer que tem dinheiro na poupança.
Outro dia um amigo me disse exatamente isso: "Que vergonha, né? Eu sei que não rende nada, mas também não sei onde investir e tenho medo de acabar perdendo dinheiro".
Verdade que a poupança tem um rendimento bem menor do que o de outras aplicações de baixo risco.
Mas o que você vai ver neste artigo é que existem situações em que a poupança é a melhor aplicação de todas. Veja: eu não disse "mais rentável", e sim "melhor".
Sim, porque a rentabilidade não é a única coisa importante em um investimento. Duas outras são igualmente importantes: liquidez e risco.
Não existe nenhum investimento que seja, de forma absoluta, o melhor para qualquer pessoa. Os investimentos têm diferentes características em termos de rentabilidade, risco e prazo. Por isso, atendem diferentes necessidades. Uma mesma aplicação pode ser excelente em alguns casos e péssima em outros.
A poupança é a melhor aplicação quando você:
- não aceita perder dinheiro de jeito nenhum (não quer rentabilidade negativa);
- precisa que ele esteja disponível a qualquer momento para uso imediato; e
- não tem acesso a fundos pós-fixados com taxa de administração inferior a 1%.
Se você tem essas três condições ao mesmo tempo, a poupança é o melhor lugar para colocar seu dinheiro.
Vamos por partes. A primeira condição é que você não quer uma rentabilidade negativa. Quais são as principais aplicações financeiras que nunca (ou muito raramente) têm rentabilidade negativa?
Resposta: a poupança, o Tesouro Selic (um dos títulos do Tesouro Direto) e os fundos de investimento pós-fixados.
Então, se a única coisa que você quer é não perder dinheiro, o Tesouro Selic cumpre melhor esse papel. Ele também tem risco baixíssimo, como a poupança, mas rende mais.
Agora, se você precisa que o seu dinheiro esteja sempre disponível, para uso imediato, a qualquer momento, então o Tesouro Selic não adianta. Esse título você só consegue resgatar em dias úteis, e ainda assim ele tende a demorar no mínimo um dia útil para estar à sua disposição.
Por exemplo, se você precisar do seu dinheiro em um domingo, e ele estiver na poupança, você consegue passar para a conta corrente na mesma hora, em questão de minutos (ou segundos). Em seguida, é só usar o dinheiro (sacar, transferir, pagar conta etc).
Já se o dinheiro estiver no Tesouro Selic, você vai precisar esperar até segunda para pedir o resgate, e mesmo assim não vai receber o dinheiro na hora.
Nesse ponto, os fundos de investimento pós-fixados podem ser úteis. Alguns deles têm disponibilidade imediata, como a poupança. Porém, os fundos têm taxa de administração e Imposto de Renda, ao contrário da poupança.
Logo, se a taxa de administração for muito alta (acima de 1,5%), o fundo tende a render menos que a poupança. Pois essa taxa e mais o IR vão comer parte da rentabilidade.
Segundo o Ranking Renda Fixa Macro, que divulguei recentemente aqui no Estadão, os fundos pós-fixados acessíveis para quem investe até R$ 2.000 tendem a render 4,61% nos próximos 12 meses, enquanto a poupança deve render aproximadamente 4,93%.
O ranking foi elaborado pelo economista Pedro Raffy Vartanian e por mim. Ele inclui projeções de investimentos de de baixo risco nos próximos 12 e 24 meses, além de simulações de investimento de R$ 2.000, R$ 10.000 e R$ 50.000. Está disponível para download gratuito.
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