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Como o vinho, negócio melhora com o tempo

A quantidade de vinho consumida pelo brasileiro, cerca de meio litro por ano, foi o apelo definitivo para que Marcos Leal e Ari Gorenstein investissem na Evino

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 Ari Gorenstein (esq.) e Marcos Leal, sócios fundadores da Evino Foto: Estadão

Com pouco mais de três anos em atividade, o e-commerce de vinhos Evino parte agora para a fase de consolidação, depois ter alcançado o equilíbrio financeiro em 2015, quando o faturamento chegou a R$ 48 milhões. No ano anterior, as receitas haviam ficado em R$ 17 milhões. Em 2013, foram R$ 4 milhões.

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Para alcançar esse resultado, no entanto, os sócios Marcos Leal e Ari Gorenstein, ambos de 36 anos, precisaram reverter gargalos, repensar o próprio modelo do negócio e corrigir "erros clássicos", como disse Gorenstein.

Tudo isso sem perder de vista a ideia que desde o início norteou o negócio: ter como foco principal os vinhos europeus e uma oferta reduzida do produto sul-americano - até para evitar a concorrência direta com supermercados. Opção que, segundo eles, se mostrou acertada.

A ideia de entrar no ramo surgiu quando Leal trabalhava no fundo de investimento alemão Project A Ventures, que havia feito um investimento em vinho. O fato chamou a atenção do brasileiro, que passou a prospectar a possibilidade de um negócio desses por aqui. Durante esse processo se juntou a Gorenstein.

A quantidade de vinho consumida pelo brasileiro, cerca de meio litro por ano, foi o apelo definitivo para que os dois vissem uma oportunidade de negócio. Afinal, no Chile, o consumo per capita é de 20 litros/ano, enquanto na França, chega a 50 litros. Para os empresários, os dados mostram que o mercado nacional tem muito para crescer.

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A Project A, que atua como company builder, que engloba venture capital e desenvolvimento de empreendimentos, entrou no projeto, possibilitando assim que fosse dado o passo inicial no empreendimento em fevereiro de 2013. Em abril do mesmo ano, a Evino debutou no mercado com cinco colaboradores e o apoio do fundo. "Usávamos o pessoal da Project A de vários setores, suporte, RH, financeiro, o time de desenvolvimento em Berlim. Mas houve bastante improviso em todas as frentes. Foi o tempo de errar", diz Gorenstein.

"Batemos bastante a cabeça para aprender a identificar uma série de gargalos. Nunca ficamos acomodados. Sempre questionamos se o modelo de negócio estava correto ou não. Isso nos fez mudar muita coisa", diz Leal.

Com essa postura, o negócio foi evoluindo. Começaram comprando as bebidas de importadores. No segundo ano de atuação, o quadro mudou. Desde então, importam o vinho e abriram um centro de distribuição no Espírito Santo, em razão das vantagens fiscais oferecidas pelo Estado - a sede continua em São Paulo. O objetivo das mudanças foi dar mais eficiência às operações, melhorar a satisfação do cliente, além, claro, da questão econômico-financeira.

"Vínhamos operando num formato pouco escalável, que não nos permitiria chegar aos volumes que praticamos hoje", diz Gorenstein. Os sócios também fazem todo o processo de pesquisa, curadoria e seleção dos vinhos, se ocupam da logística, negociam com o transitário, agentes de carga, despachantes, nacionalizam o produto e, assim, conseguiram reduzir o tempo de expedição.

Entre os erros clássicos, Gorenstein aponta o desenvolvimento de uma embalagem que se mostrou um desastre: cara, complexa, difícil de fazer, ocupava espaço em demasia e era pouco efetiva, já que tinha o índice de avarias alto. A saída foi mudar a embalagem para uma que é mais simples, barata e mais segura.

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Outra mudança, ocorreu em relação ao marketing. Inicialmente, replicaram o modelo europeu, de promoções pontuais e rotativas de vinhos, as chamadas flash sales. "Uma de nossas premissas era de que, para democratizar o consumo no Brasil, tínhamos de trazer o vinho mais próximo do consumidor", conta Gorenstein. Adotaram, então, campanhas, mostrando que se poderia consumir vinho em qualquer momento.

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"Fizemos então as campanhas mais inusitadas, como vinho para tomar no sofá comendo pipoca assistindo a um filme, vinhos para assistir ao futebol, vinho para piquenique. A campanha tinha o objetivo de mostrar que o vinho cabia em vários contextos. Depois, vimos que esse não era o eixo certo." Hoje, a política de vendas da empresa prevê fretes diferenciados e até mesmo gratuito, dependendo da quantidade adquirida e da localidade a ser entregue.

O site também tem um modelo de clube de assinaturas, com benefícios par a o comprador. Segundo Leal, ele acompanha hora a hora a evolução da receita e, por conta disso, já prevê que a empresa poderá ultrapassar a previsão de faturar R$ 90 milhões este ano e chegar aos R$ 100 milhões.

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