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Educação vira negócio para mudar realidade

Jovens veem na criação de plataformas de ensino uma opção para melhorar o País

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Por Cris Olivette
Atualização:

Miguel Andorffy, do site Me Salva! Foto: Estadão

"Sou empresário porque quero transformar a educação. Antes de ser um empreendedor sou um educador", diz o fundador da plataforma Me Salva!, Miguel Andorffy, de 25 anos.

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Assim como ele, jovens que acreditam no poder transformador da educação e têm aptidão didática, aproveitam o nível de penetração da internet para criar plataformas de ensino.

Ele começou a dar as primeiras aulas em 2011, para os colegas de engenharia da federal do Rio Grande do Sul. Usando suas economias, fundou a plataforma com R$ 15 mil, em 2014. No ano seguinte, a empresa foi acelerada pela Fundação Lemann e recebeu aporte financeiro da Ebricks Ventures.

Andorffy afirma que o incentivo para empreender veio depois de gravar algumas aulas e colocá-las no YouTube. "A demanda e a atração do canal cresceram brutalmente. Em pouco tempo as aulas tiveram mais de 100 mil visualizações. Fomos os primeiros a colocar material de cálculo para engenharia em português, por isso atraímos alunos de todas as universidades do Brasil."

Hoje, o Me Salva! tem 25 funcionários e time de 70 professores. Em 2015, teve cerca de 30 milhões de visualizações. A expectativa é alcançar 15 milhões de alunos em 2016, com crescimento de 50% em relação ao ano passado.

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O negócio é voltado para o ensino superior com foco em engenharia e ciências exatas, Enem e vestibulares regionais, além de reforço para o ensino médio. "O plano extensivo para o Enem tem custo total de R$ 336 para 12 meses de aulas, mas temos pacotes menores."

Segundo ele, a taxa de retenção do site é de 55%. De cada dez alunos, ao menos cinco assistem a aula até o final. "O mercado de EaD tem taxa de retenção estimada de 9%. Nossa média elevada se deve ao formato que foge do convencional. Quem atua neste mercado deve pensar no seu real valor e criar produtos eficientes para oferecer educação de qualidade."

Daniel Liebert fundador da plataforma Stoodi Foto: Estadão

 

Formado em engenharia, o fundador da plataforma Stoodi, Daniel Liebert, trabalhou nessa área até fazer trabalho voluntário em uma ONG de educação, na qual começou a dar aula. "Gostei de lecionar e pensei nisso como possibilidade de profissão. Deixei o emprego e comecei a dar aula particular de matemática e física até evoluir para aulas gravadas em estúdio, dois anos depois", conta.

A ideia do negócio surgiu quando percebeu que as demandas eram parecidas. "Percebi que poderia atingir um público maior gravando as aulas. O custo da aula particular pode chegar a R$ 70 a hora. Na plataforma, o valor é bem menor e atingimos público bem maior."

Criado no final de 2013, o Stoodi contou com capital dele, de dois sócios e familiares. "Em 2014 fomos selecionados pelo programa Startup Brasil e recebemos investimento do governo federal via este programa."

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Ele conta que o Stoodi tem três tipos de conteúdo: videoaulas, lista de exercícios e resumos teóricos em PDF. "Além do conteúdo tem funcionalidades. Quem vai se preparar para o Enem, por exemplo, recebe plano de estudo semanal e conta com serviço de correção de redação no formato do Enem."

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Liebert diz que a assinatura mensal do reforço escolar para ensino médio é R$ 29,29. Para o Enem vestibulares a mensalidade é de R$ 49,90. "Se o aluno fizer aquisição para o ano todo tem desconto." Ele afirma que por ter custo acessível, muitos alunos deixam o cursinho presencial para estudar só pelo site. "É mais em conta, tem a vantagem de não perder tempo com deslocamento e poder estudar em casa. Oferecemos monitoria semanal para tirar dúvidas ao vivo."

A plataforma tem cerca de 200 mil estudantes cadastrados e 17,5 milhões de aulas assistidas, que correspondem a 3,2 milhões de horas de conteúdo.

"Além disso, já registra 2,5 milhões de exercícios resolvidos e 250 mil visitas por mês. Os alunos passam, em média, 3,5 horas semanais realizando atividades no site", diz Liebert.

A plataforma Passei Direto, do jovem Rodrigo Salvador, de 26 anos, nasceu em 2012, nas dependências da PUC/RIO, onde ele e o sócio André Simões estudam administração. "Observamos que havia rede social e profissional, faltava uma rede acadêmica. Criamos a plataforma e, em um mês, já tínhamos 200 mil alunos de 40 universidades cadastrados."

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Rodrigo Salvador criou a rede acadêmica Passei Direto Foto: Estadão

 

Por meio da rede colaborativa, os estudantes podem tirar dúvidas, compartilhar materiais de estudo, trocar mensagens, ter acesso a mais de 700 mil arquivos em diversas áreas e formatos, além de receber oportunidades de estágios e empregos. "Hoje, contamos com mais de cinco milhões de universitários. A ferramenta também é usada por alunos do ensino médio e por quem estuda para concurso público", diz.

Salvador captou investimento de R$ 27,5 milhões usados para ampliar a equipe que atingiu 40 pessoas e melhorar o serviço. Sua receita vem de assinatura mensal de R$ 14,90. A meta agora é oferecer novos serviços e chegar a outros países. "Temos cinco milhões de usuários que vieram sem campanha de marketing. Temos um grande poder de atração", afirma.

Site de bolsa de estudo tem 1 milhão de visitas por mês

CEO da plataforma Quero Bolsa, Bernardo de Pádua diz que idealizou a plataforma quando percebeu que, em razão da crise financeira e da redução no número de bolsas oferecidas pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), havia muitas faculdades com vagas ociosas e, ao mesmo tempo, grande número de alunos buscando faculdades com preços mais acessíveis.

Lançado em 2012, o site é um marketplace com bolsas de estudo oferecidas por mais de 400 faculdades do País, no qual é possível obter informações dos cursos e comparar preços. "Para este semestre, o Quero Bolsa ofereceu mais de 200 mil bolsas de estudo para cursos de graduação, pós-graduação e ensino à distância", conta.

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Bernardo de Pádua (à esq.) é CEO da Quero Bolsa Foto: Estadão

Segundo ele, o site recebe mais de 1 milhão de visitas por mês e cresce cerca de 200% ao ano. Ele conta que a plataforma é o principal produto desenvolvido pela RedeAlumni, startup criada por ele e outros jovens formados no ITA de São José do Campos, em 2010.

"Nosso negócio é especializado em marketing educacional. Oferecemos soluções para universidades maximizarem os resultados e para alunos encontrem as melhores opções de estudo", conta.

Pádua afirma que além de informações sobre bolsa de estudo, a plataforma tem conteúdo sobre o Financiamento Estudantil (Fies) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). "Mas o grande foco do Quero Bolsa são alunos que procuram informações sobre faculdades particulares. O Brasil tem mais de três milhões de pessoas interessadas em ingressar no ensino superior, sendo que menos de 40% da população adulta tem curso superior completo, na comparação com países desenvolvidos", diz.

Segundo ele, entre os mais de três milhões de alunos cursando faculdade atualmente, cerca de 70 mil fizeram matrícula pela plataforma. "Fazendo a pré-matrícula pelo site, o aluno garante a vaga com desconto e recebe informações sobre o processo seletivo da faculdade. "Nossa receita vem de taxa paga pelos alunos no ato da matrícula e de publicidade das faculdades", afirma.

Pádua conta que seu objetivo é que o site tenha todos os cursos universitários disponíveis no País e ofereça informações sobre cursos de universidades públicas para que o aluno possa comparar a grade curricular.

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Mesa digital ajuda criança autista a ser alfabetizada em seis meses

Assim como o site Quero Bolsa, a Playmove nasceu como produto de outra empresa da qual Marlon Souza é sócio. "Tenho outro negócio de produção tecnológica para feiras e eventos, e identificamos a necessidade de criar um produto tecnológico que ficasse disponível em ambientes públicos onde houvesse presença de crianças, como shoppings, clínicas e restaurantes", conta.

Ele afirma que o produto PlayTable nasceu com foco em entretenimento, mas logo o empresário identificou a possibilidade de aplicá-lo na área de educação. "Fechei parceria com empresa de brinquedos educativos e desenvolvemos nova versão, específica para educação. Em 2013, fundamos a PlayMove", conta o diretor executivo.

Marlon Souza diretor executivo da PlayMove Foto: Estadão

Souza diz que a mesa tem tela de 22 polegadas e software que incluí conteúdos pedagógicos que não deixam de ser divertidos. "Eles são capazes de atrair e engajar crianças a partir de três anos, até alunos do fundamental I, com cerca de 12 anos.

O novo modelo foi lançado na Campus Party de 2014 e fechou aquele ano com 700 unidades vendidas. "Em 2015, passamos de duas mil unidades. Neste ano, esperamos chegar a cinco mil até o final do ano."

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Ele afirma que o produto está presente em 550 escolas do Brasil, sendo 80% delas escolas públicas. "Esse número de escolas equivale a 200 mil crianças usando a PlayTable", afirma.

O empresário diz que a proposta é de uso coletivo, podendo comportar até seis crianças nas atividades. "Recebemos muitos depoimentos de professores e secretários de educação. Na periferia de Mossoró (RN), por exemplo, a mesa tem sido incentivo para as crianças frequentarem as aulas, diminuindo a evasão."

Souza salienta que a ferramenta também é muito adequada para crianças com deficiência. "Um criança diagnosticada pelos médicos com 95% de chance de não ser alfabetizada pela alto grau de autismo, foi alfabetizada em seis meses. A escola fez um trabalho específico com essa criança todas as tardes. Após seis meses de uso intensivo, estava alfabetizada. Também melhorou sua interação com outras crianças e agora brincam juntas na PlayTable.

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