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Movidos pela vontade de mudar a realidade

Aceleradora Artemisia aponta tendências de negócios de impacto social

Por Cris Olivette
Atualização:

Criador do Tô Garantido, Felipe Cunha (centro), com líderes comunitários do Jardim Angela Foto: Estadão

Cris Olivette "Com 85% da população formada pelas classes C, D e E , responsáveis por 47% da renda do País, o Brasil é um mercado em franca expansão para negócios de impacto social", afirma o diretor de aceleração da Artemisia, Renato Kiyama.

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A organização sem fins lucrativos atua há dez anos no País disseminando e fomentando negócios de impacto social - aqueles com potencial de resolver problemas que a população de baixa renda enfrenta no dia a dia. A instituição aponta que as principais tendências de negócios estão nas áreas de educação, finanças, habitação e serviços.

Depois de trabalhar no mercado financeiro e ser sócio de uma butique de investimentos, Felipe Cunha idealizou, no final de 2013, a corretora de microsseguros Tô Garantido. A plataforma foi ao ar no final de 2014 e é conectada às principais corretoras do mercado.

Enxergamos que o segmento de seguros tem um potencial gigantesco. A estimativa é de que mais de 100 milhões de pessoas no Brasil nunca tiveram uma apólice de seguros."

Ele acrescenta que nos últimos anos, milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e começaram a comprar bens de maior valor agregado. "Agora, esse público deve começar a se preocupar com a proteção desses bens. Sabemos que qualquer imprevisto, como a morte de um pai de família, ou um incêndio na residência, poderá levá-los a perder tudo o que conquistaram, jogando-os de volta à linha de pobreza. Os microsseguros funcionam como instrumento de proteção social", afirma.

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Segundo Cunha, o ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus diz que nos próximos dez anos o microsseguro será o que o microcrédito foi para a década passada. Na plataforma Tô Garantido, os produtos custam a partir de R$ 14,90. "Recebemos uma comissão sobre as vendas." Segundo ele, o negócio cresce 20% ao mês. "Esse número tende a crescer com o lançamento de todo o portfólio de produtos a partir de julho."

José Aliperti (à direita), com um de seus sócios no Kidu Foto: Estadão

 

Crianças. José Aliperti também migrou do mercado financeiro para i empreendedorismo. "Fundamos o Kidu para mudar a maneira como as crianças aprendem. Trata-se de uma plataforma tecnológica que funciona como rede social de projetos escolares, com diversos que podem ser aplicados em aula ou fora dela."

Entre os projetos propostos estão a realização de um filme, criação de blog de notícias, ou campanha de conscientização. "O aluno tira da plataforma orientações para desenvolver o trabalho offline, e vai compartilhando na plataforma o resultado que está obtendo. Assim, consegue ter ajuda de outros usuários que fazem o mesmo projeto em outros locais. Fazemos curadoria dos trabalhos e damos destaque aos melhores na Wikidu - enciclopédia digital de crianças para crianças."

Aliperti diz que o objetivo é trabalhar a capacidade de superação, desenvolver liderança e melhorar a autoestima. "O impacto social esperado é melhorar a condição de aprendizagem em escolas públicas."

Danielle Brants, idealizadora do Guten Foto: Estadão

 

Lançado há cerca de um ano, o Kidu atende 50 escolas até o momento. "No segundo semestre vamos abrir a plataforma e esperamos fechar o ano com dez mil usuários." Ele conta que a plataforma não é vendida e sua remuneração vem de consultoria que presta às escolas.

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"Larguei tudo para entrar na área de educação. Depois de dez anos, deixei o mercado financeiro e usei todas as minhas economias para criar o Guten, um aplicativo para iPad criado para estimular a leitura", conta Danielle Gobbi Brants.

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Ela optou pela educação por ser uma área que pode transformar a sociedade. "Após conversar com professores, vi que uma área muito carente de recursos tecnológicos é a da leitura."

Danielle diz que apenas um em cada 200 alunos de 15 anos é altamente proficiente em leitura, os demais nunca conseguirão ler um texto em sua complexidade total. "Para inovar a forma como as crianças são inseridas no mundo letrado criamos o Guten News. Ele é usado em sala de aula para leitura conjunta entre professores e alunos. Produzimos notícias em linguagem adaptada para crianças."

Ela explica que o aplicativo não se restringe só à leitura. "Para cada notícia há games com exercícios, que testam o conhecimento do aluno, além de fazer conexão com outras disciplinas." A empresária diz que montou equipe de jornalistas porque os professores prezam a curadoria de pautas e a abordagem correta. "São cinco editorias: mundo, Brasil, comportamento, cultura e bem-estar. Ao completar as atividades o aluno ganha medalhas/pontos referentes as suas habilidades."

O produto é gratuito e está disponível para ser baixado em iPad. "A segunda ferramenta permitirá análise do desempenho dos alunos com base no histórico de navegação de cada um, e será vendida às escolas para que seja possível mapear as dificuldade de leitura de cada criança. "Para gerar um impacto relevante temos de atingir o setor público, que concentra mais de 80% das matrículas. O que deve ocorrer no médio prazo."

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Solução permite operação bancária, via celular, a quem não tem conta

A diretora executiva da Artemisia, Maure Pessanha, conta que todos os anos a aceleradora avalia mais de mil empresas que buscam apoio para crescer.

Diretora executiva da Artemisia, Maure Pessanha Foto: Estadão

"Essa atividade nos permite entender os diversos modelos de negócios, dos mais convencionais aos mais inovadores e promissores. É neste contexto, e na comparação com casos de outros países, que identificamos as tendências. Na prática, vemos que há muitos empreendedores que estão mudando a forma de fazer negócios no Brasil", afirma.

Segundo ela, na área de finanças, por exemplo, há boas oportunidades porque a relação das pessoas com os bancos está mudando. "Os avanços na legislação de pagamentos móveis e de microsseguros impulsionou inovações no setor. Muitas startups estão criando soluções de mobile que garantem operações via celular."

Essa foi a fonte de inspiração para Samar Sleiman, que criou a primeira empresa de tecnologia mobile banking do Brasil voltada para usuários que não têm conta bancária. O OlhaConta permite uma série de serviços financeiros via celular, como transferências de dinheiro, pagamento de contas, compras no varejo e operações de poupança.

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"Pesquisas indicam que 39,5% da população brasileira adulta, ou seja, cerca de 55 milhões de pessoas, não possuem conta bancária. São, em grande parte, pessoas com baixa renda que atuam em empregos informais e têm dificuldade de comprovar renda estável e moradia fixa na hora de abrir uma conta bancária", afirma.

Criadora do OlhaConta, Samar Sleiman Foto: Estadão

 

Samar diz que a tecnologia móvel favorece a inclusão financeira dessa população com baixos custos. "O serviço é feito por meio de SMS e é muito simples de ser usado, mas o modelo depende de um ponto de venda fixo, para que a população possa ser orientada e educada."

O primeiro ponto foi montado em Fortaleza, em janeiro de 2015. Dentro de três meses mais uma unidade será aberta em outra regiã

Samar diz que outra fonte de renda vem de empresas que usam o serviço para debitar salário de empregados sem conta bancária. "Eles pagavam em dinheiro e estão achando ótima a opção do OlhaConta." A ideia é crescer em Fortaleza e depois ir para o Recife, onde ela já tem muitos contatos. No futuro, espera chegar a São Paulo.

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