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Para fazer negócio dar certo, pequenos devem seguir regras básicas

No Dia da Pequena Empresa, empresários contam as dificuldades que superaram para sobreviver no mercado

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Cris Olivette Festejar o Dia da Pequena Empresa, comemorado neste domingo, será mais animado para empresários que não cometeram os três erros mais frequentes. Segundo o consultor do Sebrae-SP, Fabiano Nagamatsu, a falta de planejamento formal, falhas na gestão de pessoas e falta de capital de giro são os vilões mais comuns que rondam os negócios.

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A dona da Papelaria e Atelier de Artes Crayon, Milena Pessoa Pagliacci conta que o negócio está no mercado há 14 anos e sobreviveu a todas essas provações. "No início, meu pai era meu sócio e era aquela bagunça, ninguém fazia fluxo de caixa. Há sete anos, rompemos a sociedade e mudei para um ponto maior, perto de um colégio. Por ter mais espaço, criei um atelier para cursos de arte e uma área para presentes", conta.

O crescimento do negócio, somado a falta de gestão, deu a ela a sensação de perda de controle. "Há quatro anos, procurei ajuda de consultores que abriram meus olhos e apontaram coisas que eu jamais pensaria sozinha."

Ela diz que a primeira dica que colocou em prática foi separar a conta física da jurídica. "Todo mundo se enrola nessa questão, que vira uma bola de neve. Também passei a colocar todos os gastos em uma planilha. Computo desde a gasolina usada para ir comprar mercadoria, até o papel higiênico utilizado na loja."

Milena também começou a controlar os cartões de crédito e débito, usando-os nas melhores datas. "Eu não sabia nem qual área dava mais lucro. Fiquei cinco meses fazendo cálculos e vi que a ala de presentes dava pouco lucro. Reduzi esse espaço, incrementei a papelaria com materiais técnicos de desenho. De 2009 para cá, a loja cresceu 40%", afirma.

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 Foto: Estadão

Quando, aos 21 anos, Felipe Rodrigues e Tiago Brandão fundaram o grupo 360 Mídia, voltado para a produção de mailing e publicidade online, a maior dificuldade foi ter voz ativa perante os funcionários. "Precisávamos de pessoas experientes na área de tecnologia e contratamos um pessoal mais velho. Por sermos muito novos, eles não gostavam de receber nossas ordens ", recorda.

Rodrigues diz que algumas pessoas acabaram se adequando e outras foram substituídas. "Também tínhamos dificuldades para dar feedback à equipe. Esses problemas foram superados com muita conversa. Hoje, todos acreditam no que estamos fazendo", diz.

O jovem conta que precisou contratar uma pessoa para cuidar da área financeira. "Estávamos ficando sobrecarregados e perdendo o controle das contas a receber. Demoramos para achar alguém de confiança. Agora está tudo bem redondinho."

Hoje, os sócios também comandam a Social Clique, plataforma de recomendação usada por quem têm perfil em uma rede social. Após preencher um cadastro, o usuário tem acesso a uma lista com marcas que são clientes da Social Clique.

"Quando alguém recomenda uma delas, a informação segue para a sua lista de amigos. A cada clique dado pelos amigos, quem recomendou ganha um determinado valor, se houver uma venda, a pessoa recebe um porcentual. Alguns usuários chegam a faturar mais de R$ 2 mil por mês", garante.

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 Foto: Estadão

Depois de criar a agência Casa de Marcas, Cacá Cid achou que seria melhor encontrar um sócio para complementar suas competências. "Essa sociedade durou três anos, não deu certo porque não tínhamos objetivos e valores comuns", diz.

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Ele conta que teve grande dificuldade para lidar com questões financeiras e administrativas. "Contratei um consultor que me ajudou a desenvolver esse lado. Hoje, estamos caminhando bem e o desempenho da empresa tem sido excepcional. Todos estão felizes porque dei aumento de salário e de responsabilidade."

No comando de 12 funcionários, Cid diz que ter implantado os departamentos de criação e de planejamento, e ter capacitado uma funcionária para ajudá-lo a cuidar das finanças, contribuiu para impulsionar os negócios. "Acreditei nas pessoas, deleguei e dei oportunidades."

Livro conta como negócio quebrou

O autor do livro "Quebrei - guia politicamente incorreto do empreendedorismo", Leonardo Matos diz que na publicação conta sua trajetória empresarial até o momento em que quebrou e perdeu mais de R$ 1 milhão.

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 Foto: Estadão

 

"Assumo o erro. A culpa foi minha. Na parte dois do livro, avalio o que me levou aos erros e aponto as armadilhas do empreendedorismo, como dívidas, juros, impostos e obrigações trabalhistas. Na terceira e última parte, discuto as ilusões comuns entre os empreendedores."

Matos considera que o erro mais comum é a pessoa não saber qual é a sua verdadeira vocação. "Percebo que as pessoas confundem muito o espírito empreendedor que os brasileiros têm, com a capacidade empreendedora. Outro erro comum é querer fazer a empresa crescer e não estar preparado. Cito esses exemplos porque foram erros que cometi."

Ele conta que ficou muito magoado com a quebra do último negócio, uma confecção, e resolveu pesquisar para saber se só ele era tão ingênuo. "Estou entrevistando pequenos empresários e vejo que muitos têm as mesmas ilusões e caem nas mesmas armadilhas. O propósito do livro é contribuir para que outras pessoas não cheguem ao ponto que cheguei."

Matos diz que, depois de falir, criou a sigla PCV em referência às palavras "papel", "caneta" e "você". O PCV pressupõe um planejamento, com base em uma lista de prioridades, que serve tanto para montar a empresa, fazê-la crescer ou mantê-la.

"Quando minha empresa de confecção começou a ir bem e comecei a ganhar dinheiro, decidi que queria mais e trabalhei para que ela crescesse, só que isso ocorreu sem critério e sem planejamento", ressalta.

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Segundo ele, sua história é a do "avô rico, filho nobre e neto pobre". "Infelizmente sou o neto. Meu pai faleceu e, com 16 anos, herdei um fundo de comércio de um hotel no interior de São Paulo. É um fundo de comércio porque o prédio não é nosso. Até completar 18 anos, cuidei da administração. Mas não queria ser taxado de herdeiro e sempre quis construir algo por mim mesmo."

Foi nesse momento que ele começou sua aventura empreendedora. "Comecei um negócio de compra e venda de carro e me dei mal. Depois, montei uma lavanderia. Após um ano, tinha lucrado apenas R$ 100."

Resumindo, Matos passou duas décadas montando empresas em diversos ramos. "Encerrei meu CNPJ em abril de 2012. De lá para cá, minha mulher, Liana Corsini, assumiu o negócio."

Ele explica que isso foi possível porque, depois do primeiro fracasso, eles mudaram o regime de comunhão de bens para separação total de bens. "Dessa forma, preservamos nosso casamento e o patrimônio dela."

Matos conta que, quando a empresa faliu, ele tinha uma dívida com Liana e o pagamento foi feito com o estoque da confecção. "Ela resolveu assumir o negócio e criou a marca O Bonitão. Hoje, trabalho para ela e cuido das áreas de desenvolvimento e vendas. Liana cuida muito bem da gestão administrativa e financeira."

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Ele afirma ter descoberto que sua vocação é trabalhar com criação e vendas. "Esses são os meus talentos. Hoje, exploro minhas reais qualidades. Mas leio bastante sobre gestão e finanças."

Ele diz que já não é mais tão otimista. "Fui muito sonhador. Hoje, não trabalho com sonho. Tudo o que faço é com base em planejamento e penso mil vezes antes de tomar qualquer decisão."

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