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O blog do Caderno de Oportunidades

'Produtos infantis, negócios de gente grande

Por Edilaine Felix
Atualização:

Mariane buscava brinquedos bacanas para bebês; como não achava, abriu uma importadora Foto: Estadão

Foi durante a gravidez de sua segunda filha que Mariane Tichauer, que estava fazendo plano de negócios para empreender no setor de turismo, que surgiu a ideia de atuar na área de produtos infantis.

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"Eu tinha dificuldade de comprar coisas bacanas para bebês aqui no Brasil. Os brinquedos e produtos tinham padrões preconcebidos para meninas e meninos - rosa e azul, por exemplo. Sem opção, a alternativa era ir para fora do País para fazer o enxoval." Mariane conta que conversando com amigas em uma festa percebeu que elas compartilhavam o mesmo pensamento e que dali poderia nascer uma oportunidade de negócio. Surgiu, então, a ideia da importadora de produtos infantis Itté.

O primeiro produto importado por ela, em 2009, foi um amassador de papinha de uma empresa inglesa. As 600 unidades compradas, com investimento de R$ 60 mil, foram etiquetados e precificados na mesa da sala de casa, conta Mariane.

Com os produtos em mãos, ela foi oferecer para pequenas butiques que conhecia e queriam adquirir produtos novos e diferentes artigos.

A partir de então, fez cursos para entender os trâmites de importação, começou a buscar novos produtos, montou um pequeno escritório, alugou um espaço para guardar o estoque e contratou uma empresa de logística para a distribuição.

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"Comprava apenas produtos que eu usaria nas minhas filhas, eu fazia venda por e-mail e por telefone, visitava clientes, emitia nota fiscal. No começo recebia ¼ de contêiner, passou para meio até o dia que recebi um contêiner inteiro e foi uma grande alegria", lembra.

Hoje, recebe bimestralmente um contêiner com cerca de 15 mil unidades de pratinhos, copos, garrafinhas de inox, squeeze e brinquedos. A empresa está sediada em Valinhos, onde Mariane mora e toca o negócio, com o marido e mais sete funcionários. "Crescemos trabalhando com as pequenas butiques e quando fortificamos a marca chegamos às grandes, como a Fnac. O grande lojista dá volume, mas o pequeno trabalha a marca", diz.

Mesmo diante da crise, ela diz que a empresa cresceu em faturamento em 2015, embora não diga os valores. "Estamos investindo, não paramos de importar e nem de atender ao lojista. A crise vai passar e quando passar estaremos abastecidos para atender o mercado", diz.

Identificação. "É preciso ficar atento ao mercado (de produtos para bebês e crianças) que movimenta R$ 50 bilhões por ano, com ou sem crise e cresce média de 12% e 13%" ao ano, diz o diretor da consultoria para pequenas e médias empresas Prosphera Educação Corporativa, Haroldo Eiji Matsumoto.

Segundo ele, o setor de alimentação orgânica deve crescer cada vez mais. "Pode ser um nicho de mercado muito bom. Há grandes oportunidades nessa área", diz.

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Maria Fernanda. Começou o negócio acreditando no crescimento e na possibilidade de licenciar a marca. Foto: Estadão

A dificuldade de encontrar alimentos orgânicos para preparar a papinha da filha fez Maria Fernanda de Rizzo, de 36 anos, fundar a empresa de alimentação orgânica infantil Empório da Papinha, em 2009. "Quando tive minha filha, hoje com oito anos, queria dar a melhor alimentação para ela. Mas era muito difícil achar todos os ingredientes e ainda tinha de conciliar o meu trabalho com os cuidados com a minha filha. Foi quando eu pensei que poderia ter uma marca de alimentos orgânicos infantil para facilitar a vida das mães", conta.

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Ela conta que depois de ter percebido a oportunidade ficou um ano estudando sobre o assunto e o mercado. "Eu já comecei o meu negócio acreditando no crescimento do Empório da Papinha e na possibilidade de licenciar a marca", diz.

Com investimento inicial de R$ 600 mil em maquinário, loja e cozinha, Maria Fernanda conta que o grande desafio na época foi mostrar às mães os benefícios da alimentação orgânica para a criança. Segundo ela, hoje já é mais fácil, porque as pessoas conhecem as vantagens desses produtos, embora ainda precise "educar" muitas clientes.

Em 2015, a marca faturou R$ 3,8 milhões e a expectativa é de fechar 2016 com um crescimento de 60%. Hoje os produtos Empório da Papinha são vendidos no varejo e também para empresas. O consumidor também tem acesso aos alimentos em pontos de vendas de parceiros. "Nossa estratégia é oferecer um produto de qualidade com todas as certificações necessárias, como o registro na Anvisa e o selo de orgânico do IBD Certificações (responsável pela certificação de produtos orgânicos).

Necessidade. A Alergoshop também surgiu da necessidade de uma mãe. No caso, de tratar a alergia da filha. "Começamos por causa da alergia da minha sobrinha, filha da minha sócia. Na época, ela tinha quatro anos e era muito alérgica", conta Julinha Lazaretti, sócia- diretora da Alergoshop.

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Julinha. "Nosso negócio não tem sazonalidade, ele tem um crescimento orgânico" Foto: Estadão

Segundo ela, no início o compromisso era fazer produtos hipoalergênicos, mas foram percebendo que não era suficiente, pois muitas outras substâncias podiam desencadear alergias, mesmo nos produtos hipoalergênicos.

"Depois de pesquisar, encontraram 105 substâncias que não utilizamos nos produtos, que são comercializados em lojas físicas (14 franquias), e-commerce, e distribuídos para farmácias e lojas especializadas."

No varejo, tanto em lojas próprias quanto em franquias, a marca cresceu cerca de 73,80% no faturamento no ano passado, de acordo com Julinha. No e-commerce, o aumento foi de 58%, enquanto as franquias cresceram 70% em faturamento.

"É um segmento que requer muita habilidade com o público, que no nosso caso são as mulheres. E não é um negócio de sazonalidade, tem crescimento orgânico, consistente", afirma a empresária.

A Alergoshop planeja abrir 15 unidades franqueadas em 2016 e investir no desenvolvimento de produtos para crianças e adolescentes para lançar ainda este ano.

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"É um universo grande e há a concorrência das grandes redes"

Todo empreendedor precisa ter empatia e identificação com o negócio, diz a diretora da consultoria Vecchi Ancona, Inteligência Estratégica, Ana Vecchi. "Tem de conhecer o segmento e o público consumidor para traçar a estratégia de mercado", diz.

Ana observa que antes de investir em produtos infantis é preciso saber com qual faixa etária vai trabalhar. Ela lembra que a indústria do setor é gigantesca, por isso é preciso identificar e especificar o público, o produto a ser comercializado ou serviço prestado, o ponto (se for loja física) e a classe social que quer atingir.

"É fundamental ter um plano de negócio para analisar o mercado, conhecer a oferta e a demanda para saber se produto ou serviço é atrativo. Conheça fornecedores e saiba o valor de investimento a ser feito, tempo para retorno, estoque e qual a estratégia de negócio: loja física, aplicativo, loja virtual."

Para Ana, é preciso ter certeza de onde se quer entrar. "É um universo grande e detalhado que tem a concorrência de grandes redes. Se fizer um estudo é possível se dar bem", analisa.

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Farias. Presentes sem os tradicionais carrinhos e bonecas Foto: Estadão

Presente. Em ano de crise, Decio Farias encontrou uma oportunidade de negócio no segmento de bebês e crianças. Em maio, ele criou a UniqueShop, e-commerce de presentes infantis. "O site vende produtos para quem quer fugir das tradicionais bonecas e carrinhos. Artigos diferentes que estimulem a criança a brincar. Como diz nosso slogan: presentes inteligentes para crianças curiosas."

Segundo ele, a ideia da empresa surgiu não apenas da dificuldade que ele e a mulher tinham de comprar presentes para as filhas, mas também para presentear outras crianças.

Ele conta que na elaboração do plano de negócios optaram pela modalidade de e-commerce. "Foi o jeito mais fácil de atingir o Brasil inteiro e trabalhar com custos reduzidos."

Farias conta que a cada dia ele aprende a usar mais o e-commerce para atender o maior número de pessoas, além de estar sempre atento às novidades e inovações, no Brasil e no exterior, para oferecer produtos criativos e diferentes.

Com foco nas classes A e B, Farias acredita que o segmento de bebês é promissor. "O negócio ainda não teve retorno, mas a estrutura está em expansão e espero ter retorno do investimento em dois anos."

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