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Setor de educação cresce em meio à crise

Faturamento das franquias da área, que inclui treinamento, crescem 15% no 3º trimestre ante 8,2% alcançado por todo o setor de franchising

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Por Cris Olivette
Atualização:

Carlos Diego Oliveira, da Evolute Cursos Profissionalizantes Foto: Estadão

Com foco nas classes D e E, a franqueadora Evolute Cursos Profissionalizantes está em atividade desde 2011. Segundo o diretor de franquias, Carlos Diego Oliveira, o negócio vai fechar 2015 com crescimento de 18%. "Neste ano, já inauguramos 17 unidades e outras cinco devem começar a operar até o final do ano. Temos franqueados em 18 Estados, com 129 unidades que atendem 20 mil alunos."

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A Evolute oferece 70 cursos, sendo que o de informática é o mais procurado, seguido pelo de administração. "As aulas de desenvolvedor de jogos também tem atraído muitos jovens", diz. De acordo com o executivo, o bom desempenho de redes de educação como a sua tem "completa relação" com a elevação da taxa de desemprego. "Quem perde o emprego precisa se preparar para se recolocar no mercado. Por outro lado, boa parcela se qualifica para se manter no emprego", afirma.

Dados da pesquisa trimestral de desempenho da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram o bom momento vivido por esse segmento, que registrou crescimento de 15% de faturamento no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, tomando-se a mesma base de comparação, o setor de franquias em geral teve aumento de 8,2% no seu faturamento, atingindo R$ 35,5 bilhões.

"Acredito que esse desempenho do segmento de educação e treinamento sofreu influência da busca por qualificação para enfrentar o mercado de trabalho mais retraído", diz o diretor de Inteligência de Mercado da ABF, Claudio Tieghi.

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Wilson Giustino, do Cebrac Foto: Estadão

 

O fundador da rede de cursos e treinamentos Cebrac , Wilson Giustino, diz que neste ano a procura por cursos teve alta de 5%. "É uma prova de que as pessoas estão buscando qualificação profissional." A empresa oferece 40 cursos, tem 155 unidades e fechou 2014 faturando R$ 164 milhões, com crescimento de 15%, mesmo porcentual que prevê para 2015.

André Luiz Ribeiro Marques, fundador da rede cursos profissionalizantes Capacita Mais, conta que criou o negócio em 2012 e a franqueadora no ano seguinte. "Estamos tendo uma grande oportunidade neste momento de crise. Só em setembro, foram fechadas 95 mil vagas de trabalho formal e o consolidado dos últimos 12 meses é de 1,2 milhão de vagas. Para que as pessoas demitidas voltem ao mercado, elas têm de se reciclar ou buscar nova capacitação para ocupar outra colocação", diz.

Segundo ele, neste cenário, o mercado de educação se torna muito promissor. "Este ano está sendo muito bom, abrimos quatro escolas e chegamos a dois novos Estados - Goiás e Rio Grande do Sul. Para 2016, já temos negócios fechados em Minas Gerais e uma nova unidade em Goiânia", afirma.

André Luiz Marques, da Capacita Mais Foto: Estadão

 

Marques diz que a Capacita Mais oferece cursos interativos, tradicionais e EAD. "Até o momento estamos com 11 unidades instaladas em quatro Estados, nas quais atendemos 1,5 mil alunos", diz. O diretor de expansão da Pop Idiomas, Luis Zemlenoi, conta que a marca chegou ao mercado em 2008 e virou franqueadora em 2011. "Hoje, estamos presentes em 18 Estados, temos 124 unidades franqueadas e 15 próprias", afirma.

Ele acredita que o bom desempenho se deve ao próprio mercado e também ao fato de a marca ter várias unidades próprias. "Temos um conceito muito interessante de treinamento e suporte ao franqueado, porque sabemos o que acontece por trás do balcão. Isso nos dá credibilidade e passa segurança aos franqueados", afirma.

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O empresário diz que em 2014 a rede inaugurou 18 unidades e aumentou em 20% o faturamento. "Neste ano, até o momento, inauguramos 17 unidades e mais cinco entrarão em atividade até o final do ano. Vamos manter os 20% de crescimento. Para 2016, nossa intenção é crescermos 30%."

Luis Zemlenoi, da Pop Idiomas Foto: Estadão

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Segundo Zemlenoi, o desempenho de 2016 será consequência de nova estratégia de expansão. "Primeiro, implantamos unidades nas capitais, agora, estamos indo para o interior. Nosso modelo também atende microfranquias, o que permite a abertura de unidades em cidades com até 12 mil habitantes, como a que temos em Doverlândia (GO)."

A pesquisa da ABF também mostra que entre janeiro e setembro de 2015, o faturamento de todo o setor de franquias cresceu 10,1% em relação a igual período de 2014, chegando a R$ 99,8 bilhões. Ainda segundo o levantamento, o número de unidades franqueadas aumentou 2% de julho a setembro, totalizando 133.897 operações ativas.

Marcas revisam currículos e lançam novos cursos de especialização

O diretor de inteligência de mercado da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Carlos Tieghi, relaciona o bom desempenho das redes de educação e treinamento com a promessa de grande demanda por cursos que antecedeu a realização da Copa do Mundo no País.

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"As marcas se prepararam para isso, desenvolveram programas específicos e cursos de curta duração. Penso que a demanda não foi proporcional ao que foi feito, mas isso trouxe um ganho para o mercado. As redes criaram produtos mais atrativos, focados na capacitação breve em serviços de hotelaria, informática, línguas etc."

Tieghi diz que o aumento da criação de cursos universitários de dois anos, os tecnológicos afetou as redes de educação. "A democratização da universidade com a criação de cursos mais modulares, provocou o segmento de educação, porque o aluno podia comparar as duas opções e concluir que seria melhor fazer uma faculdade."

Cláudio Tieghi, Foto: Estadão

Em reação a esse quadro, ele diz que a área de cursos voltados à profissões, principalmente, reviram os currículos e desenvolveram programas de especialização mais curtos. "Por exemplo, no lugar fazer um curso de pacote Office, o aluno já pode estudar estruturação e desenvolvimento de games, ou web designer. Assim, os alunos podem trabalhar com um ferramental mais específico. Claro que tudo isso se potencializa agora com a questão da economia em recessão e a necessidade de se preservar os empregos, ou de buscar outras alternativas profissionais", diz.

Segundo ele, o crescimento atual resulta da soma desses fatores. "Este é um segmento bastante estruturado e experiente do franchising brasileiro." Ele salienta, no entanto, que essa gama de serviços de formação deve estar atrelada ao ensino à distância (EAD).

O diretor da ABF diz que o EAD é um segmento crescente e que as redes devem oferecer, pelo menos, um programa misto com aulas presenciais e virtuais. "O modelo mais tradicional, que leva o aluno à sala de aula permanece. Essa experiência de aprendizagem é super importante, porque permite troca de conhecimento, relacionamento e interação. Mas o virtual precisa estar presente para atender as demandas das grandes cidades, nas quais as pessoas têm falta de tempo e dificuldade de deslocamento. Além de atender o interior do Brasil, onde muitas vezes as marcas não chegam."

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Tieghi conta que, juntamente com a pesquisa trimestral de desempenho a ABF, realizou uma correlação entre os dados trimestrais e o Projeto Franquias Brasil, feito em parceria com o Sebrae para levar treinamentos presenciais a 120 cidades, de 19 Estados.

Segundo ele, o objetivo foi capturar um indicador de interesse de potenciais empreendedores. "No terceiro trimestre de 2015, o Sudeste foi a região com maior número de interessados (32%) em se tornar franqueador. Já o Nordeste, tem o maior números de interessados em ser franqueado (44%)."

 

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