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CNI vê deterioração maior da economia e espera retração de 1,6% do PIB

Para a Confederação, cenário do primeiro semestre foi mais grave do que o esperado e reversão só deve começar a ser vista em 2016

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Por Célia Froufe
Atualização:

BRASÍLIA - O gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, avaliou nesta quinta-feira, 9, que houve um aprofundamento do quadro negativo da economia brasileira no primeiro semestre. "A deterioração foi mais intensa nos primeiros seis meses do que esperávamos no início do ano", considerou. 

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Com isso, de acordo com ele, a expectativa de que recuperação da atividade ocorra na segunda metade deste ano agora fica afastada e a nova projeção é a de que a reversão só deve começar a ser vista em 2016. "O fundo do poço deve ser alcançado em algum momento do segundo semestre", previu.

A CNI projeta uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 1,6% neste ano. Na sondagem anterior do Informe Conjuntural da CNI, a previsão era de queda de 1,2%. A estimativa para o PIB industrial é de um recuo ainda mais forte, de 3,8% ante 3,4% do levantamento passado.

Entre os motivos citados por Castelo Branco para o agravamento da economia na primeira metade deste ano estão a inflação, que acumula alta de cerca 9% em 12 meses, a explicitação de um quadro fiscal mais grave do que se imaginava, a deterioração das expectativas, o acirramento da política monetária e um quadro mais negativo do ponto de vista da atividade. "A meta de inflação não vai ser cumprida, sequer no seu teto (6,5%), e isso só reforça o caráter restritivo da política monetária."

CNI estiva retraçãode 3,8% doPIB industrial em 2015 Foto: Clayton de Souza/Estadão

Em julho, conforme o economista, o IPCA acumulado em 12 meses deve romper os 9%. O mercado de trabalho, segundo ele, também vai sofrer os impactos negativos desse novo quadro. "O reequilíbrio das contas publicas é pedra angular da reversão do processo", enfatizou.

Para o porta-voz da CNI, por esse cenário atual são importantes medidas para estimular a pró-competitividade. Entre as saídas para crise mencionada pelo economista estão a exportação com novo patamar de câmbio, a melhora do mercado americano e oportunidades em infraestrutura. Até porque, de acordo com ele, se o empresário está com baixa confiança, não tem predisposição para investir.

A confederação prevê também uma retração de 7,7% nos investimentos. Em março, a expectativa para a formação bruta de capital fixo em 2015 estava em queda de 6,2%.A inflação acumulada para 2015, na previsão da CNI, deve ficar em 9,1%, mais alta do que a previsão para o ano feita em março, quando se esperava uma elevação de 8,1% dos preços. 

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A CNI também revisou sua estimativa para o resultado da balança comercial, que deve ficar positivo em US$ 5 bilhões, e não mais em US$ 1 bilhão, como projetava três meses atrás. A entidade espera ainda uma taxa média de câmbio para o ano com o dólar patamar de R$ 3,25(a última projeção era de cotação em R$ 3,10). 

Com relação à taxa nominal de juros, é esperado um índice de 14,25% no final do ano, ou uma média de 13,47% ao longo de 2015. Na sondagem anterior, essas previsões eram de, respectivamente, 13,50% e 13,12%. 

Superávit. A CNI acendeu a luz amarela em relação à capacidade do governo de fazer economia para pagar os juros da dívida. "O cumprimento da meta de superávit primário torna-se improvável", escreveram os analistas econômicos da instituição no Informe Conjuntural. 

Para os especialistas, as medidas do ajuste fiscal têm seus efeitos reduzidos pelo Congresso Nacional, enquanto uma forte queda da atividade econômica impacta a arrecadação.

A meta atual do governo é fazer uma economia de R$ 66,3 bilhões este ano. O Congresso, no entanto, já se mobiliza para alterar esse valor, que representaria cerca de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Agora, já se fala de um superávit equivalente a 0,4% do PIB. 

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