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A Avianca enfrenta turbulências

Companhia aérea colombiana sofre com uma greve de pilotos e uma disputa entre seus proprietários

Por The Economist
Atualização:

Hernán Rincón tem planos ambiciosos para a Avianca. O executivo comanda a companhia aérea colombiana depois de ter deixado a direção da unidade de negócios corporativos da Microsoft na América Latina. Agora quer transformar a segunda companhia aérea mais antiga do mundo numa “empresa digital que opere aviões” – usando tecnologia para melhorar a experiência dos passageiros e tornar as operações mais eficientes – e rivalize com a chilena Latam, líder regional do setor. Também espera fechar em breve uma parceria estratégica com a United Airlines, quarta maior aérea americana em número de passageiros.

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O problema é que o avanço em direção a esses objetivos entrou em compasso de espera. Uma greve de pilotos, que reivindicam melhores salários e estão parados há mais de um mês, já afetou os voos de 375 mil passageiros.

Para complicar ainda mais a vida de Rincón, está em curso uma disputa judicial entre dois acionistas da Avianca: o empresário boliviano Germán Efromovich e o magnata salvadorenho Roberto Kriete, que havia tempos divergiam sobre como conduzir a companhia.

Painel em aeroporto de Bogotá informa cancelamento de voos da Avianca Foto: Nacho Doce/Reuters

As coisas azedaram de vez em janeiro, quando Efromovich anunciou a parceria com a United. Kriete entrou com uma ação na Justiça de Nova York contra as duas aéreas, Efromovich, seu irmão José, e a Synergy (empresa por meio da qual os bolivianos controlam a Avianca). O salvadorenho diz que o negócio viola deveres fiduciários e um acordo de acionistas, tendo como verdadeiro objetivo socorrer outros negócios de Efromovich.

Brasil. Segundo a ação judicial, Efromovich teria tomado recursos de um fundo de hedge para auxiliar empresas suas que foram afetadas pela recessão no Brasil. O empréstimo seria garantido por ações da Avianca (o boliviano detém 78% das ações com direito a voto).

Kriete diz que isso motivou uma série de excessos: a companhia teria encomendado 100 aviões à Airbus, o dobro de suas necessidades, para livrar Efromovich de outras obrigações com a fabricante de aviões; duas aéreas menores do empresário boliviano teriam passado a usar a marca da Avianca sem autorização; e o Conselho de Administração da Avianca teria aprovado um empréstimo à Synergy, que em três ocasiões já deu o calote em seus credores.

A Avianca, por sua vez, entrou com uma ação contra Kriete, acusando-o de divulgar segredos da empresa e tentar estragar o negócio com a United, o que levaria à venda da aérea ou obrigaria a Synergy a se desfazer de sua participação. (O acordo de acionistas permite que Kriete venda sua participação com ágio, mas o salvadorenho se recusa a fazer isso, alegando que as ações da Avianca encontram-se depreciadas.)

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Rincón não enxerga “mérito algum” nas alegações de Kriete contra a Avianca. Uma auditoria que se estendeu por vários meses confirmou a United como parceira ideal da aérea colombiana: as rotas das duas empresas no continente americano são complementares e ambas pertencem à Star Alliance. Mas o negócio só poderá ser concluído se a disputa entre os acionistas chegar ao fim. Rincón conta com uma decisão favorável da Justiça no mês que vem. Com um acordo entre os dois empresários brigões ele sabe que não pode contar. / TRADUÇÃO ALEXANDRE HUBNER

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