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A cautela dos aplicadores limita a dívida mobiliária

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Por Redação
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A dívida pública federal diminuiu R$ 48 bilhões em janeiro - de R$ 2,295 trilhões em dezembro foi para R$ 2,247 trilhões, depois da apropriação dos juros, segundo a nota de mercado aberto divulgada pelo Tesouro. Confirmaram-se, assim, as dificuldades para a colocação de papéis, pois as emissões de R$ 52,8 bilhões foram muito inferiores aos resgates de R$ 122,8 bilhões.O governo busca justificar os fatos. "Neste ano, 55% dos vencimentos (da dívida) estão concentrados no primeiro quadrimestre", mas "isso está planejado e o Tesouro se preparou para enfrentar esse crescimento", declarou o coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco Medeiros de Moraes. Mais importante foi a afirmação de que o Tesouro tem "dificuldade zero" para rolar a dívida. Mas, de fato, tem aceitado vender títulos de prazo curto ou corrigidos pela Selic, o que afeta negativamente o perfil da dívida e impede o cumprimento das metas do Plano Anual de Financiamento (PAF). E é provável que o problema persista.A maior dificuldade esteve na renovação dos títulos prefixados: os resgates superaram em R$ 84,4 bilhões as colocações novas. A participação desses papéis na dívida caiu para 39%, abaixo dos quase 41,6% de dezembro e da meta de 40% a 44% do total da dívida. Já o peso dos papéis corrigidos pela Selic, que o Tesouro evita emitir, passou de 18,6% para 19,8%.Com a elevação dos juros, aumentaram em cerca de R$ 25 bilhões as aplicações de investidores estrangeiros, cujo peso na dívida passou de 18,64% para 20,21%, de R$ 406,9 bilhões para R$ 432 bilhões.O perfil da dívida piorou, pois a parcela vencível em até dois anos aumentou de 41,19% para 43,57%. O maior aumento ocorreu no prazo de até 12 meses, de 24,03% para 25,59%. Mas, computada toda a dívida, o prazo médio passou de 4,42 anos para 4,59 anos.Em resumo, o Tesouro depende mais de aplicadores de curto prazo, de investidores estrangeiros (ou brasileiros que têm contas no exterior) e dos que acompanham de perto o estado das contas públicas para avaliar se será ou não possível alcançar a meta de um superávit primário de 1,2% do PIB, prometido pela Fazenda. Mas os números de janeiro do governo central permitem apenas constatar que o governo refreia despesas, sem obter mais receita.A administração da economia depende de confiança - e é nessa tarefa que o Tesouro tenta ajudar.

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